QUAS PRIMAS – INSTITUIÇÃO DA FESTA DE JESUS CRISTO REI – DOCUMENTOS DE PIO XI

Postado dia 22/11/2019


I

INTRODUÇÃO

1-Na primeira encíclica, que no início do nosso pontificado, dirigimos a todos os bispos do orbe católico- enquanto procurávamos individuar as causas principais das calamidades pelas quais víamos oprimido e angustiado o gênero humano- proclamamos claramente que esta abundância de males invadiram a terra porque a maioria dos homens tinha-se afastado de Jesus Cristo e de sua lei santíssima, tanto na sua vida e costumes, como na família e no governo do Estado. E também que nunca resplandeceria uma esperança certa de paz verdadeira entre os povos enquanto os homens e as nações negassem e recusassem o império de Nosso Salvador. Portanto, como admoestamos que era necessário procurar a paz de Cristo no reino de Cristo, assim comunicamos que teríamos feito para isso tudo o que nos era possível; no Reino de Cristo – digamos – porque nos parecia que não se possa mais eficazmente tender a restauração do reino de Nosso Senhor. Entretanto não deixou de nos infundir firme esperança de tempos melhores a atitude favorável dos povos para com Cristo e sua igreja, a única que os pode salvar, o movimento pelo qual se podia prever que muitos que tinham desprezado o reino de Cristo e se tinham quase se tornado exilados da casa do Pai, se preparavam e até se apressavam a retomar os caminhos da obediência.

“O ano Santo e o Reino de Cristo”

                2- E tudo o que aconteceu e que se fez, no transcurso deste ano santo, certamente digno de memória perpétua, por acaso não redundou em honra e gloria ao divino Fundador da Igreja, nosso supremo rei e Senhor? Com efeito, a Mostra missionária vaticana quanto não atingiu a mente e o coração dos homens, quer fazendo conhecer o diuturno trabalho da igreja pela maior dilatação do reino do seu Esposo nos continentes e nas ilhas mais longínquas do oceano; quer o grande numero de regiões conquistadas para o catolicismo com o suor e o sangue de missionários fortíssimos e invictos; quer finalmente fazendo conhecer quanto vastas regiões ainda existam a ser submetidas ao império suave e salutar do nosso rei. E aquelas multidões que durante este ano jubilar, vieram de toda parte da terra a cidade santa, sob a guia dos seus bispos e sacerdotes, outra coisa não tinham no coração, purificadas as suas lamas, a não ser proclamar-se junto ao túmulo dos apóstolos, e diante de nós, súditos fiéis de Cristo para o presente e para o futuro? E este Reino de Cristo pareceu como que impregnado de nova luz quando nós, provada a virtude heroica de seis confessores e virgens, elevamo-los as honras dos altares. E qual alegria e qual o conforto experimentamos no ânimo quando, no esplendor da Basílica Vaticana, promulgado o decreto solene, uma multidão sem-número, levantando o cântico de agradecimento exclamou: “Tu és o rei da Gloria, o Cristo!” Com efeito, enquanto os homens e as nações, afastados de Deus, pelo ódio reciproco e pelas discórdias internas caminham para a ruína e a morte, a Igreja de Deus, continuando a oferecer ao gênero humano o alimento da vida espiritual, cria e forma gerações de santos e santas a Jesus Cristo, o qual não cessa de chamar a felicidade do reino celeste aqueles que teve como súditos fiéis e obedientes no reino terreno. Além disso, recorrendo, durante o ano Jubilar, o XVI século da celebração do concílio de Nicéia, quisemos que o acontecimento centenário fosse comemorado, e nós próprios o comemoramos na Basílica Vaticana com tanto mais boa mente enquanto aquele sagrado sínodo definiu e propôs como dogma a consubstancialidade do Unigênito com o Pai  e ao mesmo tempo, inserido no símbolo a fórmula. “E o seu reino não terá fim”, proclamamos a dignidade régia de Cristo.

3- Tendo, portanto, este ano santo concorrido não somente de uma, mas de várias maneiras, para ilustrar o reino de Cristo, parece-nos fazer coisa tanto mais consentânea com o nosso oficio apostólico, se, secundando os pedidos de muitíssimos cardeais, bispos e fiéis, feito a nós, quer individualmente, quer coletivamente, fecharemos este mesmo ano introduzindo na sagrada liturgia uma festa especial a Jesus Cristo Rei. Esse assunto nos oferece tanta alegria que nos leva, veneráveis irmãos, a dizer algo sobre ele; e sobre o culto a Jesus Cristo Rei a inteligência do povo e explicar o seu sentido de forma que desta solenidade anual derivem sempre mais copiosos os frutos.

I- JESUS CRISTO É REI

1-Jesus Cristo rei das mentes, das vontades e dos corações.

4-Desde há muito tempo, foi costume chamar Cristo como o apelativo de Rei por causa do grau sumo de excelência que tem, de maneira supereminente, entre todas as coisas criadas. Com efeito, dessa maneira de diz que ele reina “nas mentes dos homens” não somente pela grandeza de seu pensamento e pela amplidão da sua ciência, mas também porque ele é Verdade; é necessário que os homens hauram e recebam dele, com obediência, a verdade, da mesma forma “nas vontades dos homens”, quer porque nele à santidade da vontade divina correspondem a integridade perfeita e a submissão da vontade humana, quer porque com as suas inspirações influi sobre a nossa vontade livre e a fim de inflamar-nos para as coisas mais nobres. Finalmente, Jesus é reconhecido “rei dos corações” por aquela sua “caridade que ultrapassa todo o entendimento humano” (EF 3,19) e pelos atrativos da sua mansidão e benignidade; com efeito nenhum dos homens foi tão amado, nem nunca será, no porvir, quanto Jesus Cristo. Mas, para entrar no argumento, todos devem reconhecer  que é necessário reivindicar para Cristo-homem, no verdadeiro sentido da palavra, o nome e os poderes de rei; e com efeito somente enquanto é homem é que as pode dizer que tenha recebido do Pai “o poder e a honra e o Reino” ( Dn 7,13.17), porque como verbo de Deus, sendo da mesma substancia do Pai, não pode não ter em comum com o Pai o que é próprio da divindade, e por conseguinte,  ele tem o império sumo e absolutíssimo sobre todas as coisas criadas.

2- A realeza de Cristo nos livros do Antigo Testamento

5- Com efeito, não lemos muitas vezes nas Escrituras Sagradas que o Cristo é rei? Pois ele é chamado Príncipe que deve surgir de Jacó (Nm 24,19) e que pelo Pai é constituído rei sobre o monte santo de Sião, que receberá as gentes em herança e terá em posse os confins da terra (Sl 2). O Salmo nupcial, o qual, com a imagem de um rei riquíssimo e potentíssimo preconiza o futuro rei da Israel, tem estas palavras: “O teu trono, ó Deus, dura para sempre, para a eternidade; centro de retidão é o teu cetro real” (Sl 44). Para omitir muitos outros testemunhos semelhantes, noutro lugar, para iluminar mais claramente os caracteres do Cristo, preanuncia-se que o seu reino não terá confins  e será enriquecido com os dons da justiça e da paz: “Nos seus dias florescerá a justiça e a paz suma. Dominará de um mar ao outro, e do rio até as extremidades da terra” (Sl 71). A este testemunho acrescentam-se, de maneira sempre mais ampla, os oráculos dos profetas e primeiramente aquele conhecidíssimo de Isaías: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome: conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai eterno, príncipe da paz, para que se multipliquem o poder, assegurando o estabelecimento de uma paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, firmando-o e consolidando-o sobre o direito e sobre a justiça. Desde agora e para sempre” (Is 9,6-7). E os outros profetas não divergem em nada da Isaias; assim Jeremias, quando prediz que nascerá da estirpe de Davi o “Redentor justo” o qual como filho de Davi “reinará e agirá com inteligência e exercerá na terra o direito e a justiça (Jr 23,5); assim Daniel, que prenuncia a constituição de um reino por parte do Rei do céu, reino que “não será destruído em eterno… e durará eternamente” (Dn 2,44) e continua: “Eu continuava contemplando, nas minhas visões noturnas, quando notei, vindo sobre as nuvens do céu,  um como filho do homem. Ele adiantou-se até ao Ancião e foi introduzido a sua presença. A ele foi outorgado o império, a honra e o Reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno que jamais passará e seu reino jamais será destruído” (Dn 7,13-14). E os escritores dos santos evangelhos não aceitam e reconhecem como acontecido quando é predito por Zacarias sobre o Rei manso “o qual montado sobre o jumento, sobre um jumentinho, filho da jumenta” (Zc 9,9) estava para entrar em Jerusalém, como justo e salvador entre as aclamações das multidões?

3- Jesus Cristo proclamou-se rei

6- De resto, esta doutrina sobre o Cristo rei, que haurimos sumariamente dos livros do Antigo testamento, não somente não desaparece nas páginas do Novo, mas até é confirmada de maneira esplendida e magnífica. E aqui, acenando somente ao anúncio do arcanjo pelo qual Deus teria dado o trono de Davi, seu Pai, e que teria reinado na casa de Jacó eternamente, e que o seu reino nunca teria fim (Lc 1,32-33), vemos que o próprio Cristo dá testemunho de seu império; com efeito, quer no seu último discurso as multidões, quando fala de prêmios e de penas, destinadas perpetuamente aos justos e aos condenados; e quando responde ao governo romano, que publicamente lhe perguntava se era rei, quer quando, ressuscitado, confiou aos apóstolos o encargo de ensinar e batizar todas as gentes, aproveitando de ocasião oportuna, atribui-se o nome do rei (Mt 25,31-40), e publicamente confirmou ser rei (Jo 18,37) e anunciou solenemente que lhe fora conferido todo poder no céu e na terra (Mt 28,18). Com essas palavras e que se quer significar a não ser a grandeza do poder e a extensão imensa de seu reino? Portanto, não nos pode surpreender se aquele que é chamado por João “Príncipe dos reis da terra” (Ap 1,5), traz como aparece ao apóstolo na visão apocalíptica “escrito sobre a veste e sobre o seu flanco: Rei dos reis e Senhor dos dominantes” (Ap 19,16). Desde que  o Pai eterno “constituiu Cristo herdeiro universal” (Hb 1,1), é necessário que ele reine até que conduza, no fim dos séculos, aos pés do trono de Deus todos os seus inimigos (1 Cor 15,25). Desta doutrina dos livros sagrados veio como consequência que a Igreja, reino de Cristo sobre a terra, destinado naturalmente a estender-se a todos os homens e a todas as nações, saudou e proclamou no ciclo anual da liturgia o seu autor e fundador como Senhor soberano e Rei dos reis, multiplicando as formas de sua veneração afetuosa. Ela usa esses títulos de honra que exprimem, na bela variedade de palavras, o mesmo conceito; como já os usou na antiga salmodia e nos antigos sacramentários, assim usa-os, hoje na celebração publica e na imolação da Vítima imaculada. Neste louvor perene a Cristo rei, descobre-se facilmente a bela harmonia entre o nosso rito e o oriental de maneira tal que torna manifesto, também neste caso, que “as normas da oração estabelecem os princípios da fé”.

4- Jesus Cristo é rei por direito de natureza de conquista

7- Muito a propósito, Cirilo de Alexandria, ao mostrar o fundamento desta dignidade e deste poder, adverte que “Ele obtém, para dizer isso com poucas palavras, o poder sobre todas as criaturas, não arrancado com violência, nem  recebido de outros, mas por possuí-lo pela própria natureza e essência”; isto é, o principado de Cristo. Baseia-se naquela união admirável que é chamada união hipostática. Segue dai que Cristo não somente deve ser adorado como Deus pelos anjos e pelos homens, mas também que a ele, como homem, devem estar submetidos a obedecer: isto é, que unicamente pelo fato da união hipostática Cristo recebeu o poder sobre todas as criaturas.

8- Ademais, qual é a coisa mais suave e bela do que pensar que Cristo reina sobre nós não somente por direito de natureza, mas também por direito de conquista, por força da  redenção? Oxalá que todos os homens, muito esquecidos, lembrassem quanto custamos ao nosso Salvador: “Pois sabei que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil,… mas pelo sangue precioso de Cristo, como de cordeiro sem defeitos e sem mácula” (1Pd 1,18-19). Portanto não somos mais nossos, porque Cristo nos resgatou “ao preço mais alto” (1Cor 6,20); os nossos próprios corpos “são membros de Cristo” (1Cor 6,15).

II- NATUREZA DO REIONO DE CRISTO

Natureza e valor do reino de Cristo

9- Querendo  agora exprimir a natureza e o valor deste principado, delineamos brevemente que ele consta de tríplice poder. Se ela viesse a faltar, não se teria mais o conceito de um principado verdadeiro e próprio. Os testemunhos tirados das Sagradas Escrituras a respeito do império universal do nosso Redentor provam mais do que suficientemente o que dissemos, e é dogma de fé em que Jesus Cristo foi dado aos homens como o Redentor no qual devem pôr a sua confiança, e ao mesmo tempo como legislador ao qual devem obedecer. Os santos evangelhos não somente narram como Jesus promulgou leis, mais apresentam-no também no próprio ato de legislar; e o divino Mestre afirma, em várias circunstâncias e com expressões diversas, que todo aquele que observas seus mandamentos dará prova de amá-lo e permanecerá na sua caridade (Jo 14,15;15,10). O próprio Jesus, diante dos judeus, que o acusavam de ter violado o sábado ao dar a saúde ao paralítico, afirma que a ele foi atribuído pelo Pai o poder judiciário: “Porque o Pai a ninguém julga, mas confiou ao Filho todo julgamento” (Jo 14,15-22). Nisto esta compreendido também o direito de premiar e punir os homens, também durante a vida deles, porque isto não se pode separar de uma forma própria de juízo. Além disso, o poder executivo deve ser atribuído da mesma forma a Jesus Cristo, porque é necessário que todos obedeçam as suas ordens, e ninguém se pode subtrair as sanções por ele estabelecidas.

2- Reino principalmente espiritual

10- Sem dúvida, os textos que acabamos de citar da Sagrada Escritura demonstram evidentemente, e o próprio Cristo o confirma com sua maneira de agir, que este reino é principalmente espiritual e se refere as coisas espirituais. Com efeito, em várias ocasiões, quando os Judeus e até os apóstolos, imaginaram erroneamente que o Messias devolveria a liberdade ao povo e restabeleceria o reino de Israel, ele procurou tirar e abater esta imaginação vazia a esta esperança. E assim também, quando ia ser proclamado Rei pela multidão, a qual tomada de admiração, o circundava, ele recusou esse título e essa honra fugindo e escondendo-se na solidão. Finalmente, na presença do governador romano, manifestou que “o seu reino não era deste mundo”. Este reino é apresentado nos evangelhos com caracteres tais, que os homens, para entrar nele, devem preparar-se fazendo penitência e não podem entrar a não ser pela fé e o batismo, o qual, mesmo sendo um rito externo, significa e produz a regeneração interior. Este reino se opõe unicamente ao reino de Satanás e ao poder das trevas; e exige dos seus súditos não somente um ânimo desapegado das coisas e das riquezas terrenas, que cultivem costumes ordenados e tenham fome sede de justiça, mas também que se neguem a si mesmos e tomem a sua cruz. Tendo Cristo, como Redentor, resgatando a igreja com o seu sangue e oferecendo-se a si mesmo, como sacerdote e como vitima, pelos pecados do mundo, oferecimento que se renova perpetuamente em cada dia, quem não vê que a dignidade real do Salvador se reveste e participa da natureza espiritual de ambos os ofícios?

                3- Reino universal e social

                11- Por outro lado, erraria gravemente aquele que negasse a Cristo-homem o poder sobre todas as coisas humanas e temporais, posto que o Pai lhe conferiu um direito absoluto sobre as coisas criadas, de forma tal que todas estão submetidas a sua vontade. Não obstante isso, enquanto viveu na terra absteve-se inteiramente de exercitar este poder, e assim como então desprezou a posse e o cuidado das coisas humanas, assim também permitiu, e continua permitindo, que os possuidores se utilizem delas. Acerca disso, bem se adaptam essas palavras: “Não tira o reino terreno aquele que dá o reino eterno dos céus”. Portanto, o domínio do nosso Redentor abrange todos os homens, como afirmam estas palavras do nosso predecessor, de imortal memória, Leão XIII, que aqui nós fazemos nossas: “O reino de Cristo não se estende somente aos povos católicos, ou aqueles que, regenerados na fonte batismal, pertencem, por direito, a igreja, ainda que opiniões erradas os afastem ou a divergência os divida da caridade; mas abrange também todos aqueles que não possuem a fé cristã, de forma que todo o gênero humano está sob o poder de Jesus Cristo”. Não há diferença entre indivíduos e sociedade doméstica e civil, pois os homens, unidos em sociedade, não estão menos sob o poder de Cristo do que o estejam os homens particulares. Somente ele é a fonte da salvação privada e pública: “Não há salvação de nenhum outro, nem sob o céu foi dado outro nome aos homens, pelos quais possamos ser salvos” (At 4,12). Somente ele é o autor da prosperidade e da verdadeira felicidade, quer para cada cidadão, quer para os Estados: “Pois o bem-estar da sociedade não tem origem diferente daquela do homem, enquanto a sociedade outra coisa não é senão a concórdia entre multidão de homens”. Não recusem, portanto, os chefes das nações prestar testemunho publico de reverência e de obediência ao império de Cristo junto com seus povos, se quiserem, com a incolumidade do seu poder, o incremento e o progresso da pátria. Com efeito, são bem adaptadas e oportunas no momento atual aquelas palavras que no início do nosso pontificado escrevemos sobre a falência do principio de autoridade e do respeito ao poder publico: “Com efeito, assim nos queixávamos afastando Jesus Cristo das leis e da sociedade, a autoridade aparece sem dúvida como derivada não de Deus mas dos homens, de forma que também o fundamento dela cambaleia: afastada a causa primeira, não há motivo pelo qual um deva mandar e o outro obedecer. Disso é que derivou uma perturbação geral da sociedade, a qual já não se apoia sobre seus eixos cardeais naturais”.

                4- Reino benéfico

                12- Porém, se os homens, pública e privadamente, reconhecem o poder soberano de Cristo, necessariamente virão benefícios incríveis a inteira sociedade humana, como liberdade justa, tranquilidade e disciplina, paz e concórdia. A dignidade régia de nosso Senhor, como de alguma maneira torna sagrada a autoridade humana dos príncipes e dos chefes de Estado, assim enobrece os deveres dos cidadãos e a sua obediência. Neste sentido o apóstolo Paulo, inculcando as esposas e aos servos respeitar Jesus Cristo no seu respectivo marido e senhor, admoestava claramente que não deviam obedecer a eles como homens, mas como representantes de Cristo, porque não seria conveniente que homens, redimidos por Cristo, servissem a outros homens: “Fostes comprador a caro preço; não vos torneis servos dos homens” (1 Cor 7,23). E se os príncipes e magistrados legítimos estiverem convencidos de mandar não tanto por direito próprio quanto por mandato do Rei divino, entende-se facilmente qual o uso santo e sapiente farão da sua autoridade, e qual o interesse do bem comum e da dignidade dos súditos usarão ao fazer as leis e ao exigir a execução delas. Dessa forma, tirada toda a causa de sedição, florescerão e consolidar-se-ão a ordem e a tranquilidade ainda que o cidadão possa ter nos príncipes e nos chefes de Estado homens semelhantes a ele, ou por algum motivo indignos e vituperáveis, não se subtrairá, contudo da sua autoridade quando reconhece neles a imagem e a autoridade de Cristo, Deus e homem. Por aquilo que se refere à concórdia e à paz, é manifesto que quanto mais vasto é o reino e mais largamente abrange a gênero humano, tanto mais os homens se tornam conscientes daquele vínculo de irmandade que os une. Essa consciência como afasta e dissipa os conflitos frequentes, assim alivia e diminui as amarguras. E se o reino de Cristo, como de direito, abraça todos os homens, assim de fato verdadeiramente os abrace, porque deveríamos desesperar daquela paz que o rei pacífico trouxe a terra, aquele rei – digamos – que veio “para reconciliar todas as coisas”, que “não veio para ser servido, mas para servir os outros” e que, mesmo sendo o Senhor de tordos, tornou-se o exemplo da humildade, e esta virtude principalmente inculcou junto com a caridade; e, além disso, disse: “O meu jugo é suave e meu peso leve”? Ó! Que felicidades poderiam gozar se os indivíduos, as famílias e a sociedade se deixassem governar pelo Cristo! “Então verdadeiramente, para usar as palavras que o nosso predecessor Leão XIII há vinte e cinco anos dirigia a todos os bispos do orbe católico, se poderiam  curar tantas feridas, então todo direito readquirira a força antiga, voltariam os bens da paz, cairiam das mãos as espadas e as armas, quando todos de boa mente aceitassem o império de Cristo, lhe obedecessem, e toda língua proclamasse que “Nosso Senhor Jesus Cristo está na gloria de Deus Pai”.

                III- A FESTA DE CRISTO REI

                1-Finalidade da festa de Cristo Rei

                13- E para que mais abundantes sejam os frutos desejados e durem mais estavelmente na sociedade humana, é necessário que seja difundido, quanto mais for possível o conhecimento da dignidade régia de nosso Senhor. Para isso, parece-nos que nada será mais eficaz do que instituir uma festa particular e própria de Cristo Rei. Com efeito, mais do que os documentos solenes do magistério eclesiástico, têm eficácia na informação do povo e  nas coisas da fé e no levantá-lo as alegrias interiores da vida as festividades anuais dos sagrados mistérios. Os documentos, o mais das vezes, são tomados em consideração por poucos homens eruditos, as festas, porém, comovem e ensinam a todos os fiéis: aqueles só falam uma vez, esses, porém, por assim dizer, todo ano e em  perpétuo; aqueles impressionam, de maneira salutar, sobretudo a mente, estas, porém, não só a mente mas também o coração, enfim todo o homem. Na verdade, sendo o homem composto de alma e de corpo, precisa ser solicitado pelas solenidades exteriores, de forma que pela variedade e beleza dos ritos sagrados, receba no ânimo os ensinamentos divinos e, convertendo-se em substancias e sangue, sirvam-lhes ao progresso de sua vida espiritual.

                14- Por outro lado, os documentos históricos demonstram que essas festividades foram instituídas uma após outra, com o passar dos séculos, conforme o exigiam a necessidade e utilidade do povo cristão, isto é, quando era necessário fortalece-lo contra o perigo comum, ou defende-lo contra os erros insidiosos da heresia, ou animá-lo a celebrar com maior piedade, para que conhecesse e venerasse com maior devoção algum mistério da fé, ou algum beneficio da bondade divina. Assim desde os primeiros séculos da era cristã, sendo os fiéis cruelmente perseguidos, iniciou-se a comemorar os mártires com ritos sagrados, para que, como diz santo Agostinho, “as solenidades dos mártires fossem de exortação para o martírio”. E as honras litúrgicas, que em seguida foram tributadas aos confessores, as virgens e as viúvas, serviram admiravelmente para exercitar nos fiéis o amor as virtudes, necessárias também em tempos de paz. E especialmente as festividades instituídas em honra da beatíssima Virgem fizeram com que o povo cristão não somente venerasse com piedade maior a Mãe de  Deus, sua validíssima protetora, mas se acendesse ainda mais forte o amor para com a Mãe celeste, que o Redentor lhe deixara como que por testamento. Entre os benefícios obtidos pelo culto público e litúrgico para com a Mãe de Deus e os santos o seu, não se deve colocar em último lugar este: que a igreja, em todo o tempo, pode afastar a peste das heresias e dos erros. Nesta ordem de coisas devemos admirar os desígnios da Providência divina, a qual, como costuma tirar o bem do mal, assim permitiu que de vez em quando a fé e a piedade dos fiéis diminuíssem, ou que as teorias falsas insidiassem a verdade católica, com este êxito, porém, que esta resplandecesse depois, como novo esplendor, e aquelas, acordadas do letargo, tendessem para coisas maiores e mais santas. Na verdade as festividades que foram acolhidas no curso do ano litúrgico em tempos a nós próximos, tiveram uma origem igual e produziram frutos idênticos. Assim, quando enfraqueceram  a reverência e o culto para o augusto sacramento, foi instituída a festa do CORPO DE CRISTO ,  e se mandou que fosse celebrada de modo tal que as procissões solenes e as orações a se fazer durante toda a oitava, atraíssem as multidões a venerar publicamente o Senhor, assim a festividade do sagrado Coração de Jesus, foi introduzida quando os ânimos dos homens, enfraquecidos e abatidos pelo frio rigor dos jansenistas, estavam completamente esfriados e afastados do amor de Deus e da esperança da sua eterna salvação.

                2- O “laicismo”

                15- E agora, se mandamos que Cristo rei seja venerado por todos os católicos do mundo, com isso providenciaríamos para as necessidades dos tempos presentes e traríamos um remédio poderosíssimo àquela peta que atinge a sociedade humana. A peste da nossa idade é o assim chamado laicismo, com seus erros e seus ímpios incentivos. E vós sabeis, veneráveis irmãos, que esta impiedade não amadureceu num só dia, mas desde muito tempo se ocultava nas entranhas da sociedade. Com efeito começou-se por negar o império de Cristo sobre todas as gentes; negou-se a Igreja o direito, que deriva do direito de Jesus Cristo, isto é, de ensinar as gentes, de fazer leis, de governar os povos para conduzi-los a felicidade eterna. E aos poucos a religião cristã foi igualada com as outras falsas religiões e rebaixada indecorosamente ao nível destas. Depois foi submetida ao poder civil e foi deixada como que ao arbítrio dos príncipes e dos magistrados. E foi-se ainda mais longe: houve os que pensaram substituir a religião de Cristo com certo sentimento religioso natural. E não faltaram Estados que opinaram poder prescindir de Deus e puseram a sua religião na irreligião e no desprezo do próprio Deus. Os péssimos frutos, que este afastamento de Cristo por parte dos indivíduos e das nações produziu tão frequentemente e por tanto tempo,  nós lamentamos na encíclica  Ubi arcano e ainda hoje lamentamos: as sementes da discórdia espalhadas por todo lugar; atiçados aqueles ódios e aquelas rivalidades entre os povos, que tanto atraso ainda interpõem ao restabelecimento da paz; a intemperança das paixões, que tão frequentemente se escondem sob as aparências do bem público e do amor pátrio; as discórdias civis que derivaram disso, junto com aquele cego e desmedido egoísmo, tão largamente difundido, o qual, tendendo somente ao bem privado e ao próprio cômodo, mede tudo no mesmo pé disso; a paz doméstica profundamente perturbada pelo esquecimento e o descuido dos deveres familiares; infringidas a união e a estabilidade das famílias, e finalmente a própria sociedade sacudida e levada a ruina. Sustenta-nos, contudo, a boa esperança que a festa anual  de Cristo rei, que se celebrará em seguida, impulsione felizmente a sociedade, como está no desejo de todos, a voltar  para o nosso Salvador amantíssimo. Acelerar e apressar esta volta com a ação e a obra deles seria dever dos católicos, dos quais na verdade, muitos parecem não ter na convivência civil nem aquele lugar nem aquela autoridade que convêm aqueles que levam diante de si a chama da verdade. Esse estado de coisas talvez deva ser atribuído a apatia ou timidez dos bons, os quais se abstêm da luta ou resistem fracamente. Disso os inimigos da igreja tiram maior temeridade ou audácia. Mas se os fiéis entendem que devem militar com coragem e sempre sob as insígnias de Cristo rei, se esforçarão com ardor apostólico por reconduzir a Deus os rebeldes e os ignorantes, e por manterem inviolados os direitos os direitos do próprio Deus.

                16- E para condenar e remediar a estas públicas defecções, que o laicismo gerou com tanto dano para a sociedade, não parece que deve ajudar grandemente a celebração anual da festa de Cristo rei entre todas as gentes? Na verdade: quanto mais se passa com silêncio indigno o nome suavíssimo do nosso Redentor, nas reuniões internacionais e nos parlamentos, tanto mais alto se deve gritar e com maior publicidade se devem afirmar os direitos da sua dignidade real e seu poder.

                3- A preparação histórica da festa de Cristo rei

                17- Quem não vê que já desde o fim do século passado preparava-se maravilhosamente o caminho para a instituição desta festividade? Ninguém ignora como, com livros divulgados na varias línguas de todo o mundo, este culto foi sustentado e sapientemente defendido; assim como o principado e o reino de Cristo foram conhecidos com a pratica piedosa de dedicar e consagrar todas as famílias ao Coração sacratíssimo de Jesus. E não somente as famílias foram consagradas, mas também reinos e nações; e até, por vontade de Leão XIII, todo o gênero humano, durante o ano de 1900, foi felizmente consagrado ao Coração divino. Nem se  deve calar que para confirmar solenemente este poder real de Cristo sobre o consórcio humano, muito maravilhosamente ajudaram os numerosíssimos congressos eucarísticos que se costumam celebrar nos nossos tempos. Eles, convocando os fiéis de cada uma das dioceses, das religiões, das nações e também de todo orbe católico, a venerar e adorar Jesus Cristo rei escondido sob os véus eucarísticos, tendem, mediante discurso nas assembleias e nas igrejas, mediante as exposições públicas do santíssimo sacramento, mediante maravilhosas procissões, a aclamar a Cristo como rei dado pelo céu. Justamente se poderia dizer que o povo cristão, movido por inspiração divina, tirando do silêncio do escondimento dos templos sagrados e levando pelos caminhos públicos como triunfador aquele mesmo Jesus que, vindo ao mundo, os ímpios não quiseram reconhecer, o queria restabelecer nos seus direitos régios.

                18- O ano santo que está para acabar nos dá uma ocasião propícia para atuar o nosso projeto acima lembrado, pois o Deus bendito, tendo levantado a mente e o coração dos fiéis para a consideração dos bens celestes que superam todo gáudio, ou os restabeleceu na graça ao os confirmou no reto caminho e os endereçou, com novas incitações, ao conseguimento da perfeição. Por isso, quer consideremos os numerosos pedidos a nós dirigidos, quer consideremos os acontecimentos deste ano santo, encontramos argumentos para pensar que finalmente chegou o dia desejado por todos, no qual possamos anunciar que se deve honrar com uma festa especial Cristo como rei de todo gênero humano. Com efeito, neste ano, como dissemos desde o princípio, aquele rei divino “verdadeiramente admirável nos seus santos foi magnificado de maneira gloriosa” com a glorificação de um novo grupo de seus fiéis elevados as honras celestes; igualmente neste ano por meio da exposição missionária, todos admiraram os triunfos que ganharam para Cristo pelo zelo dos operários evangélicos para estender o seu reino; e por fim neste mesmo ano, como recorresse o centenário do concílio de Nicéia, comemoramos a defesa e a definição do dogma da consubstancialidade do verbo encarnado com o Pai, sobre o qual se baseia o império soberano do mesmo Cristo sobre todos povos.

                4- A instituição da festa de Cristo rei

                19- Por isso , com a nossa autoridade apostólica instituímos a festa de nosso Senhor Jesus Cristo rei, estabelecendo que seja celebrada em todas as partes da terra, no ultimo domingo de outubro, isto é, no domingo que precede a festa de todos os santos. E também mandamos que neste mesmo dia, cada ano, se renove a consagração de todo gênero humano ao Coração santíssimo de Jesus, que o nosso predecessor, de santa memória, Pio X tinha mandado repetir todos os anos. Porém, neste ano, queremos que seja renovada no dia 31 deste mês, no qual nós mesmos teremos um solene pontifical em honra de Cristo rei e mandaremos que esta consagração seja feita na nossa presença. Parece-nos que não podemos melhor  e mais oportunamente fechar e coroar o ano santo, nem dar mais amplo testemunho da nossa gratidão a Cristo, rei imortal dos séculos, e daquela de todos os católicos para os benefícios feitos a nós, a igreja e a todo o orbe católico durante este ano santo.

                20- E não é necessário, veneráveis irmãos, expor demoradamente os motivos pelos quais instituímos a solenidade de Cristo rei, distinta das outras festas, nas quais pareceria já vislumbrada e implicitamente solenizada esta mesma dignidade real. Com efeito basta prestar atenção que enquanto o objeto material das festas atuais de nosso Senhor é o próprio Cristo, o abjeto formal porém, nelas se distingue perfeitamente pelo nome do poder real de Cristo. E também um motivo pelo qual quisemos estabelecer esta festa num dia de domingo é porque não somente o clero com a celebração da missa e a recitação do oficio divino, mas também o povo, livre das ocupações normais, prestasse a Cristo exímio testemunho da sua obediência e da sua devoção. Ainda, pareceu-nos mais digna de qualquer outra oportunidade, para esta celebração, o ultimo último domingo do mês de outubro, no qual quase se fecha o ano litúrgico, , com efeito acontecerá assim que os mistérios da vida de Jesus Cristo, comemorados no curso do ano, acabem e como que recebam a coroação por esta solenidade de Cristo rei; e antes eu se celebre a gloria de todos os santos, celebre-se e exalte-se a gloria daquele que triunfa em todos os santos e em todos os eleito. Por isso seja esse o vosso oficio, veneráveis irmãos, esta a vossa tarefa, fazer com que a celebração anual desta festa precedida, em dias estabelecidos, em cada paróquia, por um curso de pregação, de forma que os fiéis, instruídos sobre a natureza, o sentido e a importância desta festa, iniciem tal teor de vida que seja verdadeiramente digno daqueles que querem ser súditos amantes e fiéis do rei divino.

                5- As  vantagens da festa de Cristo rei

                21- Antes de terminar esta carta, queremos, veneráveis irmãos, indicar brevemente as vantagens que a igreja, a sociedade civil e cada um dos fiéis esperam que derivem deste culto público para Cristo rei.

                Ao tributar estas honras a dignidade real do nosso Senhor, todos lembrarão necessariamente que a igreja, tendo sido estabelecida por Cristo como sociedade perfeita, exige, por direito próprio ao qual não pode renunciar liberdade plena e independência do poder civil, e que ela, no exercício do seu ministério divino de ensinar, de reger e conduzir a felicidade eterna todos aqueles que pertencem ao reino de Cristo, não pode depender do arbítrio alheio. E mais, a sociedade civil deve conceder liberdade semelhante aquelas ordens e sodalícios religiosos de ambos os sexos, os quais, sendo validíssimo auxiliares da igreja e dos seus pastores, cooperam grandemente na extensão, no incremento do Reino de Cristo, quer porque com a profissão dos três votos combatem a tríplice concupiscência do mundo, quer porque com a prática de uma vida de perfeição maior fazem com que aquela santidade, que o fundador divino quis que fosse umas das notas da igreja verdadeira, resplandeça cada dia sempre mais diante dos olhos de todos.

                22- A celebração desta festa, que se renova todos os anos, será também uma admoestação para as nações que o dever de venerar publicamente Cristo e de lhe obedecer diz respeito não somente aos particulares, mas também aos magistrados e governantes: lembrar-lhes-á o juízo final, no qual Cristo, afastado da sociedade ou mesmo somente ignorado e desprezado, vingará acerbamente as tantas injustiças recebidas, exigindo a sua dignidade real que a sociedade inteira se ajuste aos mandamentos e aos princípios cristãos, quer ao estabelecer as leis, quer na administração da justiça, quer finalmente ao formar o ânimo dos jovens na sã doutrina e na santidade dos costumes.

                23- Além disso, é maravilhoso dizer quanta força e virtude os fiéis poderão tirar da meditação destas coisas para modelar o seu espirito segundo as verdadeiras normas da vida cristã. Porque se a Cristo nosso Senhor foi dado todo poder no céu e na terra; se todos os homens, por terem sido redimidos com seu sangue, estão sujeitos por novo titulo a sua autoridade, e se, finalmente, este poder abrange toda natureza humana, vê-se claramente que não há nenhuma faculdade que se possa subtrair a tão alta soberania. É pois necessário que Cristo reine na inteligência do homem, o qual, com perfeita submissão, deve prestar um consenso firme e constante as verdades reveladas e a doutrina de Cristo; é necessário que reine no coração, o qual, apreciando menos os afetos naturais, deve amar a Deus sobre todas as coisas, e estar unido unicamente a ele; é necessário que reine no corpo e nos seus membros, que como instrumentos, no dizer do apóstolo São Paulo, como “armas de justiça oferecidas a Deus” (Rm 6,13), devem servir para santificação interna da alma. Se essas coisas serão propostas a consideração dos fiéis, eles mais facilmente serão levados a perfeição. Queira o Senhor, veneráveis irmãos, que todos aqueles que estão fora do seu reino, desejem e acolham o jugo suave de Cristo, e que todos nós que por sua misericórdia somos seus súditos e filhos carreguemos este jugo não de má vontade mas com gosto, com amor, santamente, e que de nossa vida conformada ás leis do reino divino recolhamos frutos alegres e abundantes, e julgados por Cristo como servos bons e fiéis nos tornemos participantes do reino celeste, da sua felicidade eterna e gloria.

                24- Esses desejos, que formamos para a festa no Natos de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam para vós, veneráveis irmãos, a prova do nosso afeto paterno, e recebam a benção apostólica que, como auspício dos favores divinos, damos de todo coração a vós, veneráveis irmãos a todo o vosso clero e ao vosso povo.

                Roma, dado em São Pedro, no dia 11 de dezembro do ano santo 1925, IV no nosso pontificado.

PIUS PP. XI