HORA SANTA – NOVEMBRO – Pe Mateo Grawley Boevey-

Postado dia 04/11/2021

 

“Ecce Homo!” Eis aqui o Homem das dores, o Salvador Jesus, sob as aparências duma Hóstia… Dobremos os joelhos, adoremo-Lo na suave e vencedora majestade desse mistério… Certamente Ele vem buscar-nos, a nós, pois no Paraíso tem legiões de anjos… Contemplai-O… Aproxima-Se, como O viu um dia a sua serva Margarida Maria; vem sem fulgores de sol, sem diadema, preso, perseguido… Traz a alma afogada em angústias e os olhos rasos de lágrimas… Procura um lugar de paz, onde possa orar na sua agonia… E veio aqui trazer-nos as suas confidências de caridade infinita e de infinita tristeza. — Calai, irmãos, e no silêncio da alma, esquecidos do mundo, apartados um momento dos mesquinhos interesses da terra, escutai o Senhor Jesus, nesta HORA SANTA… Contemplai-O na figura dolorosa, sangrenta do Ecce Homo, tal como apareceu em Paray-le-Monial ao seu primeiro apóstolo e confidente, para reclamar de seus amigos um amoroso desagravo…

Ó bom Jesus, ao começar esta HORA SANTA, permite-nos beijar com ardente e apaixonado amor, com celeste embriaguez da alma, a chaga do vosso Lado, e permite-nos chegar com este ósculo ao mais recôndito do vosso Coração agonizante.

(Apresentai-Lhe o pedido particular que desejais fazer-lhe nesta Hora Santa).

Voz do Mestre. — Meus amados filhos, quereis oferecer um asilo de amor, um abrigo de fidelidade ao vosso Deus, perseguido pelo furacão maldito da culpa? Não vedes certamente o meu corpo dilacerado, não obstante Eu continuar a ser flagelado!… Não vedes o pranto inundar-Me as faces; não obstante, a crueza dos espinhos me penetrar a minha cabeça! Não vedes a angústia mortal da agonia de Getsemani; não obstante — Ah! — As suas indizíveis amarguras encherem até transbordar o cálice do meu Coração abandonado!… O pecado não dá tréguas às minhas dores…  Esta torrente de iniqüidade persegue-Me há vinte séculos, segue os meus passos ferozmente… procura, anela devorar a obra da minha redenção… perder as almas.

“Que podia eu fazer por ti, meu povo, que não haja feito?” O sacrifício do meu corpo, da minha alma, do meu Coração… O holocausto do Calvário da Eucaristia… Tudo está consumado!… Contudo a culpa avança; como hálito do inferno, penetra nas consciências, e mata nelas o amor e a glória do meu Nome! Abri-Me depressa, meus amigos, abri-Me vós o refúgio dos vossos corações; ponde-Me ao abrigo desta noite fria e escura do pecado, que envolve o mundo…

Estendei-Me, meus filhinhos, alargai-Me os braços com caridade… Não é a recordação do Calvário, mas o pecado de hoje que me fere sem piedade o Coração desolado!… Vede-me: estou chorando agora as minhas tristezas; desafogo convosco a tempestade das minhas dores… Neste mesmo momento milhares de setas cravam-se na chaga sangrenta do meu peito… Oh! Albergai nas vossas almas reparadoras, com ternura, compaixão e caridade, este Jesus, o eterno ultrajado e perseguido pela culpa!

(PAUSA)

As almas. — Jesus, Rei dos altares e soberano das almas, vinde e arvorai as bandeiras do vosso domínio nestes corações… Não sereis peregrinos; sereis, sim, o doce Redentor, o Senhor mil vezes bendito… Vinde, e, se é constante a ofensa da culpa, seja mais constante ainda a homenagem da nossa humilde adoração reparadora…

Abri a vossa prisão, Senhor Sacramentado, e que os Anjos, que velam junto do vosso pobre Tabernáculo, se unam aos amigos fiéis para Vos dizer:

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Coração Santo, Tu reinarás!

Apesar dos esforços desesperados do inferno, que quer a perdição das almas…

Coração Santo, Tu reinarás!

Apesar da fúria de tantos inimigos da vossa moral que não transigem, e dos vossos dogmas que não mudam…

Coração Santo, Tu reinarás!

Apesar dos ataques com que a razão e a ciência da terra se erguem para Vos derrubar do altar…

Coração Santo, Tu reinarás!

Apesar da vergonhosa licença, que muitos querem erigir em lei natural da consciência…

Coração Santo, Tu reinarás!

Apesar do artifício com que de dia e de noite se trama contra a Igreja, o lar e a infância…

Coração Santo, Tu reinarás!

Apesar da sacrílega legalidade de tantos atentados de lesa Majestade Divina…

Coração Santo, Tu reinarás!

Apesar do ódio dos governantes, estimulado pelo vosso silêncio e humildade…

Coração Santo, Tu reinarás!

Apesar dos ataques raivosos da imprensa, das leis das seitas, conjurados no ódio à vossa glória e ao vosso Reino entre os homens…

Coração Santo, Tu reinarás!

(Pedi com todo o fervor o reinado do Coração de Jesus).

Voz do Mestre. — “Dizei-Me, meus amados confidentes: porque são os filhos das trevas frequentemente mais prudentes e zelosos do que vós, os filhos das minhas dores e da luz?

Reparai nos meus inimigos sempre atarefados em Me isolar no santuário, e em derribar os meus altares. Não se dão tréguas no propósito de anular as minhas leis, dispersar o meu sacerdócio aniquilar-Me nas consciências dos homens. E vós… e tantos dos meus que tendes feito?… Não pudeste velar uma hora comigo? E por fraqueza, por preocupações terrenas, por pusilanimidade de caráter, por falta de amor ao vosso Deus e Mestre, descansáveis enquanto Eu agonizava!… Dormíeis tranqüilos entre o vosso Salvador agonizante e a turba inimiga que vinha prendê-Lo… Não tendes amado assim, de certo, aos vossos pais, irmãos, e amigos íntimos do vosso coração… E para Mim, para Mim só porque não haveis tido delicadeza nem resolução no amor?

Prometeste-Me generosidade… E Eu abençoei a vossa boa vontade… e pouco a pouco fostes faltando aos vossos propósitos… e Eu fui esquecido… Perdoei-vos tantos desvarios, esqueci tanto abandono… e vós, os de minha casa, viveis no entorpecimento duma indiferença que Me fere cruelmente… Um sono de apatia… de egoísmo… de desamor por minha Pessoa vos rende…

Levantai-vos, pois!… Despertai desse torpor… Aproxima-se o inimigo, que vem ultrajar o vosso Deus, e encadear-vos e matar-vos a vós. É chegada a hora prodigiosa duma sincera conversão… Vinde, e acompanhai-Me, se tanto for necessário, até ao Calvário… Não Me abandoneis, minhas ovelhas, quando ferem o vosso Pastor!…

(PAUSA)

As almas. — Que tenho eu, ó Deus escarnecido, que Vós me não hajais dado? Ajudai-me, ó Jesus, a seguir-Vos, sem vacilar, nas doces exigências da vossa graça e do vosso amor!

Que valho eu, se não estou ao vosso lado?

Que mereço eu, se não estou a Vós unido? Reconheço o meu nada, a minha impotência, por isso Vos peço não retireis a vossa mão de sobre mim, nem consintais que eu me afaste, por pouco que seja do vosso Tabernáculo.

Perdoai-me os erros que tenho cometido contra Vós… são tantas as fraquezas do meu coração… perdoai, esquecei…

Todo o sangue que derramastes…

A acerba morte que padecestes…

Não foi para os anjos, que Vos louvam…

Foi para mim e para tontos tíbios e indolentes no exercício do vosso amor, que Vos não escutam, e Vos ofendem…

Por isso, ó Senhor, nesta HORA SANTA, ao renovar os propósitos de fervor no vosso serviço, consenti que Vos diga com dor de alma:

Se Vos reneguei, fazer que Vos reconheça.

Se Vos injuriei, deixai-me que Vos louve…

Se Vos ofendi, permiti-me que Vos sirva…

Porque antes morte que vida é a que se não emprega no culto da vossa glória, para conforto e triunfo do vosso divino Coração.

(Confessai-Lhe a vossa tibieza, pedi-Lhe o fervor perseverante no seu serviço).

Voz do Mestre.“Almas fiéis, quantas estais velando comigo nesta HORA SANTA? Certamente é grande o vosso amor. Sim! Mas também é intenso, insondável o amargo oceano de delitos e orgias que mesmo agora está saturando de tristeza mortal o meu Coração!… Que frenesi de pecado!… que desenfreio no torvelinho humano vai passando neste mesmo momento diante dos meus olhos!… Que cenas de morte! Que espetáculos de inferno, que vertigens de paixões sensuais nos teatros! O grande mundo aplaude e ri diante de cenas, que renovam a minha flagelação!… Se soubésseis como Me despedaça a alma a grande mentira a que chamam civilização moderna!… Quantas festas de meus filhos não passam de novos Calvários de seu Pai e Salvador!… Só vós, meus amigos, podeis adivinhar a angústia deste agonizar perpétuo sobre um patíbulo levantado pelos meus! Como passam diante de Mim as grandes capitais, orgulhosas como Nínive, desenvoltas como Babilônia, onde o meu Evangelho é considerado como intolerável exageração!… Vós, meus consoladores, penetrando as minhas tristezas, lançai um bálsamo sobre as minhas feridas!… Reparai vós esta embriaguês culpada e atenuai com uma oração fervorosa o clamor que nesta noite, em centenas de salões, de banquetes, de festas, de teatros e bailes, se levanta como onda de lama,insultando a santidade do meu Evangelho, e a candura da Hóstia, onde Me oculto!…”

As almas. — Sim, ó Mestre, desça uma vez o fogo do céu, que purifique que perdoe e salve milhares de infelizes que vivem sem amor, amando loucamente a matéria e o vício…

A tantos que dissipam dinheiro e mocidade nos prazeres mundanos, que Vos ofendem…

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

A vossa misericórdia os salve, ó doce Coração!

A tantos que exploram os crimes públicos com a depravação de costumes e a perversão das consciências…

A vossa misericórdia os salve, ó doce Coração!

A tantos profanadores de almas, que pela imprensa e pelos livros se enriquecem, condenando a seus irmãos…

A vossa misericórdia os salve, ó doce Coração!

A tantos que têm o tristíssimo negócio de excitar as paixões no palco dos teatros, onde tudo se permite a título de arte…

A vossa misericórdia os salve, ó doce Coração!

A tantos fracos, que surdos à voz da consciência e do remorso, cooperam na perversão social com o escândalo das modas indecentes e dos espetáculos imorais…

A vossa misericórdia os salve, ó doce Coração!

A tantos que fazendo calar o seu critério de cristãos, e, falseando as suas consciências, não vêem mal algum no esquecimento dos vossos mandamentos…

A vossa misericórdia os salve, ó doce Coração!

A tantos, que por dever de seu cargo deviam poupar-Vos, Senhor, gravíssimas ofensas, e deixam de o fazer por temor, ou vil transigência humana…

A vossa misericórdia o salve, ó doce Coração!

(Reparemos os pecados públicos e socais com que se ofende a Jesus no mundo inteiro).

Voz do mestre. — “Meu povo, herança preciosa do meu Coração, que te fiz Eu, ou em que te contristei? Responde-Me. Desde a Hóstia contemplo dia e noite, como lar dos meus afetos, o acampamento de Israel das minhas ternuras, a pequena grei daqueles que Me hão jurado amor eterno. Deste Tabernáculo pouso os meus olhos sobre o coração dos meus amigos, daqueles que amei com predileção… Daqui sigo os passos daqueles que predestinei para o banquete da minha glória… Ah! Quantos desses Me arrancam lágrimas, como as que chorei sobre Jerusalém, minha pátria!… Quantos, que foram os íntimos da minha alma, agora Me são ingratos! Quantos dissipam longe de Mim… os bens da inteligência, de fortuna, de estima, com que os dotei para os fazer santos!… Para eles levantei um trono entre os príncipes do Céu! Quantos desses tronos, perdidos por tais ingratos, serão dados a pecadores arrependidos, que Me invocaram na última agonia!…”

“Para esquecer principalmente este pecado, o mais amargo de todos, para adoçar o cálice da ingratidão humana, pedi à minha serva Margarida Maria a companhia deliciosa da HORA SANTA. Aqui, as lágrimas que derramei na dispersão do meu rebanho e na fuga dos meus filhos, transformam-se em lágrimas de bênçãos de amor… Entre o vestíbulo e o altar gemei, ó consoladores meus, porque tenho sede do conforto, que Me negam os ingratos da minha casa…”

As almas. — Divino Salvador Jesus, dignai-Vos olhar com olhos de misericórdia os vossos filhos, que unidos no mesmo pensamento de fé, de esperança e de caridade, vêm deplorar diante do vosso Sacratíssimo Coração as suas infidelidades e as de seus irmãos culpados.

Oxalá pudéssemos com as nossas solenes e unânimes promessas comover este Divino Coração, e obter dele misericórdia para nós, para o mundo infeliz e criminoso e para todos aqueles que não têm a felicidade de Vos conhecer e amar.

Sim, de hoje em diante nós todos Vo-lo prometemos:

Do esquecimento e ingratidão dos homens…

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Nós Vos consolaremos Senhor!

Do abandono do Santo Tabernáculo…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Dos crimes dos pecadores…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Do ódio dos ímpios…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das blasfêmias que se proferem contra Vós…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das injúrias feitas à vossa Divindade…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das imodéstias e irreverências cometidas contra a vossa adorável presença…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das traições de que sois vítima adorável…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Da frieza da maior parte dos vossos filhos…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Do abuso das vossas graças…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das nossas próprias infidelidades…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Da incompreensível dureza dos nossos corações…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das nossas tardanças em Vos amar…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Da nossa tibieza em vosso serviço…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Da amarga tristeza que Vos causa a perdição das almas…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das longas esperas à porta do nosso coração…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Dos amargos desprezos, com que sois repelido…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das vossas queixas de amor…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Das vossas lágrimas de amor…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Da vossa escravidão de amor…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Do vosso martírio de amor…

Nós Vos consolaremos Senhor!

Ó Jesus, divino Salvador nosso, que deixaste cair de vossos lábios esta dolorosa queixa: “Procurei quem Me consolasse e não o encontrei”, dignai-vos aceitar o modesto tributo do nosso conforto, e assiste-nos tão eficazmente com o auxílio da vossa graça, que fugindo sempre, no futuro, de tudo quanto possa desagradar-Vos, nos mostremos em toda a parte, em todo o tempo, em todo o lugar, vossos filhos fiéis e obedientes. Isto Vos pedimos a Vós, que sendo Deus viveis e reinais por todos os séculos de séculos.

(Pedi-Lhe perdão para os ingratos que são tantos…)

Voz do mestre. — “Não Me pergunteis, almas reparadores, porque vivo perpetuamente crucificado pela mão dos meus remidos… O mundo chegou, na verdade, a convencer-se de que mereço realmente a vergonha e a morte do patíbulo… Ah! São tantos na realidade os sábios, os grandes, os poderosos, que repetem com dura tranquilidade esta palavra dos meus acusadores a Pilatos: “Se este Nazareno não fora um malfeitor, não O houvéramos trazido preso”…

Ah! Sim, e porque a turba desenfreada na moral e no pensamento, Me chama malfeitor, a autoridade condena-Me… Condenam-Me nos tribunais, flagelam-Me na imprensa… tratam-me como louco, por decreto dos meus juízes… Estes — ó irrisão! — abandonam-me à fúria popular para salvaguardar os interesses nacionais!… Estes governantes e legisladores lavam as mãos com pleno direito, — dizem — e em razão da liberdade… da civilização e da Justiça… condenam-Me ao exílio e à cruz dentro da mais estrita legalidade…

Tal é o grande crime de hoje, meus filhos: insultarem-Me com razão e com direito, proscreverem-Me em nome da dignidade e das leis nacionais. Continuo a ser o verme, não o homem, o inseto vil que se esmaga…

Ó vós ao menos, fidelíssimos amigos meus, aclamai-Me, para cobrirdes com os vossos aplausos os gritos da multidão, que no excesso do seu orgulho, assalta o meu trono, e quer sortear escarnecedoramente o manto da minha realeza… Oh! Vós, ao menos, aclamai-Me… Bendizei-Me com amor!

As almas. — Aproximai-Vos, dulcíssimo Mestre, e aqui em meio dos vossos filhos, recebei da mão deles o diadema, que Vos quiseram arrancar aqueles que sendo pó da terra, se chamam poderosos, porque, contemplando-Vos humilde, crêem injuriar-Vos desde mais alto…

Vinde triunfante a esta fervorosa reunião de irmãos… não escondais as chagas dos vossos pés e das vossas mãos… Não torneis brilhante nem formosa a vossa fronte. Mostrai-nos antes ensangüentada!… E, sobretudo não fecheis, mas antes deixai-nos bem aberta, a profunda e celestial chaga do vosso Lado. Oh! Assim, Rei de sangue… assim coberto com essa púrpura de amor e com a túnica de todos os opróbrios… sem Vos transfigurardes, ó Jesus… como em noite que Quinta-Feira santa, apresentai-Vos descei, e aceitai os hosanas desta guarda de honra, que vela pela glória do Coração de Jesus Cristo, seu Rei!

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Viva o vosso Sagrado Coração!

Os reis e os governantes poderão calçar as tábuas da vossa Lei; mas da altura das suas cadeiras sepultar-se-ão na tumba do esquecimento; e nós, vossos súditos, continuaremos aclamar-Vos nosso Rei.

Viva o vosso Sagrado Coração!

Os legisladores dirão que o vosso Evangelho é uma ruína, e que é dever eliminá-lo para não entravar o progresso; mas eles despenhar-se-ão na tumba do esquecimento ; e nós, vossos adoradores, continuaremos a aclamar-Vos nosso Rei.

Viva o vosso Sagrado Coração!

Os ricos, os soberbos, os mundanos dirão que a vossa moral é doutro tempo, que as vossas intransigências matam a liberdade das consciências… e dos corações; mas eles dissipar-se-ão como sombras na tumba do esquecimento, e nós, vossos filhos, continuaremos a aclamar-Vos nosso Rei!

Viva o vosso Sagrado Coração!

Os ambiciosos do poder e da riqueza, vendendo falsa liberdade e falsa grandeza às nações, chocarão contra a pedra do Calvário e da vossa Igreja, e se precipitarão vencidos na tumba do esquecimento; e nós, vossos apóstolos, continuaremos a aclamar-Vos nosso Rei!

Viva o vosso Sagrado Coração!

Os arautos duma civilização materialista, sem Deus, e em oposição com o Evangelho, morrerão um dia envenenados pelas suas maléficas doutrinas; e enquanto eles caem na tumba do esquecimento, amaldiçoados pelos seus próprios filhos; nós, vossos consoladores, continuaremos a aclamar-Vos nosso Rei!

Viva o vosso Sagrado Coração!

Os fariseus, soberbos e impuros, terão envelhecidos,estudando a ruína, mil vezes decretada, da vossa Igreja; e enquanto eles desaparecem, derrotados na tumba dum perpétuo esquecimento, nós, vossos redimidos, continuaremos a aclamar-Vos nosso Rei!…

Viva o vosso Sagrado Coração!

Oh! Sim, viva o Coração Santo de Jesus, e triunfe para sempre! E enquanto Satanás, anjo das trevas, foge dos lares, das escolas e dos povos, para se abismar eternamente encadeado nas profundezas, nós, vossos amigos, continuaremos a aclamar-Vos nosso Rei!

Viva o vosso Sagrado Coração!

(PAUSA)

Voz do Mestre. — “Amei-vos até ao excesso do Calvário. Chegado lá, obedeci em silêncio, e Me estendi sobre o patíbulo afrontoso. E desde então estou aqui à mercê dos meus verdugos, os sacrílegos. Se tantos dizem que não estou presente na Hóstia, porque a profanam e Me ferem?… E se crêem, porque Me ultrajam neste mistério onde amo loucamente, e onde perdôo com inexaurível caridade?…

Oh! Sabei que as minhas lágrimas deixaram um rasto de dor por todos os             caminhos, por onde tenho sido arrastado em milhares de profanações desde Quinta-Feira santa. Fui espezinhado furiosamente; lançaram-Me com blasfêmias às chamas, atiraram-Me à lama, atravessaram-Me com punhais descidas nos antros, onde se trama com juramento contra Mim… Gasta-se tanto vil dinheiro, e não faltam Judas que comungam para Me entregar com o ósculo duma comunhão sacrílega às mãos de meus mortais inimigos…

Têm-se incendiado os meus tabernáculos e convertido em cinzas as Hóstias consagradas… em paga de Eu ter deixado entre vós o meu Coração, para abrasar o mundo no incêndio da minha caridade redentora!… Quantos desgraçados cobiçando o ouro das píxides, onde resido, e desde onde velo sobre vós tem assaltado a prisão do meu amor, e Me têm lançado ao chão, sem uma pedra consagrada, onde reclinar a cabeça ensangüentada!…

Esta visão de horror feriu o meu Coração nas angústias do Getsemani… Vós que passais reparai e vede se há dor semelhante à minha dor…”

(PAUSA)

As almas. — Hosana! Glória a Deus no mais alto dos céus!… Glória, bênção e amor a Vós, Senhor Sacramentado, só a Vós, no incompreensível aniquilamento da vossa Santa Eucaristia!

Cantem-Vos os céus, porque Vós, o Deus do Tabernáculo, sois a alegria suprema do mesmo Paraíso!… Cantem-Vos, ó Jesus Hóstia, os campos, os mares, as neves, as flores, todo o panorama de beleza criada para alegrar os vossos olhos cansados de chorar a solidão e ingratidão humana!… Cantem-Vos, doce Prisioneiro, as avezinhas e as brisas; cantem-Vos as tempestades e levem até junto de Vós os soluços do coração humano e as suas palpitações de alegria a Vós, Prisioneiro dos nossos altares!… Glória a Deus sobre as alturas; glória e bênção e amor a Vós, ó Jesus Sacramentado, só a Vós, no inefável aniquilamento da vossa adorável Eucaristia!…

(Apresentai-Lhe uma completa reparação de amor pelo horrendo crime do sacrilégio com que é ofendido no seu Tabernáculo).

Voz do Mestre. — “Não vos afasteis, filhos do meu Coração, sem recolher, nesta HORA SANTA, um desafogo de dor, que só vós, meus fiéis amigos, sabereis compreender em toda a sua amargura.

Não é a profanação do Tabernáculo o atentado mais cruel contra a minha soberania conculcada: há outro sacrário mais precioso, e que é consciente em repelir o seu Salvador… é o coração humano! Coração que Eu amo tanto!… Como o profanam milhares de cristãos com o veneno dum amor pagão!… Deveria ele ser o cálice de todas as minhas consolações… a ara redentora dum mundo que é infeliz, porque não ama com amor sobrenatural… com o casto amor do meu Evangelho!… Nele lancei as minhas lágrimas para o purificar, o meu sangue para o robustecer. — Comuniquei-Lhe as chamas ardentes que se desprendem da fornalha do meu Coração para acalmar o desejo irresistível de amar e ser amado… E não lhe basta esta infinita dignação da Caridade… procura as criaturas e esquece-Me, num delírio de prazer, que não é amor, nem paz, nem vida… Deixam-Me — pobrezinhos! — e por isso tantos sofrem, com a ruína da alma, a fome insaciável das paixões vergonhosas…

Ó vós que tendes sede de amor, vinde… vinde a Mim!… Eu sou o amor que guarda os espinhos para si, e vos dá as suas flores… vinde e bebeis até vos saciardes na fonte do meu peito!

Meus filhos, dai-Me os vosso corações, dai-Nos em troca do meu Coração Sacramentado!”

(PAUSA)

As almas. — Ó Jesus Sacramentado, exercei sobre nós os vossos direitos; porque nós somos os vossos reparadores… Vinde, não peçais, não mendigueis… Vinde, tomai com amabilíssima violência o que é vosso; tomai os nossos corações! Se são pobres, Vós os sabereis enriquecer… Nós Vo-los damos pela mão da vossa doce Mãe e da vossa serva Margarida Maria… Rogamos-Vos os aceiteis, e por elas e por este nosso oferecimento apresseis o reinado do vosso Divino Coração… Não rejeiteis estes pobres e miseráveis corações por se terem manchado um dia. Quando perdoais esqueceis também!…

A Igreja perseguida, os nossos lares necessitados, os pecadores, as almas que se purificam nas torturas do Purgatório, os justos… todos esperamos da vossa onipotência as torrentes de graças prometidas à devoção da HORA SANTA, hora de consolações para Vós e de prodígio de misericórdia para o mundo…

Mas dum modo especial lembrai-Vos daquele que, como o Arcanjo Gabriel, vieram dar-Vos amável refrigério em vossa agonia… Aceitai as nossas penas, as nossas esperanças, a nossa vida… depositamos tudo na chaga celestial do vosso Lado, que Longuinhos nos descobriu. Acolhei agora, Senhor, a nossa oração de despedida:

Coração agonizante de Jesus, estas almas confiam-Vos os seus espinhos!…

Coração amável de Jesus, estas mães confiam-Vos os seus esposos e o tesouro de seus filhos…

Coração amante de Jesus, estes peregrinos confiam-Vos o seu futuro e todas as suas incertezas.

Coração dulcíssimo de Jesus, estes pródigos confiam-Vos as suas debilidades e o seu arrependimento.

Coração benigno de Jesus, estes vossos amigos confiam-Vos a paz e a redenção das suas famílias…

Coração piedoso de Jesus, estes enfermos confiam-Vos as dores íntimas e secretas da sua consciência.

Coração humilde de Jesus, estes adoradores confiam-Vos o seu ardente zelo pelo triunfo do vosso amor na Santa Eucaristia…

Coração Sacramentado de Jesus, em Vós confia o mundo que corre desolado a reparar-se da morte aí onde uma lança abriu as fontes da vida.

Vinde, ó Jesus! Sede o nosso Amigo nas grandes tristezas da terra!…

Vinde, ó Jesus! Sede o nosso Irmão nas castas alegrias do amor cristão!…

Vinde, ó Jesus! Sede o nosso Rei nas tentações e nas borrascas que agitam a sociedade e as almas. Dominai o furacão desde esse Tabernáculo santo!

(Um Padre Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes. Um Padre Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. Um Padre Nosso e Ave Maria pelo triunfo universal do Sagrado Coração, especialmente por meio da Comunhão diária, HORA SANTA, e Entronização do S. Coração nas famílias).

Súplica final ao Sagrado Coração de Jesus

(de S. Margarida Maria)

Escondei-nos, ó doce Salvador, no Santuário do vosso Lado, frágua ardente de puro amor, e aí estaremos seguros.

Escolhemos o vosso Coração para morada, na firme confiança de que ele será a nossa força no combate, o apoio da nossa fraqueza, nosso guia e luz nas trevas, reparador de todas as culpas, a santificação das nossas intenções e dos nossos atos.

Nós queremos obrar em união convosco e oferecer-Vos as nossas ações para nos servirem de contínua preparação para Vos recebermos no vosso Sacramento de amor.

Para honrar o vosso estado de vítima neste mistério de fé, vimos oferecer-nos também como hóstias, suplicando-Vos sejais Vós mesmo o Sacerdote sacrificador, que nos imole sobre o altar do vosso Sagrado Coração.

Mas, como somos tão culpados, pedimos-Vos, Senhor Jesus, nos purifiqueis e consumais nas chamas do vosso Sagrado Coração, como um holocausto perfeito de amor e de graça, para obtermos uma vida nova e podermos então dizer com verdade: nada temos que seja nosso; vivos ou mortos, Jesus é o nosso tudo; a nossa vontade é pertencer inteira e eternamente ao seu divino Coração.

Venha a nós o vosso Reino.