…E Divinas complacências – Dos escritos de Soror M. Consolata Betrone Religiosa Capuchinha

Postado dia 13/11/2018

O próprio Jesus se dignava, de tanto em tanto, manifestar-lhe o seu agrado por este esforço de manter-se em espírito e estado de infância espiritual. É inegável que Soror Consolata teve de Deus grandes dons e graças extraordinárias. Por quê? Dava-lhe a resposta o mesmo Jesus. E essa resposta é de natureza capaz de dissipar as desconfianças que alguém pudesse conceber a respeito desta alma: como se, pelo fato de ela ter tido também os seus defeitos, não fosse já merecedora dos dons divinos. Isto procede do juízo errado que muitas vezes se faz destas graças grátis datae, ou carismas, como lhes chama S. Paulo. Ora, dizia-lhe Jesus, a 15 de dezembro de 1935:

Olha Consolata, as criaturas costumam medir a virtude de uma alma pelas graças que Eu lhe concedo e enganam-se: porque Eu sou livre de agir como quiser.

Por exemplo: é a tua virtude que merece as graças que te tenho concedido? — Pobre Consolata, tu não tens virtudes, não tens méritos, não tens nada. Pecados, sim, terias, mas esses já não existem, porque Eu os esqueci para sempre.

Ora, mas então, por que sobre ti, tantas e tantas graças? — Porque Eu sou livre de beneficiar a quem quiser. OS PEQUENINOS SÃO O MEU FRACO, eis tudo!… E ninguém pode tachar-me de injustiça, porque o Soberano é livre de beneficiar com largueza Real a quem quiser.

A 19 de março de 1935[1], Jesus fazia a Soror Consolata uma grande revelação sobre a santidade de S. José. Estupefata e comovida, a humilde Irmã dirige-se-Lhe assim: “Por que a mim, ó Jesus, me dizes estas coisas, a mim que nada posso fazer, e as escondes às grandes personagens que tanto fariam?” Resposta de Jesus: Aos pequeninos digo tudo!

Comprazia-se também Jesus em predizer a Soror Consolata muitas coisas respeitantes ao seu futuro apostolado, depois da morte. Confundida por tão grande favor divino, apresentou-lhe ela um dia respeitosa e mansa queixa, parecendo-lhe que Ele lhe dizia demais. Jesus respondeu (12 de dezembro de 1935):

Digo-te demais sobre o teu porvir?… Digo-te tudo?… Tens razão, mas que queres, quando o Coração transborda! E depois, tu és tão pequenina, que te contentas com escrever (porque Eu quero que escrevas tudo) e por isso posso dizer-te tudo.

Nunca reparaste que a mãe, acariciando o seu menino de colo, por vezes animando-o diz-lhe coisas que não diria a um filho mais crescido?… Que queres? O coração materno tem necessidade de expandir-se, de dizer aquele pequenino ser, que nada ainda compreende e apenas lhe sorri todos os projetos que a seu respeito acaricia. Dir-lhe-á tudo, mesmo tudo, como Eu faço contigo.

Mas repara: quando a criancinha começar a falar e lhe perguntarem: ‘Quem te fez este vestidinho tão lindo?’, ela, toda contente, responderá: ‘Foi a mãezinha!’, e sentir-se-á feliz com o vestidinho lindo e com ouvir os elogios.

Vês a diferença que há entre as almas grandes e as almas pequeninas? Estas gozam com as virtudes de que se sentem ornadas, “porque foi Deus quem as deu”; as outras almas escondem-nas com medo que a soberba as roube, porque tiveram trabalho para as conseguir.

Entendeste Consolata?… Ás almas pequeninas digo Eu tudo; elas não Me roubam nada, e, a Mim só, referem louvor, honra e glória!”

[1] O CORAÇÃO DE JESUS AO MUNDO. Dos escritos de Soror M. Consolata Betrone Religiosa Capuchinha. Pe. LOURENÇO SALES. Missionário da Consolata. P 23