HORA SANTA – OUTUBRO – SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

Postado dia 01/10/2020

Esta é três vezes santa pela aproximação de Jesus Cristo às nossas pobres almas. A ferida sempre aberta do seu peito fala-Lhe da terra, e força-O docemente a escutar juntamente com os cânticos do céu, as súplicas e gemidos que sobem do exílio.

Ele aproxima-se agora do abismo do nosso nada, sedento de almas… Aproximemo-nos também nós do abismo do seu Coração, até nos perdermos nele.

Senhor Jesus, fazei-nos compreender o dom inefável do vosso Coração!

(Pedi-Lhe luz de Fé para O conhecer, caridade ardente para O amar e fazê-lo amado).

O Getsemani, o horto da agonia mortal do Mestre não desapareceu, mas perpetua-se em todos os Tabernáculos da terra. Está, portanto, aqui na Hóstia. Nela, Jesus agonizante, sente o desfalecimento duma angústia suprema e duma irreprimível caridade.

Triste até a morte nesse Tabernáculo, Ele deseja (oh! dulcíssima misericórdia!) encontrar uma reparação, descansar sobre o nosso peito, e confiar-nos aí todo o tesouro de carinho e ternura, que trasborda do seu adorável Coração…

A terra sobre a qual neste momento O adoramos, é terra santa!… Aqui está realmente Jesus, o Jovem encantador de Nazaré… Sim, aqui a dois passos está o amável moribundo de Getsemani… a Vítima adorável do Calvário.

Oh! Noite mais formosa que a aurora!…

À tua sombra de inefável paz, parecem aproximar-se deste altar, João, o discípulo amado, e Margarida Maria, para compartilharem conosco o segredo, que, ao repousarem sobre o seu Coração, lhes confiou o Prisioneiro divino…

(PAUSA)

(Declarai-Lhe, em doce intimidade, que O amais com toda a alma e com amor de reparação).

A sós com Jesus!… Que delícia!…

A sós com Ele para compartilhar da sua agonia.

Mas escutai: Lá fora ruge uma tempestade de ódio contra Cristo perseguido… O eco dos séculos repete mesmo à porta do seu cárcere, a blasfêmia horrenda do povo descida: “Fora! É réu de morte!… Crucifica-O!”

Que mal fez este Deus ensangüentado?

Almas piedosas, que desejais consolá-Lo, vede-O esta HORA SANTA, curvado ao peso da Cruz. Vem ferido na alma, percorrendo a sua vida dolorosa, que parece não ter fim… Vem sempre abraçado ao patíbulo. Ama-nos muito! Reparai: Chega angustiado, e a beleza do seu olhar está velada pela beleza das suas lágrimas… Chega exausto de sangue e transbordando de misericórdia o seu Coração!… Ele aí está Mistério inefável! Se compreendêssemos o dom desta aproximação de Jesus e a graça incomparável da sua presença consoladora no Tabernáculo!… Ei-Lo a um passo para nos abençoar. A sombra da sua mão nos toca…

(BREVE PAUSA)

E que procura? Uma trégua às suas dores… O amor de seus amigos!…

Venha, pois, repousar nesta HORA SANTA sobre o amor das nossas reparadoras.

Os anjos do Santuário escutam admirados uma harmonia triste e misteriosa; é o eco, não apagado dum divino lamento: o de Getsemani…; é o gemido salvador do Gólgota, que parece repercutir-se no Sacrifício incruento do Altar.

Do fundo do Tabernáculo os seus lábios, molhados no fel de todas as ingratidões, chamam-nos pelo nosso nome, com bênção de amor, a todos quantos nesta HORA SANTA viemos chorar com Ele os desconfortos do seu amor desprezado. É grande, imensa a dor que O atormenta; maior é, porém… o infinito amor que O tortura!

Que dignação esta do Salvador? Querer confiar-nos as suas tristezas!… Está ansioso por compensar com o nosso afeto a amargura que padece por causa de tantos, que cheios de seus favores, se chamaram discípulos seus, e depois O abandonaram!… Mais fiéis que Pedro, Tiago e João mo horto da agonia, escutemo-Lo nós, pois nos deseja falar desde a chaga do seu amantíssimo Coração!

(PAUSA MAIS LONGA)

(Pedi com fervor e humildade a graça de ouvir a voz do Senhor que implora e se queixa).

(LENTO)

Voz do Mestre. — Desde há muito, amada alma, Eu te esperava aqui, na Hóstia, para te contar o amor que me devora… Eu te abençôo por teres tido compaixão do teu Deus, prisioneiro, imerso em amarga soledade… Tinha sede de ti!… Por fim Eu venci-te… Dizes-Me tu mesmo, sim? Confessa que o meu Coração te venceu?

Dizes-Me que Me queres; que também tu tens sede devoradora do teu Deus!… Pó e nada, quantas vezes tens procurado o prazer e a alegria longe de teu Redentor!… E eu, pelo contrario, teu Deus, para te remir, deixei os anjos, deixei os céus, e depois de trinta e três anos de agonia, expirei num patíbulo. Quebraste um dia as minhas cadeias… e livre de meus braços pela culpa… Ah! Como pudeste amar tão triste liberdade? — Repara agora nas cadeias que Eu mesmo forjei sobre a terra para me prender ao teu coração ingrato!… E aqui Me deixo estar, prisioneiro do teu amor! Como Me tens pago tu?… Mas eu perdôo. De hoje em diante sê, em reparação inteiramente e eternamente meu.

Amado filho, contempla-Me atraiçoado e só; só e blasfemado; só e abandonado… Quanto magoa este esquecimento dos bons! Quanto aflige a covardia e indiferença daqueles que se dizem meus amigos!…

“Eis o Coração que tanto tem amado aos homens, e deles é tão mal correspondido!”

“Haverá dor semelhante à minha dor? A minha alma está triste até a morte!… Aproxima-te, pousa os lábios sobre a chaga do meu Lado; e, em reparação de amor, diz-me que me queres com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças… Dá-Me a tua alma, o teu conforto… Tenho sede da tua felicidade!…”

(LENTO)

“Toquei tantas vezes a tua consciência com a minha graça, e ficaste mudo!… Perdôo o teu desprezo e o teu silêncio…

Esperei à porta da tua alma semanas, meses, longos anos. Pedi-te que abrisses… e repeliste-Me… Lembras-te? Perdôo essa cruel deslealdade.

Rejeitado de toda a parte, mendiguei um conforto, e quis abrigar-Me no teu coração… Por humano respeito, por falta de abnegação ou por tibieza, negaste-Me… Lembras-te?… Esqueço essa perfídia…

Quando repartias o teu afeto com todos, pedi, para Mim uma parcela dele. Todas as criaturas chegam sempre a tempo… todas… Eu, alma querida porque só Eu chego sempre tarde? Porque Me feres? Quando e em que te contristei? Responde-Me!…”

(BREVE PAUSA. LEITURA CORTADA)

Tive fome de dar conforto aos enfermos e aflitos… Procurei refúgio onde mora a dor humana… Lá entrei quase a medo, por ser o Deus que consola todas as misérias… E eis-Me repelido com ignomínia de centenares de hospitais… da cabeceira dos velhos, do berço dos órfãos.

Que mal vos fez a minha consolação… e a minha ternura?

Ó vós, meus filhinhos, amai-Me em reparação de tanta crueldade.  Amai-Me muito: Sou Jesus!…

Tive sede dum amor sem mácula: o das flores da infância… procurei o afeto dos pequeninos… Ao descer o calvário de tanto abandono recordei os lírios da minha Nazaré inolvidável, quando também Eu era menino… Desse campo de lírios da escola, fui também despedido e afastado!… Escuta alma consoladora, vê como os que se chamam sábios do mundo Me renegam e amaldiçoam.

Que mal fiz aos vossos filhos?… Amai-me muito. Sou Jesus.

Desejei ardentemente fazer-vos felizes, dando-vos a verdadeira paz, que o mundo não dá; e pedi-vos Me aceitásseis, como um dos vossos, no íntimo do lar… Quis constituir-me e ser chamado Pai, Esposo adorado, Irmão inseparável… Aqui es esperando com doçura que alguém me abra, embora tarde, as suas portas, porque as do meu Coração não se cerram nunca: Sou Jesus, a paz e o amor das famílias!

Deixai, se quereis, na minha fronte o diadema de espinhos, deixai-Me ensangüentado e cruelíssimo; mas dai-Me, peço – vo-lo pela minha Mãe, dai-me hospitalidade na vossa casa, consenti que Eu reine no vosso lar! Amai-Me na família — sou a Vida — amai-me muito porque sou Jesus!…

(PAUSA OU CÂNTICO)

“E agora fala-Me tu, alma afortunada, fala com íntima confiança a este Deus que é todo caridade: eis-Me aqui manso e benigno: sou Jesus de Nazaré!… Que poderia negar-te nesta HORA SANTA, em que vieste partilhar os meus abandonos e as minhas agonias? Estou aqui para te dar o meu Coração, que tanto te há amado. Não posso conter as chamas de amor por ti… Chama-Me, e serei mil vezes teu… Fala-Me: sou teu Irmão. Adora-me: sou teu Deus. Consola-Me com todo o amor da tua alma: Eu sou Jesus!…

(PAUSA)

(Enquanto tantos bons dormem; enquanto outros infelizes pecam, Jesus continua a agonia mística do Tabernáculo: aproximemo-nos, e falemos com doce intimidade ao seu Coração que nos contempla).

Voz da alma. — Que tenho eu, que Vós me não hajais dado?

Que sei eu, que Vós me não hajais ensinado?

Que valho eu sem Vós?

Que mereço eu, se não estou convosco?

Perdoai-me as culpas que cometi contra Vós!

Criastes-me, sem eu o merecer!

Remistes-me, sem eu o pedir!

Muito mais em me remir!

Não sereis menos poderoso em me perdoar!

Pois se tanto sangue derramastes…

E tão acerba morte padecestes…

Não foi para os anjos que Vos louvam…

Mas para mim e para todos os pobres pecadores, que Vos ofendem…

Se Vos neguei, concedei-me que Vos reconheça…

Se Vos injuriei, deixai-me que Vos louve…

Se Vos ofendi, consenti-me que Vos sirva…

Pois antes morte do que vida é aquela que não se gasta no vosso serviço.

(BREVE PAUSA)

Como se está bem aqui, brandamente reclinado sobre o vosso Coração, que é o paraíso das almas! É este, só este, o lugar do meu repouso eterno… o Tabernáculo, onde escuto as vossas palavras de vida e as vossas súplicas de amor e sacrifício. Acabai já de sofrer, ó Mestre, e acolhei o hino da minha alma ansiosa de se confundir em um abraço eterno com a vossa… Jesus, meu Irmão, escutai a minha prece.

(LENTO)

Coração de Jesus, dulcíssimo com os pecadores, um pecador Vos fala…

Coração de Jesus, caminho dos extraviados; um pródigo Vos busca…

Coração de Jesus, amigo fidelíssimo do homem; um amigo ingrato está aqui a chorar…

Coração de Jesus, fortaleza nas contínuas vicissitudes da vida; uma alma combatida Vos invoca em seu socorro…

Coração de Jesus, fornalha de amor e de santidade; a minha alma suspira por se saciar em Vós de amor e santidade…

Coração de Jesus agonizante, esperança dos moribundos; lembrai-vos daqueles que nesta mesma hora lutam nas convulsões da morte! Tende compaixão dos agonizantes, salvai-os, segundo a vossa grande misericórdia!… Enviai-lhes o anjo de Getsemani e aproximai-lhes dos lábios, que já vos não podem chamar, o cálice do vosso Coração piedoso. Jesus, sede Jesus com os moribundos mais abandonados.

(PAUSA)

A vossa Mãe e a vossa cruz são testemunhas desta vossa palavra: “Eu vim buscar os enfermos e os pecadores… As ovelhas perdidas da casa de Israel”.

A Virgem Maria recolheu amorosamente, em benefício dos pecadores, as vossas lágrimas de sangue. Em união com Ela, boa misericordiosa, refúgio dois pecadores, Vos rogo para eles piedade, porque ofendendo-Vos, “não sabem o que fazem”. O mundo condena-os inexoravelmente, mas Vós que conheceis a fraqueza humana, e ledes no mais profundo das almas, Vós, Jesus, tende compaixão, usai da vossa longanimidade e do vosso perdão com eles, pelo vosso amável Coração. Peço-Vos em nome da vossa Eucaristia, pelos pecadores. Perdoai-lhes, ó Jesus, e desde já escrevei os seus nomes no livro da Vida!…

Divino Salvador das almas, coberto de confusão, me prostro na vossa presença, e com os olhos fitos no vosso solitário Tabernáculo sinto oprimido o meu coração ao ver o esquecimento em que Vos deixam tantos filhos vossos remidos.

Porém, como com tanta condescendência permitis que nesta HORA SANTA confunda as minhas lágrimas com as que derramou o vosso benigno Coração, peço-Vos, ó Jesus, por aqueles que não pedem… bendigo-vos por tantos que Vos maldizem, e com todo o ardor da minha alma Vos louvo e Vos adoro em todos os sacrários da terra… Aceitai, Senhor, o grito de expiação, que um pesar sincero arranca às nossas almas afligidas. Elas rogam-Vos piedade…

Para os meus pecados, para os de meus pais, irmãos e amigos.

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Piedade, ó Divino Coração!

Para as dificuldades e sacrilégios,

Piedade, ó Divino Coração!

Para as blasfêmias e profanações dos dias santos.

Piedade, ó Divino Coração!

Para a libertinagem e escândalos públicos,

Piedade, ó Divino Coração!

Para os corruptores das crianças e da juventude,

Piedade, ó Divino Coração!

Para a desobediência sistemática à Santa Igreja,

Piedade, ó Divino Coração!

Para os crimes dos lares, para as faltas dos pais e dos filhos,

Piedade, ó Divino Coração!

Para os atentados contra o Romano Pontífice,

Piedade, ó Divino Coração!

Para os perturbadores da ordem pública, social e cristã,

Piedade, ó Divino Coração!

Para o abuso dos Sacramentos e ultrajes ao santo Tabernáculo,

Piedade, ó Divino Coração!

Para os ataques e para a covardia da imprensa, para as maquinações tenebrosas das sociedades secretas,

Piedade, ó Divino Coração!

Finalmente, para os bons que vacila… para os pecadores obstinados que resistem à vossa graça,

Piedade, ó Divino Coração!

(PAUSA)

Não nos basta, Senhor, a vossa misericórdia… Os vossos interesses são igualmente os nossos! Queremos o vosso Reinado!… Pedimos-Vos, ó bom Jesus, que realizeis em nós as promessas que fizestes à vossa confidente, Margarida Maria, em benefício das almas que Vos adoram na ternura inefável, no amor incompreensível do vosso Sagrado Coração!

Por isso Vos pedimos com a vossa Santa Igreja, Vos suplicamos pela vossa Mãe Virgem, Vos exigimos pela honra inviolável do vosso nome, que estabeleçais que apresseis o Reinado do vosso amante Coração!

(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico).

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

1ª Apressai-Vos, ó Jesus, com o vosso Reinado, antes que Satanás e o mundo Vos roubem as consciências e os corações, e profanem na vossa ausência todos os estados da vida…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

2ª Adiantai-Vos, ó Jesus, e triunfai nos lares, reinai neles com a paz inalterável que prometestes às famílias que Vos receberam com Hosana de triunfo…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

3ª Não demoreis, Mestre adorado, porque muitas famílias sofrem aflições, que só Vós podeis remediar, como prometestes…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

4ª Vinde, porque sois forte, Vós o Deus das batalhas da vida. Vinde, mostrai-nos o vosso peito ferido, como celestial esperança na hora da morte…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

5ª Sede Vós o êxito prometido aos nossos trabalhos, Vós só a inspiração e a recompensa de todas as empresas…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

6ª Não esqueçais os vossos prediletos, quero dizer, os pecadores. Não esqueçais que para eles principalmente revelastes a ternura inextinguível do vosso amor…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

7ª Ah! São tantos os tíbios, Mestre Divino, tantos os indiferentes… Inflamai-os com esta admirável devoção!

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

8ª “Eis aqui a vida”,dissestes, mostrando-nos o vosso peito trespassado… Permiti, pois, que aí bebamos o fervor e a santidade, a que aspiramos…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

9ª A vossa imagem, a vosso pedido, tem sido entronizada em muitas casas… Em seu nome Vos suplico fiqueis nelas sempre, como Soberano muito amado…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

10ª Dai palavras de fogo, persuasão irresistível e dominadora àqueles sacerdotes que Vos amam e pregam a vossa cruzada de amor, como João, o apóstolo privilegiado…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

11ª A quantos ensinam esta devoção sublime, a quantos difundem as suas inefáveis maravilhas reservai, ó Jesus, uma fibra do vosso Coração, perto daquela, onde está gravado o nome de vossa Mãe.

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

12ª Enfim, Senhor Jesus, dai o Céu do vosso Coração a quantos aqui nesta HORA SANTA compartilhamos da vossa agonia. Por esta hora de conforto, pela comunhão das primeiras sextas-feiras, cumpri em nós as vossas promessas inefáveis: que à hora da nossa morte…

Venha a nós o Reinado do vosso amante Coração!

(Pedi-lhe que cumpra as suas promessas de vitória, que reine nas almas e na sociedade).

(PAUSA OU CÂNTICO)

No seio da minha infância há, ó bom Jesus, penas muito profundas e secretas…

Se Vós reinásseis entre os meus, com toda a intensidade do amor que mereceis, ah! Não haveria em minha casa tantas e tão amargas dores!… Vinde, oh! Vinde. Amigo de Betânia, pois na minha família há alguém enfermo, a quem Vós amais. Quando Vós estais, as penas são suaves, e ao pé de Vós os espinhos gotejam bálsamo de paz… Vinde, pois, e não tardeis. Amigo de Betânia!… Apressai-Vos, porque o meu lar está ferido pela ausência de seres amados: Pai, Mãe, irmãos… Todos crescemos juntos ao pé da Cruz; mas depois esta mesma Cruz; mas depois esta mesma Cruz, por vontade do Ceú, nos separou do ninho santo do lar…

Tende piedade desses queridos, ausentes, que trabalham longe da família, e — quem sabe? — longe dos vossos altares… Vinde depressa para o pé de nós, Jesus, doce Amigo de Betânia!

(Nomeia os membros queridos da família, os pródigos por quem vos interessais).

(BREVA PAUSA)

Mestre, Irmão, Amigo da alma, querido Jesus, compadecei-Vos também dos que morreram que voaram à eternidade em vosso seguimento!… Dormem em paz, porque Vos amaram, e porque sois infinito em caridade… Mas ao partir deixaram-nos sombras e tristezas na alma… Espinhos e uma campa no caminho. Eu bem sei, porém, que no vosso Coração amantíssimo não há separações?… Nele, onde está à vida, não reina a morte… Por isso eu peço a paz para as suas sepulturas. E a nós, que ficamos gemendo neste vale de lágrimas, concedei-nos a resignação que esforça o desapego da terra e o amor ao sofrimento, que nos uma inseparavelmente a Vós!…

(Nomeai os vossos caros defuntos).

(PAUSA)

Senhor Jesus, não fecheis a preciosa chaga do vosso Lado: quero ainda pedir especialmente pelos que sofrem, por aqueles, Senhor, que Vos buscam com olhos cansados de chorar, por tantos a quem a desventura, o luto, os desenganos, a pobreza, a enfermidade, as suas mesmas fraquezas feriram de morte…

Ó Nazareno amabilíssimo, Vós bem sabeis como são pungentes os abrolhos do caminho… Consolai, portanto, os atribulados… tende piedade dos que sofrem!…

(Pedi à coragem que consola nas tribulações).

De mim não Vos falei, porque me dei sem reserva ao vosso divino Coração. Vós, que tanto me amais, e sois o único que me compreende, não querereis de certo esquecer-me!… Ó Jesus, ouvi a minha última oração, sempre unida à agonia do vosso Coração sacramentado!… Inclinai-Vos, e atendei-me benigno!…

(LENTO)

Quando os anjos do vosso Santuário Vos bendisserem na Hóstia sacrossanta, e eu estiver em agonia… Os seus louvores serão os meus… Lembrai-Vos do pobre servo do vosso Coração!

Quando as almas justas da terra Vos louvarem abrasadas em amor… E eu estiver em agonia… Os seus louvores e lágrimas serão as minhas… Lembrai-Vos do pródigo resgatado pelo vosso Sagrado Coração!

Quando os vossos sacerdotes, as virgens do templo e os vossos apóstolos Vos aclamarem Soberano, Vos pregarem às almas e Vos entronizaram entre os povos… E eu estiver em agonia… O seu zelo e os seus ardores serão os meus… Lembrai-Vos do apóstolo do vosso Sagrado Coração!

Quando a Igreja orar e gemer diante do altar para remir convosco o mundo… E eu estiver em agonia… O seu sacrifício e a sua oração serão os meus… Lembrai-Vos do amigo do vosso Sagrado Coração!

Quando na HORA SANTA, as vossas almas prediletas, amando e reparando, Vos fizerem esquecer abandonos, sacrilégios e traições… E eu me encontrar em agonia… Os seus colóquios convosco e as suas consolações serão as minhas… Lembrai-Vos deste altar e desta vítima do vosso Sagrado Coração!

Quando a vossa divina Mãe Vos adorar na Santa Eucaristia, e reparar assim os delitos, sem número, da terra, e eu me encontrar em agonia… As suas adorações serão ainda as minhas… Lembrai-Vos do filho do vosso Sagrado Coração!

Oh! Sim, recordai-Vos desta criatura miserável que Vós amastes… Recordai-Vos de que lhe exigistes esquecer-se de si mesma por vosso amor!…

Mas não, Senhor! Esquecei-me, se quiserdes, contanto que me deixeis esquecido para sempre na formosa chaga do vosso amantíssimo Coração! Ah! E cuidai Senhor, do meu; desprendei-o de todo o afeto terreno! Velai por esta alma; encadeai-a deliciosamente ao vosso Tabernáculo, e alimentai nela, o fogo santo em que Vós ardeis!… Oh! Incendiai-me, ó Jesus, inflamai-me a vossa caridade, pois anelo amar-Vos com paixão, até a loucura, até ao delírio… Com amor mais forte que a morte!

(LENTO)

Que tenho eu, Senhor Jesus, que me não hajais dado? Tirai-me tudo, até os vossos mesmos dons, mas abismai-me na fornalha do vosso ardente Coração.

Que sei eu, que Vós me não hajais ensinado? Esqueça eu toda a humana e terrena ciência… E em troca, conheça-Vos, melhor a Vós e ao vosso amável Coração!

Que valho ou que mereço eu, se não estou a Vós unido? Uni-me, pois, a Vós com um laço eterno. Renuncio a todas as delícias do vosso amor, contanto que possua perfeitamente este outro paraíso: o vosso divino Coração! Sepultai nele — Oh! Sim! — as culpas que tenho cometido contra Vós… e castigai e vingai-Vos de tudo, ferindo com um dardo de incendiada caridade quem tanto Vos há ofendido!

E se Vos hei ofendido, deixai-me servir-Vos numa eterna escravidão de amor, porque mais se deve chamar morte que vida a que se não consome em amar e fazer amar o vosso divino Coração tão esquecido e tão amante!…

Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o vosso Reino!

Um Padre Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes. Um Padre Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. Um Padre Nosso e Ave Maria pelo triunfo universal do Sagrado Coração de Jesus, especialmente pela Comunhão diária, HORA SANTA, e Entronização do Sagrado Coração nas famílias.