Ainda existem cristãos neste mundo[1]. Alguns só de palavra, é verdade, outros, porém de convicção. Estes se preocupam em viver o Evangelho de Jesus Cristo, como princípio básico de construção das pessoas, da família e da sociedade.

Para construir as pessoas e a sociedade, o núcleo fundamental é a FAMÍLIA. Isso parece tão óbvio que não pensamos em propor argumentos, mas queremos insistir nesta idéia, para firmar a convicção e para que o trabalho de pastoral familiar se torne mais ardoroso e, assim, mais eficaz.

A família é de tal modo uma instituição natural, que não se pode hesitar em dizer que FAMÍLIA faz parte do plano de Deus. O ser humano é gerado por um pai e uma mãe. A sua vida e o seu equilíbrio de pessoa exigem, junto a ele, uma presença contínua de pai e mãe. O amor espontâneo que nasce da convivência dos esposos, o amor ao Filho, a sua carência total durante tantos anos, o próprio sentido do amor humano, exigindo uma estabilidade essencial, são dados em favor desta tese.

De outro lado, a sociedade se forma por estes núcleos familiares, que deveriam nela existir, naturalmente, como células em um corpo vivo, influindo beneficamente para o crescimento e para a saúde do todo.

É verdade que a família nem sempre soube corresponder à sua responsabilidade de preparar as pessoas, para a sociedade e o convívio humano. A tecnologia abriu campo para a comunicação social nos moldes que conhecemos, e a pressão social tomou formas gigantescas; a tarefa da família-educadora ficou muito mais difícil, e a família passou a ser vítima da sociedade e não construtora como devia ser.

Diante deste fato, um trabalho eficiente de pastoral e de evangelização dos homens não poderá limitar-se somente à família, mas deve passar por ela. Quer dizer que o trabalho de pastoral pela família não se tornou inútil e ineficaz. A família continua sendo objeto e sujeito da evangelização, como o reconhecem os Bispos da América Latina, reunidos em Puebla.

Para esta Pastoral eficaz devemos, em primeiro lugar, conhecer devidamente a família, na sua realidade concreta, com todos os seus problemas. Devemos avaliar devidamente as forças positivas e negativas, que a envolvem, por dentro e por fora. E assim descobrir pistas e fazer um planejamento, com esperanças de um trabalho frutífero.

Sentimos as dificuldades e ameaças. Todos nós, os pais, os padres, os educadores, os adultos e os jovens, atentos aos problemas humanos, precisaram ver claro, analisar profundamente as realidades que nos cercam, para saber onde estamos e aonde vamos.

O “onde estamos” depende de uma história anterior que não está mais ao nosso alcance mudar. O “aonde vamos” está em nossas mãos, depende de nós. Mas a tarefa é tão ingente, tão superior aos indivíduos, que devemos entender o “nós”, não como um grupinho de gente boa vontade, mas como a união de  toda gente, colocando nisso toda a fé e toda a vida.

A tarefa é multiplicar ao infinito as células sadias para dar saúde ao corpo, isto é, multiplicar ao infinito os núcleos familiares verdadeiramente cristãos e abertos para a Comunidade, que assumam, conscientemente e com responsabilidade, a missão de construir um mundo fundado no Amor. A melhor expressão deste amor é o Coração de Jesus: lugar de encontro entre o amor de Deus e do homem, apelo divino para um amor perfeitamente humano, de inspiração divina, entre seres humanos.

Um trabalho já existente, com este objetivo, é a ENTRONIZAÇÃO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS NOS LARES, que desejamos agora renovar. A finalidade da Entronização, como sua força transformadora, é sempre atual como todo o Evangelho, e atende às exigências de espiritualidade da família e das pessoas, em qualquer lugar e em qualquer época.

Este livreto quer ser uma luz na renovação desta pastoral familiar. Deve ser lido e assimilado em seu conteúdo por aqueles que desejam entronizar o Sagrado Coração de Jesus em seu lar e, especialmente, por aqueles que vêem neste apostolado um recurso de valor profundamente pedagógico para a evangelização da família e da sociedade.

No Coração da Família estará o Coração de Jesus. Ela será uma célula sadia para construir uma sociedade sadia. A estratégia é conquistar família por família e criar união entre elas, para serem ativas no mundo em que vivem e se ajudarem mutuamente, numa dimensão cada vez mais ampla, de modo a atingir cada vez maior número de famílias. É uma tarefa possível e segue perfeitamente o processo evangélico da implantação do Reino de Deus: é como uma pequena semente que se torna árvore frondosa; é como o fermento, que leveda toda a  massa, atuando de maneira lenta e oculta, mas  constante e eficaz.

Não creia que exista outra opção para você e sua família.

Sem o Cristo e o seu Evangelho de Amor, o caminho é da instabilidade, do desespero e da perdição.

Com Cristo e o seu Evangelho de Amor, o caminho é de paz e segurança, de alegria e esperança.

“Em todos os países têm surgido iniciativas dignas de nota, orientadas, a fortalecer os valores e a espiritualidade da família como Igreja doméstica, numa participação e compromisso como a Igreja particular. Nisso tudo revela-se o fruto da ação silenciosa e constante dos movimentos cristãos em prol da família.” – Puebla nº580

[1]   GONÇALVES,PE. OSVALDO.   O CORAÇÃO DE JESUS NO CORAÇÃO DA FAMÍLIA. 1º EDIÇÃO 1985.PROMOÇÃO DA FAMÍLIA EDITORA.