HORA SANTA – AGOSTO – R. P. MATÉO GRAWLEI-BOEVEY dos Sagrados Corações (PICPUS)

Postado dia 02/08/2018

 

COMENTÁRIO ÀS SETE PALAVRAS – A AGONIA DO CALVÁRIO E A AGONIA DO TABERNÁCULO

Ponhamo-nos na presença do Deus misericordioso do Calvário. Aqui, a dois passos de nós, nesta divina Hóstia, está Jesus; este Altar é o Gólgota onde Ele continua a remir o mundo que O desconhece. Aproximemo-nos para recolher com amor e fé as suas últimas palavras, como o testamento do seu Coração agonizante…

(Fazei, com fé viva, um breve ato de adoração).

(BREVE PAUSA)

“E depois que chegaram ao lugar que se chama Calvário, ali o crucificaram e aos dois ladrões”.

Que será o Céu, se o mesmo Calvário nos aparece tão grandioso e sublime na morte do Senhor Jesus?! Reparai: neste momento desce o véu misterioso que nos escondia Jesus, Beleza incriada, Santo dos Santos. Levantai com fé os olhos para aquele altar! É sempre o Gólgota o lugar da grande expiação… Não temais. Elevai a vossa vista e fixai-a naquela Hóstia… Anjos do santuário, gemei em silêncio para não perturbardes a misteriosa agonia do Amado! Só nós, os remidos, podemos falar-Lhe com vozes de amargura. Aproximemo-nos para recolher as suas últimas palavras, porque temos direito ao seu último suspiro!… Subamos ao Calvário. A Senhora das Dores espera-nos. Vamos: Maria Madalena, a arrependida, inspira-nos dulcíssima confiança… Oremos ao lado de S. João, o amigo fidelíssimo do Mestre moribundo… Aí está o nosso Deus cravado na cruz… Contemplemo-Lo!…

  1. Ai! Como é verdadeira a palavra do Profeta: “Desde a planta dos pés até ao alto da cabeça não há parte sã no seu Corpo adorável!” A sua fronte ungida com os ósculos de Maria está trespassada de espinhos… Abrasaram-se de sede os lábios que sorrindo, abriram uma aurora de paz sobre as almas afligidas… Lívida a boca que soube destilar bálsamo de doçura sobre todas as feridas… os olhos, onde brilhou para todos os culpados o fulgor da esperança, estão velados com a nuvem vermelha do seu sangue… Mas suas mãos atravessadas, nos seus pés crucificados estão escritas as histórias dos pródigos, a quem perseguiu sem tréguas o Coração de Bom Pastor. Lá está escrita também a nossa história de culpa e de perdão. Oh! Que imensa graça, e tão pouco meditada, essa do perdão e da misericórdia do seu amor!

Atendei: Jesus quer renovar neste momento, para nós, a absolvição da caridade.

O seu corpo, feito ele uma só chaga, treme de aflição… Levanta a cabeça, contempla com um olhar de luz e de amor infinitos este mundo que O mata, e deixando falar o seu Coração naquela Hóstia que adoramos, exclama:

“Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”.

(LENTAMENTE)

Não repareis, ó Pai, nos espinhos da minha coroa: Fui Eu que os procurei são fruto natural desta terra desgraçada. Perdoa à soberba humana que não conhece a missão que me confiaste… Perdoa aos meus verdugos, aos meus amigos covardes… Perdoa as culpas dos grandes, dos pequenos, dos pobres… Não os castigues que as criaturas são pó e trevas… Perdoa aos filhos… São tantos os abismos dos caminhos!… Esquece as baixezas, perdoa as perfídias… Pois todas estas ovelhas tresmalhadas Me pertencem. Não as castigues, ó Pai, pois não sabem o que fazem.

(PAUSA)

As almas. — Agora, ó Jesus, consenti unirmos a nossa oração à vossa!

Divino Salvador das almas, coberto de confusão me prostro na vossa presença, e dirigindo o meu olhar ao Tabernáculo solitário, sinto oprimirem-se me o coração ao pensar no esquecimento a que Vos lançam tantos dos vossos fiéis. Mas como me consentis com tanta bondade, que, nesta HORA SANTA, eu uma as minhas lágrimas às que derramou a vosso Coração, peço-Vos, ó Jesus, por aqueles que não pedem; bendigo-Vos por aqueles que Vos maldizem; e com toda a minha alma Vos louvo e adoro em todos os Sacrários da terra.

Escutai, pois, o gemido de expiação que uma dor sincera arranca ao nosso coração contrito e arrependido; ele pede-Vos piedade.

Para os nossos pecados, para os dos nossos parentes e amigos…

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Piedade, ó Divino Coração!

Para as blasfêmias e profanações dos dias santos…

Piedade, ó Divino Coração!

Para a libertinagem e escândalos públicos…

Piedade, ó Divino Coração!

Para os corruptores da infância e da mocidade…

Piedade, ó Divino Coração!

Para a desobediência sistemática à Santa Igreja…

Piedade, ó Divino Coração!

Para os crimes das famílias, para as culpas dos pais e dos filhos…

Piedade, ó Divino Coração!

Para os atentados cometidos contra o Romano Pontífice…

Piedade, ó Divino Coração!

Para os perturbadores da ordem pública e da sociedade cristã…

Piedade, ó Divino Coração!

Para o abuso dos sacramentos e ultrajes à vossa Santa Eucaristia…

Piedade, ó Divino Coração!

Para os vis ataques da imprensa e das sociedades secretas…

Piedade, ó Divino Coração!

Enfim, ó Jesus para os justos que vacilam, e para os pecadores obstinados que resistem à vossa graça…

Piedade, ó Divino Coração!

(PAUSA)

  1. É tão amável o Coração de Jesus, e é tão doce falar-Lhe aqui, durante a HORA SANTA, junto dos seus pés ensangüentados! Acabamos agora mesmo de Lhe implorar misericórdia para os pecadores, e já um eco da sua voz doce e benigna ressoa como um cântico de paz, anunciando um céu por que se suspira…

O bom ladrão falou em nome de todos os pecadores… Nós que vamos para a morte, quiçá, bem próxima, escutemos o amável Redentor, que nos responde, falando-nos do Paraíso:

“Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso!”

O arrependimento já te abriu o Céu do meu Coração. Espera, alma ditosa, que se dissipe o sono desta vida, e cantarás com os penitentes e com os anjos as misericórdias do teu Deus…

Almas pecadores, que gemeis, refugiai-vos nestas minhas chagas abertas pelas vossas culpas… Não temais… Nunca é tarde para solicitar a minha caridade… Quereis falar-Me também de irmãos vossos que lutam e agonizam?! Falai. Para todos sou Vítima. Irmão… Jesus!…

Coração de Jesus, dulcíssimo para os pecadores, um pecador Vos fala.

Coração de Jesus, amabilíssimo para os pobres, um mendigo Vos espera.

Coração de Jesus, saúde dos doentes, um enfermo Vos implora.

Coração de Jesus, caminho dos transviados, um pródigo Vos procura.

Coração de Jesus, consolo dos que choram, um desgraçado recorre a Vós.

Coração de Jesus, fidelíssimo amigo do homem, um amigo ingrato está aqui a chorar.

Coração de Jesus, sossego nas inquietações da terra, uma alma combatida clama pelo vosso socorro.

Coração de Jesus, fornalha inextinguível de amor, uma alma quer abrasar-se no fogo da vossa caridade.

Coração de Jesus agonizante, esperança dos moribundos, lembrai-Vos daqueles que nesta hora lutam com a morte. Como ao ladrão arrependido, prometei-lhes, ó Jesus, que expirando sobre vosso peito, ficarão convosco nesse incomparável Paraíso… Tende piedade dos agonizantes. Enviai-lhes dos lábios, que já não podem falar o cálice do vosso Coração piedosíssimo. Sede, ó Jesus, sede Jesus para os moribundos mais desamparados.

(Pedi pelos agonizantes).

(LENTO)

III. Junto da cruz, olhar fixo no divino Agonizante está Maria… ela que embalou com arrulhos de pomba, rodeada de anjos, este mesmo Jesus, então criancinha, adormecido no seu regaço. Como passaram velozes os dias de Belém! Dissiparam-se como um êxtase os trinta anos da inolvidável Nazaré. Ontem, Ele, a mesma tima de amor, Jesus Menino, pedia-lhe uma fatia de pão e um abraço maternal. Os seus cabelos, perfumados ontem com os seus beijos, e hoje empastados de sangue do Filho de Deus!

Mas Ele é sempre o seu Jesus… Quero-lhe com um amor mais forte que a morte. Antes que esta lhe venha roubar, quero Ele falar à Mãe Virgem, duma grande missão… Almas amantes, recebamos de joelhos o legado bendito de Jesus Crucificado:

Mulher, eis aí o teu Filho.

Na pessoa de João te confio todos os homens, e todos dou. São remidos pelas tuas lágrimas, resgatados pelo sangue que tu Me deste…

E tu João, meu apóstolo e amigo predileto:

Eis ai a tua Mãe!

Ama-a em meu nome, conforta-a na minha ausência, recolhe-a em tua casa… E que ela seja a Mãe de todos os homens, o consolo de todas as dores.

Almas compassivas que Me rodeais no Calvário deste Altar, sabei que Maria é vossa Mãe e é também minha Mãe. Somos irmãos desde esta hora de redenção.

(PAUSA)

As almas. — Que poderei oferecer-Vos, ó bom Jesus, em paga da doação sagrada da vossa Mãe? Recebo-a com amor na minha alma, e dou-lhe asilo debaixo do pobre teto que Vós mesmos não desdenhastes, e ofereço-Vos em paga, por suas mãos virginais, as dores destas pobres almas que Vós amais tanto. Em nome dela Mãe dolorosa, eu Vos peço que as visiteis nas suas dores, as ilumineis em suas dúvidas. Ah! Por ela, pela Virgem Mártir, eu Vos suplico dulcifiqueis, piedoso, as lágrimas de tantas mães… Daquelas que sempre choram sobre a campa dum filho… Por aquelas mães, sobretudo, que sofrem angústias mortais pela vida espiritual e pela salvação eterna dos seus filhos. E como o Coração Imaculado de Maria é o altar das vossas predileções permiti, ó Jesus, que sobre ele ofereçamos as nossas ações de graças, como reparação solene pelas ingratidões humanas.

Por meio, pois, das mãos da vossa dulcíssima Mãe, e em união com ela, Vos dizemos:

Por nos haverdes prevenido com o dom gratuito e inapreciável da Fé…

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pelo tesouro da graça e pela virtude da Esperança no Céu que é o termo das dores desta vida…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pela área salvadora da vossa Igreja, perseguida e sempre vencedora…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pela piedade incompreensível com que perdoais toda a culpa nos sacramentos do Batismo e da Penitência…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pela ternura que prodigalizais às almas aflitas, que, sofrendo Vos bendizem em meio das suas penas e da sua cruz…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pelos ardis do vosso amor na conversão maravilhosa dos pecadores mais endurecidos…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pelo benefício da paz ou da provação, da saúde ou da enfermidade, da pobreza ou da riqueza, com que sabeis resgatar as almas…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pelos singulares benefícios de tantos ingratos, que, esquecendo-os, abusam da saúde, do dinheiro e dos talentos, que, ó Jesus, só a Vós devem…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pela dádiva celestial, que nos fizestes, confiando-nos a honra e a guarda da vossa Mãe e do seu Coração Imaculado…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Pela vossa Santa Eucaristia, pela vossa companhia deliciosa, prometida até à consumação dos séculos…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

Finalmente, ó Jesus, por aquele Paraíso inefável que quisestes revelar-nos por meio da vossa serva Margarida Maria; pelo dom maravilhoso e incompreensível do vosso Coração…

Graças infinitas ao vosso amável Coração!

 

(PAUSA OU CÂNTICO)

  1. Conservemos a resignação e a paz no caminho doloroso, da vida… Quanto mais áspero e horrendo não foi o martírio de Jesus no seu patíbulo! Que espantosa soledade, a do divino Mestre crucificado no abandono inconcebível daqueles mesmos, que viveram saciando-se no banquete esplêndido do seu amor, da sua formosura, dos seus prodígios! Onde estão eles agora?

Mas há um pensamento que despedaça mais impiedosamente ainda a sua alma saciada de opróbrios. — Ele mesmo no-lo vai dizer num grito de angústia que foge do coração oprimido do adorável Nazareno ao morrer:

“Meu Deus, meu Deus, porque Me desamparaste?”

Vim aonde àqueles que Me mandastes remir… Não Me receberam, e levantaram uma cruz ao seu mesmo Salvador… Pai seja feita a tua vontade. Mas se eles me atravessaram as mãos e os pés. Tu porque quiseste abandonar-Me? Porém, não se faça minha vontade, mas a tua.

Em paga deste abandono, salva todos aqueles que Me confiaste… Que no meu Coração ferido sejam um comigo, como Tu e Eu somos um no amor.

Como este cálice é amargo! O meu Coração despedaça-se na tortura deste abandono!… Pai, porque Me abandonaste?

(PAUSA)

As almas. — Bom Pastor, já adivinho a dor que Vos arranca esse grito de amargura indizível; é a morte eterna do ímpio que se perde por Vos abandonar a Vós. Ah! E são tantos os que jazem submersos no abismo das trevas, sem fé, sem amor, sem esperança!… Lembrai-Vos deles, ó Jesus. Pelo abandono de vosso Pai não queirais, Redentor bendito, abandoná-los. Por eles, pelos descrentes das famílias… pelos corruptos do ensino e da imprensa…pelos inimigos do vosso Nome, pelos perseguidores da vossa Igreja…por tantos desafortunados que amaldiçoam a vossa cruz e os vossos altares. Vos rogo com todo o ardor da minha alma. Vos suplico os atraiais, lhes perdoeis…pela mansidão e agonia do vosso Coração adorável.

(PAUSA)

(Oremos pela conversão dos pecadores)

  1. Porque hoje esse extraordinário movimento de ódio contra Jesus Cristo, o doce e manso suplicado do Calvário? Porque essa cólera do povo, e a blasfêmia oficial das autoridades, e o encarniçamento dos sábios em apagar o seu Nome da face da terra?

Oh! Chorai almas fervorosas… Os seus implacáveis inimigos estão acumulando todo o fel da ingratidão e da perfídia para o chegar àqueles lábios, que depois de vinte séculos de ignomínia não se cansam de repetir, desde aquela Hóstia, uma palavra que nos revela toda a sua alma dolorida. Guardemo-la com comovido amor:

Tenho sede:

Sede abrasadora de Me sentir amado; sede ardente de viver a vossa vida afadigada; sede insuportável de vos dar paz, felicidade… e depois o céu para sempre!… Tenho sede das vossas lágrimas: chorai-as sobre o meu peito… Almas consoladoras, oh! Dai-Me de beber, e em paga vos abrirei no meu Lado as fontes da vida!… Amai-Me! Tenho sede!…

(PAUSA)

As almas. — Jesus, também nós, cansados da travessia do deserto, temos sede daquelas águas vivas que nos prometestes. Sede de Vós; sede que não será apagada, senão quando vier o vosso reino com o triunfo do vosso amante Coração… Não nos basta, Senhor, a vossa misericórdia para nós. Também são nossos os vossos interesses. Temos sede do vosso reinado. Rogamos-Vos, portanto, cumprais em nós as promessas que fizestes à vossa confidente Margarida Maria em favor das almas que Vos adoram na formosura inefável, na ternura indizível, no amor incompreensível do vosso Sagrado Coração.

Por isso Vos pedimos com lágrimas, em companhia de toda a Igreja Santa, e pela intercessão de Mãe Virgem, e pela honra do vosso Nome, apresseis o advento, estabeleçais já o reinado do vosso amante Coração.

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

(As doze promessas): 1º Depressa, Jesus, e reinai antes que o mundo e o demônio se apossem das consciências, e profanem na vossa ausência todos os estados da vida.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

2º Adiantai-vos, Jesus, e triunfai nos lares! Reinai neles pela paz inalterável prometida ás famílias que Vos receberam com hosanas.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

3º Não Vos demoreis, Mestre amado, porque muitos deles padecem aflições e amarguras, que Vós só prometestes remediar.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

4º Vinde, porque sois forte, Vós o Deus das batalhas da vida: vinde, mostrando-nos vosso peito ferido, como esperança celeste no transe da morte.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

5º Sede Vós o êxito prometido dos nossos trabalhos, sede Vós a inspiração e recompensa de todas as empresas.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

6º E os vossos prediletos, os pecadores, não esqueçais que para eles, sobretudo, revelastes as ternuras inextinguíveis do vosso amor.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

7º Ah! São tantos os tíbios, bom Mestre, tantos os indiferentes!… Inflamai-os, santificai-os com esta admirável devoção.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

8º “Eis aqui está a vida” dissestes: mostrando-nos o peito atravessado: Permiti nos beber aqui o fervor e a santidade a que aspiramos.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

9º A vossa imagem foi entronizada, a pedido vosso, em muitas famílias: em seu nome Vos suplicamos sejais sempre o seu Senhor, e Rei adorado.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

10º Dai palavras de fogo, persuasão irresistível e vitoriosa aqueles sacerdotes que Vos amam e prega como S. João o vosso discípulo amado.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

11º E a quantos propagam esta devoção sublime, a quantos publicam as suas inefáveis maravilhas, reservai, ó Jesus, no vosso Coração um lugar de preferência, perto daquele que reservastes para vossa Mãe.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

12º E por fim, ó Jesus, dai-nos a todos o Céu do vosso Coração, a todos os que temos compartilhado a vossa agonia na HORA SANTA. Por esta hora de consolo, e pela Comunhão reparadora das primeiras sextas-feiras, cumpri em nós a vossa promessa inefável. Na hora decisiva da nossa morte.

Venha a nós o reinado do vosso amante Coração!

(PAUSA)

  1. “A minha paz seja convosco”, almas amigas do meu Coração, pois tive sede e deste-Me de beber. Agora sim: confiado já a vós o zelo da honra do meu Nome, posso exclamar:

“Tudo está consumado”.

E se alguma coisa faltar à minha obra redentora, completa, ó Pai, o que falta à minha Paixão com a misericórdia inexaurível do meu Coração.

Restituo-Te, ó Pai, aqueles que Me confiaste… Se algum se perdeu não foi por falta de misericórdia. Peço-Te pela minha Cruz, e pela minha ternura, multipliques o número dos eleitos e dos santos na minha Igreja. Consuma, ó Pai, a obra do teu Unigênito Crucificado, glorificando-Me sobre a terra que bebeu o meu Sangue… Entregue-Te a minha alma e todas às minhas almas remidas: mas deixa-lhes o meu Coração, herança dos pecadores, dos pobres, e de quantos se consomem no desejo de crescer na intimidade do meu amor.

(PAUSA)

AS almas. — Vós o dissestes, ó Jesus, o vosso Coração nos pertence. Contemplai, pois, por ele a vossa obra, santificando todos quantos têm desejo de Vos seguir até ao sacrifício. Aumentai a nossa fé, reavivai a nossa esperança, enchei a medida da caridade que Vos devemos.

Completai a vossa obra no triunfo social da vossa santa Igreja… confundi os poderes que a oprimem: dispersai com o vosso sopro divino as hostes dos hipócritas, dos impuros inimigos que a assaltam com furor. Falai, ó Deus da luz, e retrocederão os filhos das trevas, dos erros, das perversas doutrinas; falai, ó Deus de amor, e será exaltado o vosso Vigário… E, consumada a vossa obra, dum o outro confim da terra, será aclamada a doce, irresistível onipotência do vosso Coração vencedor.

Senhor, consumai a vossa obra, aliviando os tormentos do terrível Purgatório… Piedade, ó Jesus! Abreviai as penas das almas que sofrem a sua justa expiação… daquelas, sobretudo, que nas suas chamas esperam o orvalho das minhas orações: parentes, benfeitores, amigos, a quem devo o refrigério dos meus sufrágios. Recordai-Vos dos meus saudosos mortos… Vós lhes arrebatastes… Sede bendito! Mas não os esqueçais… Dai-lhes a eterna paz!…

(Pedi o triunfo do Coração de Jesus na sua Igreja militante e no Purgatório).

(PAUSA)

VII. De trevas era vestida a natureza na HORA SANTA da primeira Sexta-feira Santa… Calaram os cânticos da Jerusalém celeste… O céu inteiro desceu, e de joelhos diante de Jesus Sacramentado, espera recolher a última palpitação do Coração do Homem Deus.

Almas crentes estão no cimo sacrossanto do Calvário. É a HORA SANTA: uma grande voz ressoa nas alturas, dizendo:

Pai, nas tuas mãos encomendo o meu Espírito.

E Jesus crucificado, inclinando a cabeça, morre de amor.

Viva o seu amante Coração que nos trouxe a vida!

(PAUSA)

As almas. — Ó Jesus, amor dos meus amores, aceitai das mãos de Maria Dolorosa a oferenda do meu ser todo inteiro, da minha vida… Eu não me pertenço. Senhor, sou vosso! E nesta doação, esquecendo-me de mim mesmo, consagro-me ao triunfo do vosso divino Coração. Aceitai-me, ó Jesus, e escutai a minha última oração.

(LENTAMENTE)

Quando os anjos do Santuário Vos bendisserem no Santíssimo Sacramento, e eu estiver em agonia… lembrai-Vos do pobre servo do vosso Coração!

Quando as almas justas da terra. Vos louvarem e chorarem lágrimas de amor, e eu estiver em agonia, os seus louvores e as suas lágrimas serão minhas… Lembrai-Vos do pródigo vencido pelo vosso Coração!…

Quando os vossos sacerdotes, as virgens do templo. Vos aclamarem Soberano, Vos pregarem às almas. Vos entronizarem entre os povos, e eu estiver em agonia, os seus ardores, e o seu zelo serão os meus… lembrai-Vos do apóstolo do vosso Coração!

Quando a vossa Igreja orar e gemer diante do Tabernáculo, para em união convosco, remir o mundo, e eu estiver em agonia, o seu sacrifício e a sua oração serão os meus… Lembrai-Vos do amigo do vosso Coração!

Quando na HORA SANTA as vossas almas prediletas, sofrendo e reparando, Vos fizerem esquecer os abandonos, os sacrilégios, as traições e eu estiver em agonia, os seus colóquios e os seus holocaustos serão os meus… Lembrai-Vos deste pobre altar e desta vítima do vosso Divino Coração!…

Quando a vossa divina Mãe Vos adorar na Eucaristia e reparar aí os crimes, sem conta, da terra, e eu estiver em agonia, as suas adorações serão as minhas… lembrai-Vos do filho do vosso Divino Coração!…

Oh! Sim, lembrai-Vos desta miserável criatura a quem tanto amastes! Lembrai-Vos de que lhe exigistes esquecer-se de si mesma por vosso amor… Mas não, Senhor… esquecei-me se quiserdes, contanto que me deixeis esquecido para sempre na chaga formosa do vosso Coração!

(PAUSA)

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós me não tenhais dado?… Despojai-me de tudo, dos vossos próprios dons, mas abismai-me nas chamas do vosso Coração adorado!

Que sei eu, que Vós me não tenhais ensinado? Esqueça eu toda a ciência da terra e da vida, mas conheça-Vos melhor a Vós, ó amável Coração!

Que valho eu, se não estou a vosso lado?

Que mereço eu, se não estou a Vós unido? Uni-me, pois, a Vós com um laço mais forte que a morte. Renuncio a todas as delícias do vosso amor em troca deste outro Paraíso do vosso terno Coração… Sepultai nele as culpas que cometi contra Vós… Castigai e vingai-Vos delas, ferindo mortalmente com dardos de acesa caridade a quem tanto Vos há ofendido. E se Vos hei negado, deixai-me reconhecer-Vos na Eucaristia onde viveis… se Vos hei ofendido, deixai-me servir-Vos em eterna escravidão de amor eterno… porque mais é morte que vida a que não se consome em amar e fazer amar o vosso esquecido, o vosso divino Coração.

Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o vosso Reino!

(Um Padre Nosso e Ave Maria pelas intenções íntimas dos presentes. Um Padre Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. Um Padre Nosso e Ave Maria pelo triunfo universal do Sagrado Coração de Jesus, especialmente por meio da Comunhão diária, HORA SANTA, e obra da Entronização do Sagrado Coração nas famílias).

CONSAGRAÇÃO DO GÊNERO HUMANO

(Prescrita por S. S. Pio XI)

Dulcíssimo Jesus, Redentor do gênero humano, lançai sobre nós, que humildemente estamos prostrados diante de vosso altar os vossos olhares. Nós somos e queremos ser vossos; e, a fim de podermos viver mais intimamente unidos a Vós, casa um de nós se consagra espontaneamente neste dia ao vosso sacratíssimo Coração. Muitos há que nunca Vos conheceram; muitos, desprezando os vossos mandamentos, Vos renegaram. Benigníssimo Jesus tende piedade duns e doutros e trazei-os todos ao vosso sagrado Coração. Senhor, sede rei não só dos fiéis que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos que vos abandonaram; fazei que estes tornem, quanto antes, à casa paterna, para não perecerem de miséria e de fome. Sede rei dos que vivem iludidos no erro, ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da Fé, a fim de que, em breve haja um só rebanho e um só pastor. Sede rei de todos aqueles que estão ainda sepultados nas trevas da idolatria e do islamismo, e não recuseis conduzi-los todos à luz do reino de Deus. Volvei, enfim, um olhar de misericórdia, aos filhos do que foi outrora vosso povo escolhido; desça também sobre eles, num batismo de redenção e de vida, aquele sangue que um dia sobre si invocaram. Senhor, conservai incólume a vossa Igreja e dai-lhe uma liberdade segura e sem peias; concedei ordem e paz a todos os povos; fazei que dum pólo a outro do mundo ressoe numa só voz: Louvado seja o Coração divino, que nos trouxe a salvação; honra e glória a ele por todos os séculos. Amem.

Coração divino de Jesus venha a nós o vosso reino (cinco vezes).