HORA SANTA – MÊS DE MAIO

Postado dia 03/05/2018

 

 

Nós Vos adoramos, Jesus Sacramentado[1], e Vos bendizemos, porque pelo Vosso divino Coração redimistes o mundo… Salvai-nos por ele, como prometeste à vossa serva Margarida Maria… Salvai-nos pelo Coração de Vossa Mãe Imaculada.

(De joelhos e com profundo recolhimento pedi luz para conhecer o seu divino Coração, e graça para o amar e procurar a sua glória).

(BREVE PAUSA)

Confidência de Jesus. — (Lento e pausado). Não fostes vós que Me escolhestes… Fui Eu que vos escolhi e predestinei entre mil, para vos fazer participar aqui, em sublime intimidade comigo, durante esta HORA SANTA, das confidências, do amor, das graças que tenho encerradas em meu Coração…

Aproximai-vos, estendei-me os braços, arrancai-me da cabeça estes espinhos, dai-me alívio, pois desfaleço de amor e de amargura. Aproximai-vos, porque vos tenho amado, amado muito, muito! Se estais aqui, na ceia deliciosa da minha caridade, tão perto do Senhor dos anjos, sentindo o calor do meu Coração, é porque gratuitamente vos preferi… Vós sim, que sois meus. Eram escravos, e agora sois filhos… Vinde, portanto, e compartilhai o pão das minhas dores à sombra deste Getsemani…

Preciso abrir-vos a minha alma, porque nela há tristezas que os anjos ignoram… lágrimas, que o Céu não derrama. Ouvi as minhas dolorosíssimas e mais íntimas confidências. Se não podeis sondar toda a profundeza das minhas angústias, não importa: tendes também uma fibra, que vibra ansiosamente ao contato da dor e da luta… Os espíritos angélicos vêm sustentar-me neste horto de agonia… vós podeis recolher as minhas lágrimas, compartilhar a minha Paixão, suavizar as minhas dores. Aqui, aos meus pés, desprendei-vos do mundo, esquecei as suas hipócritas mentiras, e até a lembrança das suas vaidades… Consolai o Deus prisioneiro, que deseja comunicar-vos o seu amor doloroso, o seu amor crucificado… amor que, na tortura da agonia, deu a paz e a vida ao mundo.

(PAUSA)

A alma. — Fazei, Senhor, que eu veja… fazei que eu saboreie o fel do tédio mortal da vossa alma; concedei-me penetrar no mais íntimo dela… Divino Agonizante, sede benigno, e, embora eu seja um vil pecador, deixai que meus lábios provem, nesta HORA SANTA, o cális de Getsemani… Dai-me de beber em vosso Coração, “Sitio”, tenho sede de Vós, Jesus Sacramentado!

(BREVE PAUSA)

Voz do Sacrário. — Vós conheceis-Me porque escutais as minhas palavras de vida eterna… e conhecendo-Me a Mim, conheceis a meu Pai, porque Eu sou o caminho que a Ele conduz… Porém, há muitos irmãos vossos criados para Me adorarem, remidos para Me bendizerem, mas que levantam conta o céu este grito de blasfêmia de paz, até ao meu altar de mansidão, esse grito feroz, eco da rebeldia de Lúcifer. Esses mesmos que Me negam vivem de Mim, agitam-se no pélago da minha bondade, e negam-Me com as suas palavras, repulsam-Me com as suas obras… Só Eu não existo para eles; o meu nome perturba-os, o meu jugo suave aterra-os, o meu Calvário irrita-os… e blasfemam de mim!…

(BREVE PAUSA)

Buscam a paz! Que paz pode ter quem não adora, não espera não Me quer a Mim que sou a vida?… Com que sobranceria prescinde de Mim em tudo, em tudo absolutamente, pequeno ou grande, muito ou pouco da sua vida!… Não tenho parte no carinho das mães, nas preocupações e desvelos dos pais, no afeto dos filhos… Sou absolutamente excluído das alegrias do lar… Estas famílias recusam-Me até um vago pensamento nos seus lutos, esquecem-se completamente de Mim nas suas empresas, nos seus planos, nas suas incertezas, nas suas desventuras… Acreditá-lo-íeis? Eu, o Criador, o Redentor, não tenho no coração e no pensamento de milhares de famílias o lugar que lhes ocupam os pássaros e as flores das suas casas! Assim me paga o mundo ter-Me Eu por ele entregue a morte da cruz, e mais ainda, a mística morte da Eucaristia.

(Rezemos em voz alta, com fé ardente, o Credo em reparação solene da negação de Deus e de Jesus Cristo, negação proclamada por tantos infelizes incrédulos).

(PAUSA)

Voz do Tabernáculo. — Há séculos o meu Coração dolente trasborda de lágrimas… Quantas almas resgatadas com o meu sangue se perdem! Destinadas a abrasar-me nas chamas do meu amor, caíram já em meio doutras chamas horrendas e vingadoras… E elas pertenciam-me… Vede: desde o inferno amaldiçoam o meu presépio de Belém, a minha pobreza, o meu chamar pelos homens. Amaldiçoam a cruz, marcada com sangue na sua consciência: amaldiçoam a minha Igreja, que lhes ofereceu os tesouros da Redenção; amaldiçoam a minha Eucaristia, desdenhada por elas, que certamente gozariam agora duma eternidade feliz, se tivesse alimentado do Pão da imortalidade, do meu Coração sacramentado… E quantos destes réprobos vieram tanta vez, como vós hoje prostrardes-se a meus pés!… Chamei-os, corri atrás deles, apertei-os ao meu peito: mas eles desataram este abraço divino… Escolheram o gozo dura instante, e a pena duma eterna dor!… Eram almas minhas!… Angústia suprema! Foi ela que Me dilacerou a alma no horto à vista da sua eterna condenação. Todas foram minhas! Minhas todas essas inumeráveis legiões de almas condenadas ao suplício duma cólera infinita! Tive-as sobre o meu peito, à beira do abismo amoroso do meu coração. Outro abismo arrebatou, mas para sempre.

São hoje, como lágrimas arrancadas aos meus olhos, vassalos desterrados para sempre do meu reino… Filhos expulsos para sempre, do meu lar celestial. Fecharam-se sobre elas as portas do inferno… Ficou aberto o meu Coração à força dessa angústia inconcebível… Aberto para vós que me amais. Encontrareis dentro dele a vida sobre abundante, o céu… A felicidade eterna!

(BREVE PAUSA)

Voz da alma. — Beijo as vossas mãos trespassadas, ó Jesus, e pela vossa agonia no horto livrai, Senhor, os “consoladores do vosso Coração” das chamas do inferno…

Beijo os vossos pés atravessados, ó Jesus, e pela vossa agonia no horto livrai os “amigos do vosso Coração” da condenação eterna…

Beijo o vosso Lado aberto, ó Jesus, e pela vossa agonia no horto, livrai os “apóstolos do vosso Coração” do suplício de Vos amaldiçoarem eternamente…

(BREVE PAUSA)

Voz da alma. — Quereis saber por onde se vai mais facilmente à condenação final?… Pela ingratidão… pelo abuso da misericórdia dum Deus todo amor… Eu sou Jesus, isto é, Salvador… Vim para aqueles que precisam de médico, de força, de paz… para aqueles sobretudo que precisam de perdão, de misericórdia, de amor. A todos indiquei a piscina que guarece todos os males — o meu Coração que tudo perdoa! Nunca recusei o perdão a quem Me rogou com humilde contrição! Nunca! E porque a minha bondade é infinita, porque espero pacientemente o pródigo, porque lhe esqueço os seus desvarios, porque festivamente acolho a ovelha desgarrada que volta ao redil do meu amor… parece que por isso mesmo, tantos enchem a medida da ingratidão, e condenam-se pelo abuso da absolvição que lhes dou… Não vales, meus filhos por esse caminho da ingratidão; e chorai a cegueira de tantos vossos irmãos, que Me ofendem, por Eu ser para eles o dulcíssimo Jesus.

(Pedi perdão pelo abuso da misericórdia divina, especialmente nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, dizendo):

A alma. — Ó Jesus, que posso eu, que Vós me não tenhais dado?

Que valho eu, se não estou junto de Vós?

Que sei eu, que Vós me não tenhais ensinado?

Que mereço se não estou a Vós unido?

Perdoai-me as culpas que cometi contra Vós!…

Pois me criastes sem eu o merecer…

E me regatastes sem Vo-lo pedir…

Muito fizeste em me criar…

Muito mais em me remir…

Não sereis menos poderoso em me perdoar…

Pois o sangue que derramastes…

E a morte que sofrestes…

Não foram pelos anjos que Vos louvam…

Mas por mim e pelos pecadores que Vos ofendem…

Se Vos neguei, deixai-me reconhecer-Vos…

Se Vos injuriei deixai-me louvar-Vos…

Se Vos ofendi, deixai-me servir-Vos…

Porque a vida que não é passada em vosso serviço…

Morte se deve chamar e não vida…

(PAUSA)

Confiança de Jesus. — “Tenho ainda outra coisa a confiar-vos… Escutai-me com toda a atenção, porque vou falar-vos de minha Mãe… Nunca Ela esteve ausente da minha lembrança, e o seu nome fazia latejar o meu coração nas horas de solidão e agonia… No jardim de Getsemani, oh! Quanto pensava nela! Vi-A chorar a morte de seu Filho Cristo e a de seus filhos cristãos… e a sua dor fez transbordar o cálice da minha amargura… Quando Me prenderam à coluna, os algozes dilaceravam-Me a carne, e flagelavam ao mesmo tempo a Virgem Mãe, que Me tinha dado este corpo puríssimo, pelo qual Eu era vosso irmão… E quando salpicavam de sangue os muros do Pretório, vi no decurso dos séculos, os ultrajes que fariam à minha Mãe aqueles que haviam de negar a sua maternidade divina, ofendendo assim ao mesmo tempo Filho e Mãe… Quantos presumem adorar-Me, deixando-A a Ela em glacial esquecimento, que magoa vivamente o meu coração de filho… Maria é vossa Mãe… amai-A e fazei-A amada… Procurai-Me, dai-Me uma grande consolação durante a HORA SANTA: Pensai nas minhas lágrimas e nas de minha Mãe dulcíssima, para consolardes assim o meu entristecido Coração!…

(Pedi perdão ao Senhor Jesus pela dor que lhe causa a indiferença de tantos católicos para com a sua Mãe… tantos dissidentes protestantes, que lhe recusam o seu amor, porque desprezam ou negam a dignidade e prerrogativas da Virgem Maria).

(BREVE PAUSA)

“E agora falai-Me vós, cujos nomes tenho escritos no meu coração… Dizei-me palavras brotadas do mais íntimo das vossas almas, unidas à minha pelos laços da dor e do amor… Se tendes penas, contai-Me; se sentis o tédio da vida, e o sobressalto da morte, dizei-Me. Falai-Me especialmente dos santos desejos que tendes de Me ver consolado… e o vosso desejo de Me contemplar Rei do Amor, pela misericórdia do meu Sagrado Coração… Falai que vosso Deus escuta-vos”.

(PAUSA)

As almas. — Senhor Jesus, nesta HORA SANTA trazemos a vossos pés uma queixa amabilíssima: Eis-nos diante de Vós, cheios dos vossos benefícios, carregados de vossos favores, enquanto Vós, ó bom Mestre, cansado e agonizante, arrastais a cruz das nossas iniqüidades. Ah! Não é possível que deis aos culpados a deliciosa carga dos vossos favores, o cálice da vossa ternura, reservando para Vós só as angústias da agonia, o fel do esquecimento, e das inumeráveis perfídias da terra. Reparti, pois, ó Jesus Sacramentado, reparti conosco nesta HORA SANTA todas as vossas tristezas; e, apesar de não o merecermos, aceitai-nos como cireneus, no caminho desolado e doloroso, que leva ao alto do Calvário! Desde agora Vos agradecemos os dissabores da vida. Não só os aceitamos resignados, como justa expiação dos pecados, nossos e alheios, mas bendizemos-vos pelos espinhos que semeastes no nosso caminho com planos de misericórdia!… Vós bem sabeis quanto a nossa natureza sente a enfermidade… a pobreza… a calúnia… a ingratidão… o esquecimento… o cansaço de viver… a tristeza… a incerteza.

Falamos com Jesus de Nazaré, nosso Irmão, cujo Coração de carne — Ah! Divina e deliciosa fraqueza! — Sentiu as fraquezas do coração humano! Nós Vos bendizemos pelas amargas desilusões das criaturas, que nos desapegam de si. Permitis, às vezes que encontremos nelas, com legítimo afeto, consolação para o nosso espírito… E num instantes rompeis esses laços, e dilacerais as nossas almas… porque, com uma exigência cheia de amor, quereis para Vós, inteiro, o nosso Coração.

Graças, ó Jesus, por estas vossas divinas e amáveis crueldades! Graças! E da mesma maneira com que tratais o coração dos homens, assim, ó irresistível Soberano, fazeis com a sua saúde; e das doenças corporais tirais o bem-estar das almas: transformais os reveses da fortuna em manancial de Fé, a fome e a desventura, em ressurreição e vida!…

Sede mil e mil vezes bendito, Coração previdente, benigno e salvador, que das nossas profundas desolações fazeis rebentar fontes de paz, doçuras inefáveis, delícias celestiais!…

Divino Agonizante de Getsemani, nós Vos louvamos e bendizemos, pelas tribulações e provas com que procurastes fazer-nos participantes da glória da vossa Paixão…

Espinhos do Sagrado Coração de Jesus formai uma coroa que cerque o meu coração!

Torturas a agonias do S. Coração de Jesus extingui a minha sede de afeições humanas e de felicidade terrena!

Cruz bendita, e chamas do S. Coração de Jesus, crucificai a minha sensualidade e o meu orgulho!

Chaga sangrenta do S. Coração de Jesus, dai-me entrada nesse Horto de Agonia, centro de amor, e de sublime santidade.

(PAUSA)

O anátema duma tremenda e divina justiça, que arranca ao vosso amor tantas almas infiéis, traspassa o vosso Coração, ó amado Salvador!… E fere também o nosso ansioso de Vos glorificar, de ver santificado o vosso nome e utilizado o vosso sangue em toda a terra.

Seremos felizes, se pudermos, durante esta HORA SANTA, com a nossa prece de reparação ao vosso Coração Eucarístico, impedir que, pelo menos, uma alma caia no inferno!

Acolhei, Senhor, esta oração, e salvai tantas almas, que estão em risco de se perderem.

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei os orgulhosos que repelem, os incrédulos que negam a existência dum Deus Criador do Céu e da terra, de tudo quanto existe.

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei, ó amado Salvador, os infelizes que negam a maravilha da vossa Incarnação, que não querem reconhecer-Vos nosso Irmão, segundo a humana natureza!

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei todos quantos propagam estas negações e fazem delas bandeira de guerra para combater o vosso Evangelho e os vossos direitos soberanos…

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei todos quantos, seduzidos por tenebrosas doutrinas, apostatam e negam o Vosso amor e a vossa Lei…

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei aqueles que preparam, com raiva infernal, a ruína das instituições cristãs, aqueles que juraram a vossa derrota e a da vossa Igreja…

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei aqueles, que, por ódio à vossa Pessoa adorável, pretendem apagar a idéia da vossa Cruz na consciência da criança, e arrancá-la à alma do povo e das famílias…

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei aqueles, que, sob pretexto de ciência e com delicadeza de forma, pretendem eliminar pouco a pouco, a vossa Pessoa divina de todas as manifestações da vida humana…

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei aqueles que por uma deplorável ignorância não fazem caso da vossa palavra, e vivem descuidosos, longe de fé e da atmosfera da vossa graça…

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

Convertei, enfim, ó Jesus, os milhões de almas que em terras longínquas vivem, se agitam e morrem na sombra do paganismo e da heresia…

Convertei-os, ó Jesus, pelo vosso divino Coração!

(PAUSA)

Quisestes, ó Jesus, confiar-nos o Coração da Virgem Mãe, afim de repararmos as vossas e as suas penas, causadas pelas ofensas dos que se dizem cristãos e ousam renegar a vossa última palavra a S. João no Calvário: “Filho, eis aí a tua Mãe!”

Senhor, confundidos com a vossa bondade, aceitamos esta dádiva inefável, e para desagravar os ultrajes dessas almas, oferecemos-Vos as penas, lágrimas e orações de todas as mães que Vos adoram sobre a terra, e aclamam Maria sua Rainha…Vós sabeis quanto valem, como oram, como amam, como sofrem essas almas heróicas… Lembrando-Vos da vossa Mãe Imaculada, das lágrimas que chorastes, vendo-A chorar a vossa ausência e as penas da vossa dolorosa Paixão, escutai as mães, que reparam, sofrendo, junto de vossos pés ensangüentados… Vede como imploram com fé ardente, a salvação das suas famílias!… Ouvi como aclamam a vossa realeza, sobre o berço dos seus pequeninos, sobre a tumba dos seus esposos… Elas imploram-Vos, Senhor, a vitória decisiva do vosso Coração… Elas confiam-Vos os tesouros todos do seu amor… Ah! Quantas tremem pelo futuro cristão dos seus filhos! Quantas antevêem já, com acerba angústia, as tristes conseqüências dos seus primeiros desvarios! Muitos advertem, com as lágrimas nos olhos, que as festas mundanas, as amizades frívolas, as leituras perigosas, envenenam as consciências dos seus filhos, e lhes comprometem a salvação eterna!…

Vós confiastes delas as almas de seus esposos e filhos, ó amável Salvador, e elas depositaram-nas com amor no altar do vosso Sagrado Coração! Ó Jesus, durante esta HORA SANTA, lembrai-Vos da vossa Mãe, como outrora no jardim das Oliveiras, e pela sua ternura, e pelas suas virtudes, e pelos seus sofrimentos, salvai os lares, salvai as famílias!

Senhor, se a oração duma só mãe pôde comover-Vos o Coração e obter-lhe a ressurreição dum filho, fazei que a súplica de tantas mães desoladas obtenha, durante esta HORA SANTA, a santificação das suas casas, para glória do vosso Coração Divino, ó Rei de Amor!

(Peçamos-lho com todo o fervor da nossa alma).

(PAUSA)

Vós mesmo solicitastes, ó amável Prisioneiro do altar, a companhia consoladora da HORA SANTA… Venceu o vosso amor. Bem vedes: deixando tudo, viemos com santa solicitude a reclamar o advento do vosso reino. Que esperais, ó Jesus, para triunfar, quando esta é hora da misericórdia e do poder irresistível do vosso amor? Antes, pois, de Vos deixarmos imerso na sombra suavíssima da vossa prisão sacramental, deixai-nos levantar um grito de amor triunfante.

(Todos repetem em alta voz as palavras em itálico).

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Apressai-vos, Senhor, e vinde reinar antes que o Demônio e o Mundo tomem posse das consciências e profanem, na vossa ausência, todos os estados da vida!…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Avançai, ó Jesus, e reinai nos lares, com a paz inalterável prometida às famílias que Vos receberam com hosanas de vitória!

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Não tardeis, Mestre amado, pois sobre muitos deles pesam aflições e amarguras, que só Vos podeis remediar…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Vinde, porque sois forte, porque sois o Deus das batalhas da vida; vinde e mostrai o vosso Coração traspassado, como celestial esperança nas angústias da morte…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Sede Vós o fim prometido às nossas fadigas, o inspirador, e a recompensa de todas as nossas ações…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Não esqueçais os vossos privilegiados, os pecadores; não esqueçais que sobretudo para eles revelastes as ternuras inextinguíveis do vosso amor!…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

São tantos os tíbios, ó bom Mestre! Tantos os indiferentes… Inflamai-os com esta admirável devoção…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

“Aqui está a vida” dizeis Vós, mostrando o Lado aberto… Permite-nos, pois, beber nessa fonte divina o fervor, a santidade, a que aspiramos…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Para corresponder aos vossos desejos a vossa imagem está entronizada em muitas famílias. Sede para sempre nelas o Soberano bem amado!

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Dai palavras de fogo e persuasão irresistível aos sacerdotes que Vos amam e prega como S. João, vosso discípulo amado…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

E para aqueles que ensinam esta sublime devoção, para os que publicam as suas inefáveis maravilhas, reservai, ó Jesus, no vosso Coração, um lugar de eleição depois daquele onde está gravado o nome da vossa Mãe…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

Finalmente, Senhor Jesus, dai-nos o Céu do vosso Coração, a nós todos que durante esta HORA SANTA nos compadecemos da vossa agonia. Por esta hora de consolação, e pela comunhão das primeiras sextas-feiras, cumpri em nós a vossa promessa inefável. E no instante supremo da nossa morte reinai em nós…

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

(PAUSA)

Senhor Jesus, pudemos velar uma hora convosco em Getsemani, e gostosos ficaríamos aqui presos no vosso Tabernáculo. Mas temos de ir embora. Levamos conosco a Vossa paz, a vossa consolação divina, a vossa vida… Despedimo-nos com alegria de termos dado, ó Mestre amado, o testemunho consolador, da nossa reparação, fé e amor, que Vós pedistes à vossa confidente, Margarida Maria…

Escutai Senhor, a nossa última oração:

Coração agonizante de Jesus triunfai… Sede a perseverança da fé e da inocência das crianças que Vos recebem… Sede o seu amigo!

Coração agonizante de Jesus triunfai… Sede a consolação dos chefes de família cristãos… Sede a sua vida!…

Coração agonizante de Jesus, triunfai… Sede o amor das multidões que sofrem… dos pobres que trabalham… Sede o seu Rei!…

Coração agonizante de Jesus, triunfai… Sede a consolação dos aflitos, das almas afogadas na desolação… Sede o seu irmão!…

Coração agonizante de Jesus, triunfai… Sede a força das almas tentadas… das frágeis. Sede o fervor e a consciência dos tíbios… Sede o seu amor!…

Coração agonizante de Jesus, triunfai… Sede o cetro da vida militante da Igreja… Sede o seu lábaro triunfante!…

Coração agonizante de Jesus, triunfai… Sede na Eucaristia a santidade e o paraíso das almas… Sede-lhes o Céu do seu Amor… Sede para elas tudo!…

E enquanto tarda o dia eterno e feliz, em que cantaremos as vossas glórias, deixai-nos, ó dulcíssimo Mestre, sofrer, amar e morrer nesta celestial ferida do vosso Lado, murmurando estas palavras de triunfo:

Venha a nós o vosso Reino!

(PAUSA)

(Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelas intenções das pessoas presentes. Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelo triunfo universal do S. Coração de Jesus, especialmente pela digna Comunhão diária. HORA SANTA e Entronização do S. Coração de Jesus nas Famílias…)

 

ATO FINAL DE CONSAGRAÇÃO

Ó Jesus, amor infinito, eu quero consagrar-me a Vós com todo o fervor da minha alma. Ofereço-Vos todo o meu ser na ara santa do vosso Coração; o meu corpo, que respeitarei como templo onde Vós residis: a minha alma que cultivarei como um jardim onde querereis repousar; os meus sentidos, que guardarei como portas da tentação; as potências da minha alma, que abrirei às inspirações da graça; os meus pensamentos que já se não pegarão mais às ilusões do mundo; os meus desejos, que tenderão à felicidade do céu: as minhas virtudes que florescerão à sombra da vossa proteção; as minhas paixões, que subjugarei, aos vossos mandamentos; os meus pecados até, que detestarei, enquanto houver ódio em meu coração; que chorarei, enquanto houver lágrimas nos meus olhos. O meu coração quer desde agora ser todo vosso, e para sempre, como Vós, ó Divino Coração, quisestes ser todo meu… Todo vosso, para sempre, sem culpas nem tibiezas… Servir-Vos-ei por aqueles que Vos ofendem; amar-Vos-ei por aqueles que Vos odeiam; pedirei, sacrificar-me-ei por aqueles que Vos blasfemam. Vós que vedes o fundo dos corações e conheceis a sinceridade dos meus desejos, concedei-me a graça que torna o fraco onipotente. Dai-me o triunfo nas batalhas da vida, e cingireis um dia a minha frente com uma coroa imortal na mansão da eterna glória… Vós mesmos sereis a minha recompensa, e a chaga deliciosa do vosso amável Coração será o meu Paraíso.

Venha a nós o vosso Reino!

 

[1]HORA SANTA .Doze Exercícios para a vigília da primeira sexta-feira e mais Sete para diversas circunstâncias pelo R. P. MATÉO GRAWLEI-BOEVEY dos Sagrados Corações (PICPUS), Primeira Tradução Portuguesa por P. Alexandre dos Santos, O. F. M, Edição do “Boletim Mensal” Braga – 1928, p 128/151