SEGUNDA HORA SANTA – Padre Mateo, SS.CC.

Postado dia 25/08/2017

L— Ditosa solidão do sacrário… Como a alma descansa bem assim, entre as sombras do santuário, aos pés de Jesus Cristo, que é a luz!

Deixemos, ao menos por um momento, o mundo de vaidades e falsidades, e aproximemo-nos do paraíso delicioso do Sagrado Coração de Jesus… Está aqui e nos chama… Peçamos-lhe, com confiança, que feche os olhos a todas as nossas culpas e que nos abra, nesta Hora Santa, a chaga do lado, que salva os pecadores, onde santifica os bons e mitiga as amarguras da vida e os horrores da morte…

 

(PAUSA)

 

C— Roguemos a ele que aceite esta Hora Santa como a prece de todos os nossos lares.

 

(LENTO)

 

L— O céu interrompeu seu cântico de glória, estremeceram os anjos de emoção, ao verem Jesus chorar por amor do homem!… Maria guardou este pranto nesta hóstia para nós os amigos, os fiéis que agora o adoramos… Oh! se cada lágrima de Jesus tivesse sido a arrebatadora de uma alma… se cada gemido seu tivesse conquistado para sempre uma família! Mas ainda é tempo para dar-lhe a posse desta terra ingrata que ele veio redimir… A Hora Santa precipitará seu triunfo.

C— Façamos, pois, violência ao Coração abandonado do Mestre, para que apresse o seu reinado no triunfo decisivo de seu amor… Falemos-lhe sem mais demora e com toda a alma.

L— Jesus amado, atraídos a ti por teus clamores, compadecidos de tua solidão e sedentos do advento de teu reino, eis-nos aqui, ó Divino agonizante de Getsêmani! Tristes com a tua mortal tristeza, esquecidos deste mundo que te esquece, aqui nos tens pobres de fé, enfermos de espíritos, inquietos pela vida, decepcionados da terra sofredores e por terra… aqui nos tens reclamando a nossa parte de agonia e de dor na agonia e dor de teu doce Coração!…

Abre-nos, nesta Hora Santa, a tua ferida preciosíssima, a fim de depositarmos nela uma esperança e um consolo que te aliviem… Ah! E amanhã com a tua graça te daremos uma glória imensa, no triunfo comunitário de teu Sagrado Coração… Apressa-te, Senhor, e reina, enquanto recordamos a tua agonia crudelíssima do horto!…

C— Meditemos a solidão e as angústias de Jesus no Getsêmani e no sacrário.

L— Almas, piedosas, penetremos em espírito naquele jardim tão cheio de pérfidas sombras para Jesus Cristo. Ah! Que convicção de fé tão consoladora nos alenta e nos ilumina. Aquele que está na hóstia, mudo, silencioso, mas sempre agonizante e redentor, é o mesmo Nazareno que desfaleceu entre as oliveiras, ao peso de angústias infinitas… Vamos surpreendê-lo em sua agonia eucaristia, pois temos mais direito que os anjos.

Vê, está moribundo e sempre sozinho…

Seus inimigos tramam um complô… Os indiferentes nutrem preocupações terrenas e dizem que não têm nem amor nem tempo para o pobre Jesus Cristo… Os amigos, os apóstolos de predileção, com raríssimas exceções, estão cansados do combate, e muitos dormem, enquanto o mestre aguarda desamparado e triste, a morte e a traição. Não assim nós que cremos que estamos nesta hora participando da amargura de sua solidão… Confortemos com um cântico, cuja suavidade lhe faça esquecer a ingratidão do homem.

 

(CANTO)

 

C— Façamos uma solene ação de graças, e todos de joelhos, bendigamos o Senhor pela inesgotável generosidade de seu amor menosprezado.

L— Por nos ter prevenido com o dom gratuito e inapreciável da fé.

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Pelo tesouro da graça e pela virtude da esperança naquele céu que é o termo das dores desta vida.

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Pela arca salvadora de tua Igreja perseguida e sempre vencedora.

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Pela piedade incompreensível com que perdoas toda culpa, nos sacramentos do batismo e da santa confissão.

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Pelas ternuras que prodigalizas às almas dolorosas que sofrendo te bendizem em suas pernas e na cruz.

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Pelos santos ardis de tua caridade na conversão maravilhosa dos mais empedernidos pecadores.

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Pelos benefícios da paz ou da provação, da enfermidade ou da saúde, da fortuna ou da pobreza, com que sabes resgatar tantas almas…

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Pelos singulares benefícios a tantos ingratos, mal-nascidos, que abusam da situação, do dinheiro e dos talentos, que só a ti, Jesus, eles devem…

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Pelo obséquio que nos fizeste, ao confiar-nos a honra e a custódia de tua Mãe, o Coração de Maria Imaculada…

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— Por tua eucaristia sacrossanta, por esse cativeiro e por essa tua companhia deliciosa, prometida até ao fim das idades.

TGraças infinitas a teu amável Coração.

L— E, enfim, por aquele inesperado paraíso que quiseste revelar-nos na pessoa de tua serva Margarida… pelo dom maravilhoso, incompreensível de teu Sagrado Coração…

TGraças infinitas a teu amável Coração.

 

(PAUSA)

 

C— Meditemos na prisão de Jesus Cristo, na quinta-feira santa, continuada na sagrada eucaristia.

L— Quem já pensou alguma vez nesta frase, insondável no mistério de caridade que esconde: “Jesus prisioneiro, Jesus encarcerado por amor no sacrário”? Pensemos em Jesus através dessa grade, atrás daquelas paredes do tabernáculo, ele está prisioneiro, vencido pelo próprio Coração… Assim, faz vinte séculos, na quinta-feira santa, à noite, deixou-se levar manietado, do jardim da agonia à prisão em que o lançou o juiz iníquo… E esta noite afrontosa, horrenda, na solidão e desamparo do Mestre, e longe, muito longe de todos os que ele amava, prolonga-se em todos os sacrários da terra…

A blasfêmia, a negação, a indiferença, a impureza, a soberba, o sacrilégio… Todo esse clamor de morte de Deus, toda essa torrente de lama e de ignomínia têm o triste privilégio de chegar até seus pés, de subir até seu rosto e profaná-lo como o beijo do traidor… E Jesus não se retira não se afasta!… É o cativo amor, seu Coração o atraiçoou! Está aí, envolto no ultraje humano… Está aí, sentado no banco dos réus… tem um grande delito:  ter amado o homem com paixão de Deus!… Vede-o, é assim que o homem dá a paga… com esquecimento e solidão!

L— Ó amabilíssimo cativo, prende também estas almas que querem participar de tua prisão… te pedem que ela, como a tua, seja eterna… e te suplicam que lhes dês por cárcere, na vida e na morte, o abismo insondável de teu Coração ferido.

T— Sim, lança-nos todos nele, como reféns pelos grandes pecadores, por aqueles que renegam teu altar e blasfemam da cruz… Queremos que se salvem para a glória de teu nome… Redime-os totalmente, Jesus sacramentado, totalmente, deste gólgota em que vives perdoando-lhes as ofensas!…

L— Divino Salvador das almas, coberto de confusão me prostro em tua presença e voltando os olhos ao tabernáculo solitário, sinto o coração oprimido, ao ver o esquecimento em que tantos dos remidos te têm relegado… Mas, já que com tanta condescendência permites que, nesta Hora Santa, una as minhas lágrimas às que teu humilde Coração verteu, rogo-te, Jesus, por aqueles que não rezam, louvo-te pelos que te amaldiçoam e com todo o ardor de minha alma te bendigo e adoro com esta grande oração, em todos os sacrários da terra. Aceita, Senhor, o clamor de expiação que um sincero pesar arranca de nossas almas aflitas: elas te pedem piedade. Por meus pecados, pelos meus pais, irmãos e amigos…

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pelas infidelidades e sacrilégios.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pelas blasfêmias e profanações dos dias santos.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pela libertinagem e escândalos públicos.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pelos corruptores da infância e da juventude.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pelos crimes dos lares, pelas faltas dos pais e dos filhos.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pela desobediência sistemática à Santa Igreja.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pelos atentados cometidos contra o romano Pontífice.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pelos subversores da ordem pública, social cristã.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pelo abuso dos sacramentos e ultraje a teu santo tabernáculo.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— Pela covardia da imprensa e seus ataques, pelas maquinações das seitas tenebrosas.

T— Piedade, ó Divino Coração!

L— E, por fim, Jesus, pelos bons que vacilam, pelos pecadores que resistem à graça…

T— Piedade, ó Divino Coração!

 

(CANTO)

 

C— Meditemos na condenação de Jesus e em sua ignomínia, ao ser tratado como louco: mistérios de caridade e de dor que se perpetuam no Sacramento do altar.

L— Ficamos um pouco calados e se fez silêncio no fundo deste pobre tabernáculo… E o mundo continuou e continuará condenando em seu clamor de culpa ao prisioneiro do altar… e se consente em libertá-lo, é só para exibi-lo como louco, para levá-lo depois ao deserto do esquecimento humano… e daí à morte afrontosa de uma cruz… Mas ouçamos a voz de Jesus, exposto ali onde o vemos, como quando Pilatos o apresentou ao povo enfurecido: o Homem-Deus quer queixar-se docemente a nós, seus amigos; vamos escutá-lo como crentes fervorosos, como o fez são João nas pulsações angustiosas de seu Coração despedaçado.

Fala-nos, Mestre!

J— Alma tão querida olha a minha fronte, marcada com a sentença de morte, fulminada por uma de minhas próprias criaturas… Meu amor é infinito… o teu foi pobre… também tu me deste a sentença.

Vê minhas mãos atadas por aqueles que pedem vergonhosa liberdade… Não tiveste, às vezes, as tuas horas de licença e de pecado? Também tu forjaste as minhas cadeias…

Vê-me coberto com o manto branco de insensato. Amei tanto que o mundo me condena como louco… eu fui louco de amor em meu calvário. Eu o sou na hóstia do altar… Não te envergonhaste jamais da loucura redentora de Jesus? Não me feriste também tu com respeito humano?

Vê-me ultrajado, porque quis dar a paz ao mundo… Vê-me desamparado…Sou a vergonha dos sábios… sou o refugo dos grandes… sou o escárnio dos povos… sou o réu dos governantes… mas, para todos, quando choram seu pecado, para todos sou Jesus!…

Dize-me: e tu não foste infiel, não me feriste nunca?… Não me abandonaste em minha paixão?… Responde-me. Quero dar-te nesta Hora Santa, o beijo da paz e do perdão… Responde-me!

L— Que tenho eu, ó Divino prisioneiro, que não me tenhas dado!

T— Que sei eu, que não me tenhas ensinado?

L— Que valho eu, se não estou a teu lado?

T— Que mereço eu, se a ti não estou unido?

L— Perdoa-me os erros que contra ti tenho cometido!

T— Pois me criaste, sem que eu o merecesse.

L— E me remiste, sem que a ti eu o pedisse.

T— Muito me fizeste em criar-me.

L— Muito em redimir-me.

T— E não serás menos poderoso em perdoar-me, pois o muito sangue que derramaste e a cruel morte que padeceste.

L— Não foi pelos anjos que te louvam, mas por mim e pelos pecadores que te ofendem.

T— Se te neguei, deixa-me reconhecer-te.

L— Se te injuriei, deixa-me louvar-te.

T— Se te ofendi, deixa-me servir-te.

L— Porque é mais morte que vida…

T— A vida que não é empregada em teu santo serviço…

 

(PAUSA)

 

C— Consideremos a solidão da sexta-feira santa prolongada em todos os sacrários.

L— Que sombrio deve ter sido no calvário e também no sepulcro o anoitecer de sexta-feira santa! Além, no monte, no Gólgota, as manchas de um sangue divino pisoteado… Mais abaixo, na sepultura, o silêncio e o frio da rocha e da morte… Tendes nesse altar o gólgota. Tendes o sepulcro no sacrário! Vamos contemplar e dizer se não é verdade que Jesus Cristo continua sendo a vítima do pecado do homem.

Lá fora Deus é blasfemado e negado. Estamos agora reparando esse ultraje, num momento de oração… mas, dentro de um instante, terminada a Hora Santa, fechadas as portas deste templo, Jesus ficará sozinho como os seus anjos, naquele sepulcro, esperando que a manhã lhe traga o eco de um clamor humano…

Se soubéssemos a vida de recordações, de oração permanente por nós, a vida de perpétua imolação do coração de Jesus Cristo nessa história!… Que ele mesmo no-lo diga:

J— Meus filhos, estou angustiado… estou ferido, venho chorando uma desventura imensa… venho com o Coração atravessado. Aqui me tendes afastado do leito de agonia de um pobre moribundo!… Rejeitou-se porque disse que é justo e que não precisa de mim… disse que morre tranqüilo, sem deixar que eu o abrace e lhe perdoe… Expirou sem olhar para a minha cruz, sem bendizer as minhas chagas… Morreu sem aceitar-me… E eu o amava tanto!… Redimira-o com meu sangue… e não teve para mim nem a derradeira pulsação nem o último olhar!

Vós, que me amais, consolai-me por causa desta ferida… suavizai-a, orando com fervor pelos pobres moribundos!…

C— Vamos rezar pelos agonizantes.

J— Aproximai-vos… Deixai-me sentir o calor do afeto de vossas almas fidelíssimas, porque “a minha está banhada pelo orvalho da noite”… Esperei, em vão, que um lar me desse o agasalho que se dá ao último e ao mais pobre dos peregrinos… Chamei… ofereci minha paz… Aqui me tendes… Regresso com a amargura da repulsa… Entretanto, quanto sofre essa família infeliz!… Não há felicidade nela… não há consolo nem aceitação… nem amor.

 

(CANTO)

 

J— Dai-me vosso amor, prestai-me o fervor de vossas orações, oferecei-me a oferenda de vossos sacrifícios, para vencer a obstinação dos que lutam contra a ternura de meu Coração, que os persegue sem descanso.

Contai os espinhos de minha coroa. Poderão dizer-vos o conforto e as flores de caridade, recusados pelas almas queridas de vosso próprio lar… por tantos seres muito amados por vossos corações e pelo meu…

Oremos juntos para que vença nelas a paciência e a misericórdia de meu Coração, que os espera aqui, na santa eucaristia. Tenho sede de me ver, nesta hóstia, rodeado dos pródigos vencidos, das ovelhas recuperadas, dos filhos convertidos pela doçura da advertência, por minhas lágrimas, pelas graças especiais concedidas nas primeiras sextas-feiras e aqui, na Hora Santa.

Que esperais? Pedi, sim, pedi com fé, pois este vosso Deus quer vingar seu cativeiro, fazendo a felicidade do mundo… Ide à ferida de meu peito, e meu Coração se abrirá de par em par… Pedi, pois. Quero ser Jesus… cumprindo em vós as minhas promessas!

 

(PAUSA)

 

L— Ó bom Jesus, absorto em tuas dores… confundido por tua solidão e tristezas, esqueci-me dos pedidos e das necessidades de minha pobre alma!… Adivinha as fraquezas de teu servo e cura minhas feridas mais secretas…

T— Meu lar também espera, nesta Hora Santa, a bênção de teu Coração agonizante.

L— Não suprimas nele, se assim for tua vontade, não esgotes o manancial de lágrimas de minha família atribulada, mas aproxima-te dos meus e ensina-os a aceitar amando, postos os olhos em teus olhos celestiais.

T— Que minha casa seja Nazaré e a Betânia de teu Coração, Senhor Jesus!

L— Mestre amabilíssimo, abençoai daqui desta hóstia os tesouros do lar arrebatados pela morte. Abençoa os nossos mortos e dá-lhes logo o descanso eterno de teu céu… Sofremos com essas ausências, porém, ao ver-te agonizar por nosso amor, dissemos resignados:

T— “Faça-se a tua vontade!” Não te esqueças deles e lembra-te também daqueles que vivem no mundo inteiramente órfãos de carinho… de tantos que a terra menospreza em sua soberba e que padecem fome de amor e justiça! Sabes como fere aquele desdém dos irmãos… Rogamos que tenhas piedade deles em tua grande misericórdia!

 

(PAUSA)

 

L— Teria que pedir-te muito mais em minha indigência, mas tudo isso irás remediar. Tu, que velas pelas flores e passarinhos… Quero que os derradeiros momentos desta Hora Santa expirem no esquecimento de mim mesmo e te levem apenas os meus anseios incontidos, minha aspiração apaixonada por teu triunfo no reinado de teu amoroso Coração. Sim, para nós que te amamos, teus interesses são os nossos… Queremos o teu reinado…

T— Pedimos, pois, Senhor, que cumpras a nosso respeito com as promessas que fizestes à tua confidente Margarida Maria, em benefício das almas que te adoram na formosura indizível, na ternura inefável, no amor incompreensível de teu Sagrado Coração!

L— Por isso te pedimos com a tua santa Igreja, te suplicamos pela Virgem, que estabeleças já, que apresses o reinado de teu amoroso Coração!

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— Logo, Jesus, sim, reúne logo, antes que Satanás e o mundo arrebatam de ti as consciências e profanem em tua ausência todos os estados da vida.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— Avança Jesus, e triunfa nos lares, reina neles pela paz inalterável, prometida às famílias que te tenham recebido com Hosanas.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— Não demores, mestre muito amado, porque muitos deles padecem aflições e amarguras que prometeste remediar.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— Vem, porque és forte, ó Deus das batalhas da vida, vem mostrando-nos teu peito ferido, como esperança celestial no transe da morte.

T— Venha a nós o reinado do teu amoroso Coração…

L— Sê o êxito prometido em nossos trabalhos, só tu a inspiração e recompensa em todas as empresas.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— E teus prediletos, quero dizer os pecadores, não te esqueças que para eles, sobretudo, revelaste as ternuras incansáveis de teu amor.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— Mestre, são tantos os tíbios, tantos os indiferentes a quem deves inflamar com esta admirável devoção!

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— Aqui está a vida, disseste, mostrando-nos teu peito atravessado… permite, pois, que aí bebamos o fervor, a santidade a que aspiramos.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— Tua imagem, a teu pedido, foi entronizada em muitas casas. Em nome delas te pedimos que continues sendo em todas o Soberano e o Amigo muito amado.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— Põe palavras de fogo, persuasão irresistível, vencedora, naqueles sacerdotes que te amam e que  te pregam como João, teu apóstolo preferido.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— E a quantos ensinem esta devoção sublime, a quantos publiquem suas inefáveis maravilhas, reserva-lhes, Jesus, uma fibra vizinha àquela em que tens gravado o nome de tua Mãe.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

L— E, por fim, Senhor Jesus, dá-nos o céu de teu Coração a quantos participamos de tua agonia, na Hora Santa. Por essa hora de consolo e pela comunhão das primeiras sextas-feiras, cumpre em nós tua promessa infalível… e vem assistir-nos no transe decisivo de nossa morte.

T— Venha a nós o reinado de teu amoroso Coração…

 

 

(CANTO)

L— Devemos separar-nos, Jesus, pois vai terminar a hora mil vezes doce e santa de tua inefável companhia… Vem oculto em minha alma ao meu lar, onde serás Esposo, Pai, Irmão, Amigo e Rei da família… E ao despedir-nos, deixo aqui diante de teu Coração sacramentado, o meu todo inteiro, no clamor de uma derradeira oração. Escuta-a, Jesus benigno!

L— Quando os anjos de teu santuário te bendisserem na hóstia sacrossanta… e eu me encontrar na agonia…

T— Seus louvores serão os meus, lembra-te do pobre servo de teu Divino Coração.

L— Quando as almas justas da terra te aclamarem inflamadas de amor… e eu me encontrar na agonia…

T— Seus louvores e as lágrimas deles serão as minhas… lembra-te do pródigo vencido por teu Divino Coração.

L— Quando os sacerdotes, as virgens do templo e teus apóstolos te aclamarem soberano, te pregarem às almas e te entronizarem nos povos… e eu me encontrar na agonia…

T— O zelo deles e os seus ardores serão os meus, lembra-te do apóstolo de teu Divino Coração.

L— Quando a tua Igreja orar e gemer diante do altar, para contigo resgatar o mundo e eu me encontrar na agonia…

T— O sacrifício e a oração deles serão os meus, lembra-te do fiel amigo de teu Divino Coração.

L— Quando na Hora Santa tuas almas prediletas, amando, sofrendo e reparando, te fizerem esquecer injustiças e traições… e eu me encontrar na agonia…

T— Seus colóquios contigo e seu consolo serão os meus, lembra-te deste altar e desta vítima de teu Divino Coração.

L— Quando tua Mãe divina te adorar na sagrada eucaristia e reparar ali os pecados sem conta da terra… e eu me encontrar na agonia…

T— As adorações dela serão as minhas… lembra-te do filho de teu Divino Coração.

L— Mas, não, Senhor, esquece-me, se quiseres, contanto que, em minha morte, me deixes esquecido para sempre na chaga venturosa de teu amável Coração.

 

(PAUSA)

 

L— Que tenho eu, Senhor Jesus, que não me tenhas dado?… Despoja-me de tudo, de teus próprios dons, mas abrasa-me na fogueira de teu ardente Coração!

T— Que sei eu que não me tenhas ensinado?… Esqueça eu a ciência da terra, mas te conheça melhor a ti, ó Divino Coração!

L— Que valho eu, se não estiver a teu lado? Que mereço eu, se a ti não estiver unido?

T— Une-me, pois, a ti com vínculo que seja eterno… Renuncio a todas as delícias de teu amor, contanto que possua perfeitamente este outro paraíso, o do teu terno Coração!

L— Sepulta nele os erros que contra ti tenha cometido… e castiga e vinga-te de todos eles, ferindo com dardo de inflamada caridade a quem tanto te ofendeu.

T— E se te neguei, deixa-me reconhecer-te na eucaristia em que vives…

L— Se te ofendi, deixa-me servir-te em eterna escravidão de amor eterno… porque é mais morte que vida a vida não se consumir em amar e fazer amar teu esquecido, teu amoroso, teu Divino Coração.

T— Venha a nós o teu reino!

C— Pai-nosso e ave-maria pelas intenções particulares dos presentes. Pai-nosso e ave-maria pelos agonizantes e pecadores. Pai-nosso e ave-maria para pedir o reinado do Sagrado Coração mediante a comunhão freqüente e diária, à Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino de Jesus, venha a nós o teu reino! (Cinco vezes).

 

ATO FINAL DE CONSAGRAÇÃO

 

Dulcíssimo Jesus, redentor do gênero humano, eis-nos prostrados humildemente diante de teu altar. Nós somos teus e teus queremos ser, e a fim de estar mais firmemente unidos a ti, hoje cada um de nós se consagra espontaneamente a teu Sagrado Coração.

Muitos, Senhor, nunca te conheceram. Muitos te desprezaram, ao transgredir os teus mandamentos. Jesus tem piedade de uns e de outros e atraí-os a teu santo Coração. Sê o rei, Senhor, não só dos fiéis que jamais se separaram de ti, mas também dos filhos pródigos que te abandonaram. Faze que voltem logo à casa paterna, para que não pereçam de miséria e de fome.

Sê o rei daqueles que o erro enganou e a discórdia desuniu. Traze-os ao porto da verdade e à unidade da fé, a fim de que em breve haja um só rebanho e um só pastor.

Sê o rei daqueles que ainda continuam envoltos nas trevas da idolatria. A todos digna-te atrair à luz de teu reino.

Volve, finalmente, um olhar de misericórdia aos filhos daquele povo que outrora foi teu predileto. Que também desça sobre eles, como batismo de redenção e vida, o sangue que um dia invocou sobre si. Concede Senhor, à tua Igreja incolumidade e liberdade segura, outorga a todos os povos a tranquilidade da paz que é fruto da justiça. Faze que de um a outro pólo da terra ressoe esta única aclamação:

Louvado seja o Divino Coração que nos trouxe a salvação. A ele honra e glória pelos séculos dos séculos! Amém.