24 de agosto de 1907 – Cura instantânea da saúde do Padre Mateo Crawley e inspiração de consagrar sua vida ao apostolado mundial da Entronização nas familias

Postado dia 23/08/2018

Vivat Cor Jesu Sacratissimum!

Adveniat regnum tuum!

 No dia 24 de agosto de 1907, o Padre Mateo recebeu a cura instantânea de sua saúde e a inspiração de dedicar sua vida a ser o maior apóstolo mundial da Entronização do Sagrado Coração de Jesus nas familias, assim vejamos:  

” Em 1907[1] o R. P. Mateo era enviado, pelos seus superiores, da América para a Europa, por motivo de saúde. Gravemente enfermo, ele foi ter a Paray-le-Monial não para solicitar um milagre de cura corporal, mas a graça de aumentar o seu amor pelo sagrado Coração de Jesus e morrer como um santo sacerdote.

No entanto, mal ajoelhou-se na capela das aparições e formulou a sua oração, sentiu-se perturbado em todo o seu ser… Ele está curado! O que sentiu então, não é possível descrever-se… Adivinha-se somente que naquele instante ele deve ter recebido no coração um outro ferimento, todo de amor desta vez.

Pois naquela mesma noite, enquanto ele rezava a Hora santa, recebia do sagrado Coração, juntamente com o nobre projeto de conquistar-lhe o mundo, família por família, todo o plano da ENTRONIZAÇÃO, tal como é praticada hoje no universo inteiro.

Religioso de uma congregação cujo objetivo é propagar a devoção dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, num espírito de amor, de reparação e de apostolado, a felicidade do P. Mateo sempre foi pregar o Sagrado Coração: pregar o amor, como ele diz tão bem. Ele vai, pois, a Roma para solicitar do Papa Pio X, então reinante, a permissão de começar o seu apostolado.

“Não, meu filho, respondeu-lhe o soberano Pontífice, depois de ter ouvido o seu relato e o seu pedido, não, eu não lho permito!

— Mas, santíssimo padre!…

— Não, eu não lho permito! — continua Pio X, com aquele sorriso cheio de uma certa malícia que lhe era pessoal; e abrindo os seus braços, ele acrescenta apertando-o sobre o seu coração: “EU LHO ORDENO”, está ouvindo? Não somente eu lho permito, como também eu lho ordeno: que dê a sua vida por essa obra de salvação social. É uma obra admirável, consagre-lhe toda a sua vida”.

Aprovada solenemente a sua missão pelo chefe supremo da Igreja, lança-se o P. Mateo como um novo São Paulo à conquista dos povos.

Apóstolo em toda a extensão da palavra, sem alforje, sem bolsa, sem outra força além da sua grande paixão e o seu total esquecimento de si mesmo, ele percorreu o mundo, subjugando as almas, abrasando-as com o fogo que o consumia, e isso com uma naturalidade, uma simplicidade, uma unção de que ninguém pode defender-se. Dizendo agora coisas muito simples, nada mais que o Evangelho, dizendo-as embora muito simplesmente, ele enleva por aquele não sei quê de divino que nele existe. O próprio Mestre fala e atua no seu apostolado; ao vê-lo, ao ouvi-lo, sente-se o que se deveria sentir outrora, a passagem do Salvador: fica-se preso, vencido, transformado… fica-se apóstolo também.

“Oh! Não invejo o meu anjo da guarda, gosta ele de repetir, nem todos os anjos juntos… eles não podem dizer a missa, PREGAR O AMOR, nem sofrer pelo Amor!”

Ele já foi visto, no fim de dias extraordinariamente sobrecarregados, consentir em pregar pela oitava vez, “para descansar”, dizia ele…

E acrescentava:

“Acaso existe um maior descanso que falar daquele que se ama?”

Se lhe observais que ele não poderá resistir por muito tempo a essa vida, que ele se matará assim, ele vos responde:

“Bem posso matar-me por aquele que se matou por mim”.

Assim, quer-se saber em resumo o trabalho executado?

Bastar-nos-á transcrever o parágrafo da brochura explicativa: “Ativamente propagada no Chile, no Peru, no Brasil, na Colômbia, no Panamá, na Bolívia, nos Estados Unidos, no México, na Venezuela, a entronização penetrava quase ao mesmo tempo na Espanha, na Bélgica, na França, na Holanda, na Itália, na Inglaterra, na Polônia, na Coréia, no Cairo, em Madagascar, no Gabon, no Congo, no Senegal, na Oceania e até nos meios dos leprosos de Molocaí, etc.

As bênçãos que acompanharam as missões do P. Mateo foram maravilhosas. Um bispo lhe escreveu:

“Rev. padre, o que vi não foi a ressurreição de um morto, mas a de um cemitério inteiro”.

Em 1914, ele foi mandado a Europa. Estava viajando quando a guerra explodiu… Voltar era impossível.

“O que fará ele na França? Pensaram os seus superiores; ele não poderá pregar… todo o mundo estará preocupado com a guerra, ninguém o ouvirá”.

Foi o contrário que aconteceu. A guerra abriu o caminho para o sagrado Coração pelas provações e lutos que espalhou… as famílias chamaram nosso Senhor como Consolador.

Mal chegado à Europa, no entanto, o R. padre vem a saber que S. S. Pio X acabara de falecer. Volta então a Roma, onde obtém uma audiência e a carta autografa de S. S. Bento XV; recebe ao mesmo tempo a ordem de pregar e organizar a obra em toda a Itália. Enfim quando de uma outra visita ao Vaticano, em 1916, Sua Santidade lhe pede para vir rezar uma missa na sua presença. Depois dessa missa, nova audiência durante a qual o Santo Padre repete-lhe várias vezes que é seu desejo ver essa cruzada pregada por toda parte e que ESSA OBRA É A SUA OBRA.

Apressemo-nos a dizer que os votos do soberano Pontífice já estão em parte realizados. Mau grado as oposições e as dificuldades inevitáveis em toda grande obra, a entronização se propaga cada vez mais.

Por essa ocasião o R. padre visitou, várias vezes, quase todas as diocese da França. Percorreu a Espanha e a Itália; visitou a Holanda, a Suíça, a Bélgica, o Grã Ducado de Luxemburgo, a Inglaterra, a Irlanda, a Escócia, Portugal. Por toda parte os fatos mais extraordinários, as conversões mais esplêndidas vêm provar que o selo divino está sobre essa missão… que ela é a nova Pentecostes chamada a renovar a face do mundo.

Eis em poucas palavras a origem divina de uma obra toda divina: divina no seu princípio, pois corresponde a um pedido muito explícito de nosso Senhor; divina nos seus efeitos, pela transformação sobrenatural que produz.”

 

 

[1] BOEVEY , P. MATEO CRAWLEY. JESUS REI DE AMOR. DA CONGREGAÇÃO DOS SAGRADOS CORAÇÕES (PICPUS),EDITORA VOZES LTDA,PETRÓPOLIS — EST. DO RIO, 2ª EDIÇÃO