HORA SANTA – MÊS DE ABRIL – SEGUNDO R. P. MATÉO GRAWLEI-BOEVEY dos Sagrados Corações (PICPUS)

Postado dia 05/04/2018

 

 

Foi numa HORA SANTA, e, como esta, de silêncio e oração íntima, que Jesus Sacramentado revelou a Margarida Maria os anelos ardentes do seu Coração. Que momento esse! Que instante solene em que a terra ouviu o eco amortecido duma súplica divina, que lhe pedia o nosso amor! E em paga, além dos tesouros da sua Cruz, já outorgados no Calvário, dava-nos, em maneira singular, dom mais precioso que o Céu: o seu adorável Coração.

Cristãos fervorosos: Hosana nas alturas! Pertence-nos desde então esta Coração divino!

Almas reparadoras: Hosana nas alturas! É nosso este Coração durante a vida, e mais nosso muito além dos umbrais da eternidade!

Oremos irmãos, e se O amamos, saia do nosso peito um clamor válido de fé e caridade, para que Ele, durante, esta HORA SANTA, nos descubra as ânsias veementes do Seu Coração amantíssimo.

Revelai-nos, Senhor, a nós vossa ditosa confidente, os propósitos de triunfo, que encerrastes nesta prodigiosa devoção. Dizei-nos, Senhor: que quereis? Falai sem receio; reclamai, exigi. Estamos sequiosos da vossa palavra… Queremos consolar-Vos; queremos ser uma branda almofada onde descanseis a vossa cabeça coroada de espinhos. Aceita-nos, como aceitastes o anjo de Getsemani. Olhai-nos, como olhastes a Verônica, porque nós queremos ser a alvíssima toalha, onde enxugueis as vossas lágrimas preciosíssimas. Nós viemos agora aqui, para estar uma hora convosco, Coração agonizante… Falai-nos daí, Jesus Sacramentado. Melhor que o Cireneu, nós queremos ter a honra de Vos ajudar a levar a Cruz. Neste instante das vossas confidências contai-nos as vossas ambições, os vossos desejos, os vossos planos de vitória. Mandai-nos morrer por Vós, e nós… Morreremos. Falai-nos dessa chaga do vosso Lado, que, há três séculos, sobretudo, conquista o mundo com a sua ternura e o seu perdão. Não nos fale mais ninguém. Falai-nos Vós só, Jesus Sacramentado, e viveremos.

(PAUSA)

(Pedi-Lhe a graça de ouvir a sua divina voz).

Jesus. — Aproxima-te, alma querida Sou Eu, não temas. Não trago majestade que te espante… Venho pobre… venho até pedir-te um abrigo… Não tenho neste momento outro resplendor, senão o das minhas chagas, outra riqueza senão o meu Coração, opulento de amor… Sou o Nazareno, filho do povo, nascido num estábulo. Fui um pobre operário… Andei descalço; sofri incertezas e penúrias infinitas por amor do povo. Quero reinar no povo; quero ser o seu Rei; quero que os pobres, os que trabalham, os que sofrem, aceitem a realeza amabilíssima do meu Coração; quero que o povo seja meu, conquistado pela desnudes de Belém e do Calvário, quero que a multidão que chora e sofre, — porque tem fome de pão e sede de justiça, — adore, creia, espere e ame; quero que seja minha. Vós, meus amigos íntimos, preparai-Me com a HORA SANTA esta Páscoa e este diadema. Implorai diante do Altar, orai sem interrupção, e restitui-ME esse Povo, que Me roubaram os renegados do meu Sangue e da minha Cruz. Trazei-Me cá os pobres; entronizai-Me nos seus lares, porque Eu sou Jesus, o Pobre de Nazaré…

(PAUSA)

As almas. — Pois sim, Jesus, reinareis sobre os pobres. E o povo, vencido pela bondade do Vosso coração, Vos proclamará seu Rei. Acolhei a oração, que vai elevar-se agora mesmo ao vosso Santuário.

Pelas lágrimas que derramastes na gruta de Belém:

(Todos repetem as palavras em itálico).

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

Pelas lágrimas que derramastes no retiro de Nazaré:

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

Pelas lágrimas que derramastes na morte de vosso amigo Lázaro:

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

Pelas lágrimas que derramastes sobre a ruína do vosso povo e da vossa Pátria:

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

Pelas lágrimas de sangue que ensoparam o jardim bendito de Getsemani:

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

Pelas lágrimas amargas que derramastes na traição de Judas:

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

Pelas lágrimas que derramastes na negação de Pedro e abandono dos apóstolos:

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

Pelas lágrimas de desolação que derramastes no Coração de Maria trespassado no Calvário!

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

Pelas últimas lágrimas que derramastes despedindo-Vos da terra e particularmente dos pobres:

Triunfai sobre os pobres, vossos amigos, ó Divino Coração!

(PAUSA)

Jesus. — O meu Coração vos abençoa, almas queridas, pela consolação que Me deu a vossa súplica nesta oração! Sim! Triunfarei! Sou Rei! Para isso nasci e vim ao mundo. Ele, como mar embravecido, repele-me; mas na barca da minha Igreja Eu atravesso as idades e ofereço a todos a tranquilidade, a liberdade, a paz…

A tempestade enfurece-se mais… Há governantes que desejam o naufrágio da Igreja, Arca de Salvação… Há ricos, sábios, poderosos, que tramam como o iníquo Sinédrio, a ruína do meu Sacerdócio e da minha Igreja… O Papa é perseguido… a minha realeza é oficialmente desconhecida… Pelo furacão do ódio são dispersos os meus Apóstolos e amigos, profanados os lugares de retiro e oração, espezinhados os meus direitos e a minha lei…

Não obstante eu sou Rei, porque sou o Filho de Deus vivo!

Ó vós que amais verdadeiramente a glória do meu Nome, pedi, vós ao menos, a vitória da minha Igreja. Lembrai-vos de que são minhas as suas angústias, sou ultrajado quando a ultrajam, ferido quando a ferem.

(PAUSA)

As almas. — Ouvimos Senhor, a cada passo blasfemar contra Vós e a santa Igreja! Chega-nos o grito doloroso do vosso Coração, atravessado pela ingratidão dos poderosos, que de Vós comunicam a autoridade… e das nações, a quem o vosso Evangelho fez livres. Perdoai, ó Monarca desprezado, confundi os vossos inimigos. Assim o pedimos instantemente.

Pela pobreza e abandono do vosso nascimento.

(Todos repetem as palavras em itálico).

Triunfai na vossa Igreja, ó Divino Coração!

Pela fuga para o Egito, privações do exílio, por via do ódio de vossos inimigos:

Triunfai na vossa Igreja, ó Divino Coração!

Pela obscuridade em que vivestes tantos anos na oficina de Nazaré!

Triunfai na vossa Igreja, ó Divino Coração!

Pela vossa vida de retiro, oração e penitência durante os quarenta dias do deserto.

Triunfai na vossa Igreja, ó Divino Coração!

Pelo desdém e escárnio com que receberam a vossa pregação, os doutores de Israel.

Triunfai na vossa Igreja, ó Divino Coração!

Pela ingratidão com que Vos magoaram tantos, a quem fizestes bem com milagres portentosos:

Triunfai na vossa Igreja, ó Divino Coração!

Pela incompreensível cegueira desse povo, que em paga dos vossos favores pediu para Vós o suplício da Cruz!

Triunfai na vossa Igreja, ó Divino Coração!

(PAUSA)

Jesus. — Almas fervorosas, se o meu Coração triste e perseguido tivesse, ao menos, o tão almejado refúgio do lar, o asilo tépido da família!…

Oh! Esse santuário cairá em ruínas, se o demônio e o mundo continuar a fechá-lo a Mim, que sou a vida do amor! Perguntai a Lázaro, a Marta, a Maria, meus amigos de Betânia, que mal resiste, que ferida não cicatriza, que dor se não abranda quando estabeleço o meu Palácio no seio duma família que me adora e ama.

Ó pais, que viveis uma vida afadigada, e vos sentis oprimidos pela inquietação e responsabilidades, deixa-Me que entre no vosso lar… Eu sou o sol da paz e da força. Eu sou a alma duma nova vida!

Ó mães aflitas… que sofreis por vós e por vossos filhos… mãos dolorosas, como o foi Maria, nossa dulcíssima Mãe: Porque Me não chamais a abençoar a aurora e o crepúsculo, a alegria e a tristeza, o sorriso e as lágrimas do vosso lar?

Vós, testemunhas queridas da agonia do meu Coração no Tabernáculo, sabei que a vossa fé, e o vosso apostolado, podem abrir-Me as portas do lar, para Mim tantas vezes culpadamente fechado. Vigiai e orai, para que sejam reconhecidos os meus direitos. Orai para que Eu reine na família cristã… e, mal que pese ao inferno, o meu Coração triunfará.

(BREVE PAUSA)

As almas. — Jesus, Peregrino errante, vinde… não fiqueis no limiar da nossa casa, com os cabelos e túnica úmidos do orvalho da noite… Vinde e entrai… Sede o Rei das nossas famílias que Vos amam e querem… Oh! Sim, Jesus Esposo, Jesus Irmão, Jesus Amigo, vinde e reinai nos nossos lares… nós Vo-lo rogamos!

Pelo amor filial que tendes a vossa Mãe dulcíssima, pela ternura do seu Coração Imaculado:

(Todos repetem as palavras em itálico).

Triunfai nas famílias, ó Divino Coração!

Pelo afeto de santa intimidade que professastes ao humilde carpinteiro, a quem chamastes Pai:

Triunfai nas famílias, ó Divino Coração!

Pelo carinho de predileção, com que tratastes a João, o discípulo amado, o das vossas inefáveis confidências:

Triunfai nas famílias, ó Divino Coração!

Pela simpatia que sempre nutriste pelos mais pequeninos do vosso rebanho, os meninos, vossos fiéis amigos:

Triunfai nas famílias, ó Divino Coração!

Por aquela deliciosa e invejável amizade de Betânia, onde não se temia senão um desgosto — a vossa ausência:

Triunfai nas famílias, ó Divino Coração!

Pela delicadeza que mostrastes aos esposos de Caná, e pela vossa ternura para com Madalena penitente:

Triunfai nas famílias, ó Divino Coração!

Pela condescendência que tivesse com Zaqueu, Simão fariseu… e pela sede de justiça que despertastes na venturosa Samaritana:

Triunfai nas famílias, ó Divino Coração!

(BREVE PAUSA)

Jesus. — Pois que viestes consolar-me, não termineis esta HORA SANTA, sem vos lembrardes dos preferidos do meu Coração: os pecadores, os pródigos, os extraviados, as ovelhas perdidas do meu rebanho… Oh! Como passam diante da Hóstia que Me esconde aos vossos olhos! Como desfilam os soberbos que ultrajam o meu aniquilamento… os blasfemadores, que Me cobrem de opróbrios! Os apóstatas e ímpios, que Me cospem o fel dos seus sarcasmos! Ah! Como é numerosa a legião dos ingratos!… Como é crescido o número dos que Me torturam com a sua glacial indiferença! Quem o havia de dizer?! Eu bem os vejo desde o meu Tabernáculo: há, entre eles, alguns traidores e desleais… Até crianças há… Ouvi mães: há crianças que atraiçoam o Coração de Jesus, seu Amigo.

A minha alma está triste até a morte pela perda de tantos infelizes pecadores… Ouvi: nesta mesma hora muito estão em agonia… Ajoelhai!… que uma fervorosa oração os livre do inferno e lhes abra o Céu do meu Coração, que os espera com o seu perdão e com a sua infinita misericórdia… São almas que Me pertencem… Confio de vós a sua Salvação.

(PAUSA)

As almas. — Graças, ó bom Jesus, por nos fazerdes participantes da vossa solicitude por estas almas desencaminhadas: são-nos caras, coisa vossa. Amamó-las pelas lágrimas que Vos custaram. Não podem perder-se eternamente, enquanto não estiver fechada a chaga do vosso Lado.

Ah! Esta chaga, que é o Paraíso do perdão, deve estar sempre aberta como o Céu. Acolhei, pois, benigno e misericordioso, a súplica, que pelo Imaculado Coração de Maria, Vos apresentamos em favor dos infelizes pecadores.

Não Vos esqueçais, ó Jesus, dos que há nas nossas próprias famílias…

(Todos repetem as palavras em itálico).

Triunfai dos pecadores, ó Divino Coração!

Pelas vossas mãos trespassadas, que a tantos abençoaram e sararam:

Triunfai dos pecadores, ó Divino Coração!

Pelos vossos pés encravados, que na terra deixaram os rastos da paz e do amor:

Triunfai dos pecadores, ó Divino Coração!

Pelos vossos lábios abrasados de sede, que falaram sempre a linguagem da misericórdia:

Triunfai dos pecadores, ó Divino Coração!

Pelos vossos olhos divinos, sempre iluminados pela luz do Paraíso, e chorosos por nossos pecados:

Triunfai dos pecadores, ó Divino Coração!

Pelo vosso Corpo santíssimo, convertido em chaga viva para dar vida ao mundo:

Triunfai dos pecadores, ó Divino Coração!

Pelo vosso Lado aberto, onde queremos refugiar-nos durante a vida, na hora da morte e por toda a eternidade:

Triunfai dos pecadores, ó Divino Coração!

(PAUSA E CÂNTICO)

Jesus. — Não saiais deste santuário meus bons amigos, sem vos lembrardes duma queixa sempre viva, como a chaga do meu Coração… sempre amarga, como a pena que me causam tantos cristãos, que se dizem meus amigos, tantos justos que me servem com tibieza… e me ofendem, andando a medir o seu amor! Se compreendêsseis as angústias do meu Coração quando os filhos da minha própria casa Me tratam com indiferença cortês, e uma respeitosa frieza… Aqueles mesmos que diariamente se sentam à minha Mesa Eucarística… que vivem há tanto tempo sob o sol dos meus favores… milhares de almas que seriam santas, se quisessem submergir-se no abismo deste Coração, onde encontram a vida espiritual, e cresceram por gratuita escolha do meu amor, a que tão mal correspondem… Sim, estas almas pertencem-Me; mas estão paralíticas pela tibieza. São corações amigos, mas sem zelo pela minha glória. Vêem-Me chorar na cruz, e não choram; vêem-Me nesta prisão solitária, e a minha solidão cansa-os… Não Me dizem nada… um frio glacial as matas, e Me fere… até fogem, como os apóstolos, deixando-Me só com a minha dor… e os meus anjos.

Almas, que vos pareceis à Verônica, que desejais enxugar as minhas amargas lágrimas, reparai no meu Coração cruelmente ferido pela falta de delicadeza, de generosidade, de zelo e tão grande número de almas, que se dizem e são minhas! Cantai-me cânticos de amor, de amor ardente… Cantai o triunfo da minha glória, do meu Coração, para Me esquecer da tristeza que Me causam as numerosas ofensas dos meus filhos mais amados… Sou ferido cruelmente pelos que habitam na minha casa!

Vós que tendes amor e zelo, apiedai-vos deste Jesus, que procura confidentes, apóstolos e amigos e não os encontra… Ele fala, sofre e salva… desde a cruz!…

Se deveras Me quereis, consolai-Me com a vossa afeição, com o vosso grande desejo de santidade…

(BREVE PAUSA)

As almas. — Também eu, Senhor, tenho sido dos tíbios, que têm andado longe do vosso Coração, com medo do sacrifício. Hei temido as santas exigências do vosso amor e da vossa ternura… ver-me preso nas redes do vosso Amor… Hei fugido ao pensamento de cair nos vossos braços e de me dar sem reserva e para sempre ao vosso Coração vencedor…

Perdoai esta vileza, Senhor Jesus! Perdoai e esquecei esta apatia culpada, esta falta de amor, esta irresolução do sacrifício dum tão grande número de amigos vossos, que Vós destináveis a uma alta santidade, a uma grande glória… Perdoai, Jesus e triunfai!

Pelas primeiras palavras de ternura, que, na vossa primeira infância, fizeram sorrir a vossa dulcíssima Mãe:

(Todos repetem as palavras em itálico)

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

Pelas palavras do sermão da montanha, onde ensinastes as bem-aventuranças:

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

Pelas palavras de intimidade e consolação, dirigidas aos vossos amigos de Betânia:

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

Pelas palavras de zelo, com as quais chamastes os apóstolos, primeira semente e esperança da vossa Igreja:

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

Pelas palavras de inefável bênção, que tiveste para a infância, sempre tão cara ao vosso Coração:

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

Pelas palavras de caridade e esperança que de Vós ouviram os enfermos, aflitos e pobres:

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

Pelas vossas incomparáveis promessas aos infelizes, humildes e abandonados:

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

Pelas palavras de infinita doçura, com que Vos despedistes dos vossos na incomparável noite de Quinta-feira santa:

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

Pelas palavras com que no alto do Calvário nos legastes a vossa Mãe:

Triunfai dos justos, ó Divino Coração!

 

(PAUSA)

Jesus. — “Vim trazer fogo a terra, e que quero Eu, senão que ele se acenda? Para realizar este amoroso desígnio, aqui está o Coração, que tem amado aos homens até ao sacrifício permanente do altar na Eucaristia! Fiquei, por amor de vós, preso na terra… e a terra lança-Me no cativeiro da indiferença, do desdém, do cruel esquecimento. A minha prisão é glacial. Onde estão aqueles que remi? Onde as almas que consolei e salvei da morte? Onde os que alimentei no deserto com pão miraculoso? Que é das almas cegas, os corações leprosos, curados na fonte prodigiosa do meu Coração trespassado? Ah! Gemei comigo, vós meus amigos, que viestes quebrar o silêncio doloroso da minha prisão de amor! Eu estava preso e viestes visitar-Me! Não Me desampareis! Levai-me dentro dos vossos corações amantes! Depois ide contar ao mundo o meu amor e o abandono em que estou! Trazei-Me aqui: que venha a Mim esse mundo infeliz sequioso de consolação… Trazei-Me almas. Despertai nelas a sede da sagrada Comunhão!… Pregai a minha Eucaristia e glorificai a Hóstia, onde vivo, Eu, Jesus de Nazaré, de Betânia e do Calvário. Vinde a Mim neste sacramento; honrai-Me nele; amai e fazei amar o meu dolorido Coração…

(PAUSA)

As almas. — É a nossa grande ambição, Jesus Eucaristia, atrair as almas para o vosso Sacrário, e inspirar-lhes tal amor por Vós, que em Vós só busquem o seu eterno asilo. Para isso depomos no altar de ouro do Imaculado Coração de Maria uma súplica que dulcificará a amargura do vosso cárcere. Escutai-nos, Jesus Sacramentado:

Pelo ultraje da vossa prisão no Horto e pelo beijo traidor que Vos entregou:

(Todos repetem as palavras em itálico)

Triunfai na Eucaristia, ó Divino Coração!

Pela cruel bofetada de Malco, que afrontou a vossa divina face:

Triunfai na Eucaristia, ó Divino Coração!

Pela selvagem irrisão e brutal ironia, de que fostes vítima na noite angustiosa de Quinta-feira Santa:

Triunfai na Eucaristia, ó Divino Coração!

Pela ignomínia da flagelação de escravo, a que Vos condenou um juiz covarde:

Triunfai na Eucaristia, ó Divino Coração!

Pelo vilipêndio de serdes vestido e tratado como louco:

Triunfai na Eucaristia, ó Divino Coração!

Pela afronta vivíssima de serdes comparado e proposto a um criminoso comum:

Triunfai na Eucaristia, ó Divino Coração!

Pela bárbara fereza com que um verdugo, sem respeito à vossa agonia, amargurou os vossos lábios com fel da nossa ingratidão:

Triunfai na Eucaristia, ó Divino Coração!

(BREVE PAUSA)

Senhor, Vós reinareis pelo vosso Divino Coração, apesar do demônio e seus seguidores. Sim, Vós reinareis.

O povo será vosso, porque Vós haveis de dominá-lo com o brando cetro da misericórdia; e ele, tranqüilo, ou agitado como o oceano, há de Vos sempre cantar e aclamar seu Rei. Apressai, portanto, ó Jesus o triunfo prometido do vosso amável Coração!

Senhor, Vós reinareis glorificado pela vossa Santa Igreja… Ela colocará sobre a vossa fronte um diadema de almas, e Vós sereis exaltado acima de todas as potências do céu, da terra e dos abismos… Apressai, portanto, ó Jesus, o triunfo prometido do vosso amável Coração!

Senhor, Vós reinareis, cantado e bendito pelos lares que as vossas dores consagraram, e a vossa Mãe Santíssima santificou… Sereis ali “entronizado” pela vossa ternura. Apressai, portanto, ó Jesus, o triunfo prometido do vosso amável Coração!

Senhor, Vós reinareis, atraindo ao abismo de vida que é o vosso Coração, os pecadores endurecidos, que ora Vos recusam o seu amor e as suas adorações… Vós quebrareis as suas cadeias, e lhes restituireis a sua liberdade no cativeiro do vosso amor… Apressai, portanto, ó Jesus, o triunfo prometido do vosso amável Coração!

Senhor, Vós reinareis na Hóstia Santa, vencereis na Sagrada Comunhão, dominareis a terra com a amável onipotência da vossa divina Eucaristia… Sim, por ela, atraireis novamente a Vós os homens que conquistastes, amando-os até derramar o sangue por eles, até morrer por eles na cruz, até Vos imolardes por eles na Eucaristia. Apressai, portanto, ó Jesus, o triunfo profundo do vosso amável Coração!

(Um Padre Nosso e Ave Maria pelas intenções das pessoas presentes. Um Padre Nosso e Ave Maria pelo triunfo universal do S. Coração, especialmente por meio da Comunhão diária, da HORA SANTA e Entronização do S. Coração nos lares).

ATO FINAL DE CONSAGRAÇÃO

Amantíssimo Jesus, o fogo divino que vieste trazer a terra, acendeu-se em nossas almas. Inflamados nele, não sabemos já desejar nem buscar senão a vossa glória.

Vós o dissestes, revelando as maravilhas do vosso Coração e o último esforço para a salvação dos homens. Apoiados nas vossas revelações, acudimos ao vosso altar em busca de palavras de vida eterna, e ao vosso Coração adorável, sequiosos das águas, que devem regenerar o mundo, dando-lhe a vida do vosso amor.

Ah! Sede Rei dos ingratos, que Vos consideram um soberano decaído das suas almas felizes… Retomai o vosso império sobre eles, pelo vosso perdão.

Sede Rei dos apóstatas que Vos consideram rei de farsa, e que, desdenhosos, querem quebrar o cetro da vossa realeza. Restituí-lhes a luz da fé que perderam, e vingai-Vos, perdoando suas traições!

Sede Rei das multidões sublevadas pelo Sinédrio que Vos aborrece… Aplacai esse oceano embravecido de almas pervertidas, desorientadas. Reinai pelo vosso Evangelho e ganhai o coração do povo pelo vosso Coração!

Sede Rei de tantas almas boas, porém tímidas e apáticas, que receiam ser exageradas no tributo de amor que Vos devem… Derretei o gelo dos seus corações, sacudi-lhes o sono funesto em que vivem, enquanto o mundo Vos julga e condena!

Sede Rei das famílias! Levantai no meio delas o vosso trono, inspirai-lhes a vida de trabalho, de amor e de sofrimento, particularmente às que Vos deram em sua casa um lugar de honra!

Sede, finalmente, Rei nos Sacrários, e que o silêncio da vossa prisão seja interrompido com um hino mundial, o hino das famílias, dos povos, das nações: hino de amor, que ressoe em toda a superfície da terra resgatada por Vós:

Louvor ao Divino Coração que nos trouxe a salvação! A Ele, só a Ele, honra e glória por séculos e séculos!

Venha a nós o vosso Reino. Amém.