Pequeno resumo dos pensamentos contidos no Tratado da Verdadeira Devoção

Postado dia 10/08/2015

TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM
(Pequeno resumo de pensamentos do Tratado retirados pela autora do site)

(MONTFORT, S. Luís Maria Grignion, Editora Vozes, 26º edição)

INTRODUÇÃO
Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio dela que Ele deve reinar no mundo.
Toda A sua vida Maria permaneceu oculta, por isso o Espirito Santo e a Igreja a chamam Alma Mater –Mãe escondida e secreta.

Esposa do Espírito Santo/Esposa fiel do Espírito Santo/Santuário, o repouso da Santíssima Trindade.

Ela deu-O ao mundo a primeira vez, e também, da segunda O fará resplandecer.

Em Maria e por Maria é que o Filho de Deus se fez homem para nossa salvação. Deus Espírito Santo formou Jesus Cristo em Maria, mas só depois de lhe ter pedido consentimento por intermédio de um dos primeiros ministros da corte celestial.

Jesus Cristo deu mais glória a Deus, submetendo-se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres. Oh! Quão altamente glorificamos a Deus, quando, para lhe agradar, nos submetemos a Maria, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo.

Foi ao humilde pedido de Maria, que ele, nas núpcias de Caná, mudou água em vinho, sendo este seu primeiro milagre sobre a natureza. Ele começou e continuou seus milagres por Maria os continuará até o fim dos séculos.

Eis por que, quanto mais, em uma alma, ele encontra Maria operante e poderoso se torna para produzir Jesus Cristo nessa alma, e essa alma em Jesus Cristo.

Deus Pai ajuntou todas as águas e denominou-se mar; reuniu todas as suas graças Deus tem um tesouro, um depósito riquíssimo, onde encerrou tudo que há de belo, brilhante, raro e precioso, até seu próprio Filho; e este tesouro imenso é Maria, que os anjos chamam o tesouro do Senhor.

É ela o canal misterioso, o aqueduto, pelo qual passam abundante e docemente suas misericórdias.

Deus Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel esposa, seus dons infalíveis, escolhendo-a para dispensadora de tudo que ele possui. Deste modo ela distribui seus dons e suas graças a quem quer quanto quer, como quer e quando quer, e dom nenhum é concedido aos homens, que não passe por suas mãos virginais.

E ele não resiste nunca às súplicas de sua Mãe, porque ela é sempre humilde e conformada à vontade divina.

Tesoureira de suas riquezas, dispensadora de suas graças, artífice de suas grandes maravilhas, reparadora do gênero humano, mediadora para os homens.

Como sua boa mãe vós lhes dareis a vida, os nutrireis, educareis; e, como sua soberana, os conduzireis, governareis e defendereis.

Se Jesus Cristo, o chefe dos homens, nasceu nela, os predestinados, que são os membros deste chefe, devem também nascer nela, por uma consequência necessária. Não há mãe que dê a luz a cabeça.

Deste modo, se qualquer fiel tem Jesus Cristo formado em seu coração, pode atrever-se a dizer: “Mil graças a Maria! Este Jesus que eu possuo é, com efeito, seu fruto, e sem ela eu jamais o teria”.

Todos os predestinados, para serem conformes à imagem do Filho de Deus, são, neste mundo, ocultos no seio da Santíssima Virgem, e aí guardados, alimentados, mantidos e engrandecidos por esta boa Mãe, até que ela os dê à glória, depois da morte, que é propriamente o dia de seu nascimento.

É vontade de Deus Espírito Santo que nela e por ela se formem eleitos.

Minha bem-amada e minha esposa, lança em meus eleitos as raízes de todas as virtudes, a fim de que eles cresçam de virtude em virtude e de graça em graça.

Reproduze-te, portanto, em meus eleitos. Que eu veja neles com complacência as raízes de tua fé invencível, de tua humildade profunda, de tua mortificação universal, de tua oração sublime, de tua caridade ardente, de tua finíssima esperança e de todas as tuas virtudes. És sempre a minha esposa tão fiel, tão pura e tão fecunda como nunca: que tua fé me dê fieis, que tua pureza me dê virgens, que tua fecundidade me dê eleitos e templos.

Única Virgem fecunda.

Maria produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha que existiu e existirá – um Deus-homem; e ela produzirá, por conseguinte, as coisas mais admiráveis que hão de existir nos últimos tempos.

Quando o Espírito Santo, seu esposo, a encontra numa alma, penetra-a com toda a plenitude, comunicando-se lhe abundantemente e na medida em que lhe concede sua esposa.

Nas almas estabelecer sua residência.

Implantar em seus corações as raízes de suas virtudes.

A graça é concedida também sobre seus filhos adotivos.

Rainha dos corações.

A devoção à Santíssima Virgem é necessária à salvação.

Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá àqueles que quer salvar.

É ainda mais para aqueles que são chamados a uma perfeição particular.

Só Maria achou graça diante de Deus (Lc 1,30) sem auxílio de qualquer outra criatura. E todos, depois dela, que acharam graça diante de Deus, acharam-na por intermédio dela e só por ela que acharão graça os que ainda virão.

A graça superabundou quando o Espírito Santo a cobriu com sua sombra inefável.

Ponto imenso e inconcebível de graça, de sorte que o Altíssimo a fez tesoureira de todos os seus bens, dispensadoras de suas graças.

Maria é em toda parte a verdadeira árvore que dá o fruto da vida, e a verdadeira mãe que o produz.

As almas mais ricas em graça e em virtudes serão as mais assíduas em rogar à Santíssima Virgem que lhes esteja presente, como seu perfeito modelo a imitar, e que as socorra com seu auxílio poderoso.

Estas grandes almas, cheias de graça e zelo, serão escolhidas em contraposição aos inimigos de Deus a borbulhar em todos os cantos, e elas serão especialmente devotas da Santíssima Virgem, esclarecidas por sua luz, alimentadas de seu leite conduzidas por seu espírito, sustentadas por seu braço e guardadas sob sua proteção, de tal modo que combaterão com uma das mãos e edificarão com a outra. Com a direita combaterão, derrubarão, esmagarão os hereges com suas heresias, os cismáticos com seus cismas, os idólatras com suas idolatrias, e os ímpios com suas piedades; e com a esquerda edificarão o templo do verdadeiro Salomão e a cidade mística de Deus, isto é, a Santíssima Virgem que os Santos Padres chamam de “o templo de Salomão” e “a cidade de Deus”. E isto lhes há de atrair inimigos sem conta, mas também vitórias inumeráveis e glória para o único Deus.

Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada.

Obra prima das mãos de Deus.

Aurora que precede e anuncia o Sol da justiça, Jesus Cristo.

Quem encontrar Maria encontrará a vida (cf. Prov 8,35), i é, Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida.

Maria deve ser, enfim, terrível para o demônio e seus sequazes como um exército em linha de batalha.

Clarividência para descobrir a malícia dessa velha serpente.

Pequena e humilde escrava de Deus.

O que Lúcifer perdeu por orgulho Maria ganhou por humildade.

Maria pela obediência.

Maria, por sua perfeita fidelidade a Deus, salvou consigo todos os seus filhos e servos e os consagrou.

Deus estabeleceu inimizades, antipatias e ódios secretos entre os verdadeiros filhos e escravos do demônio.

Ela descobrirá sempre sua malícia de serpente, desvendará suas tramas infernais, desfará seus conselhos diabólicos, e até ao fim dos tempos garantirá seus fieis servidores contra as garras de tão cruel inimigo.

Deus quer, finalmente, que sua Mãe Santíssima seja agora mais conhecida, mais amada, mais honrada, como jamais o foi.

Conhecerão as grandezas desta soberana e se consagrarão inteiramente a seu serviço, como súditos e escravos de amo. Experimentarão suas doçuras e bondades maternais e amá-la-ão ternamente como seus filhos estremecidos. Conhecerão as misericórdias de que ela é cheia e a necessidade que tem seu auxílio, e hão de recorrer a ela em todas as circunstâncias como à sua querida advogada e medianeira junto de Jesus Cristo.

Serão ministros do Senhor ardendo e chamas abrasadoras, que lançarão por toda a parte o fogo do divino amor.

Jesus Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, devem ser o fim último de todas as nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e enganosas.

Oração de Santo Agostinho: “Vós sois, ó Jesus, o Cristo, meu Pai santo, meu Deus misericordioso, meu Rei infinitamente grande; sois meu bom pastor, meu único mestre, meu auxílio cheio de bondade, meu bem-amado de uma beleza maravilhosa, meu pão vivo, meu sacerdote eterno, meu guia para a pátria, minha verdadeira luz, minha santa doçura, meu reto caminho, sapiência minha preclara, minha pura simplicidade, minha paz e concórdia; sois, enfim, toda a minha salvaguarda, minha herança preciosa, minha eterna salvação… Ó Jesus Cristo, amável Senhor, por que, em toda a minha vida, amei, por que desejei outra coisa senão vós? Ah! Que, pelo menos, a partir deste momento meu coração só deseje a vós se abrase, Senhor Jesus! Desejos de minha, correi, que já bastante tardastes; apressai-vos para o fim a que aspirais; procurai em verdade aquele que procurais. Ó Jesus anátema seja quem não vos ama. Aquele que não vos ama seja repleto de amarguras. Ó doce Jesus, sede o amor, as delícias, a admiração de todo o coração dignamente consagrado à vossa glória. Deus de meu coração e minha partilha, Jesus Cristo, que em vós meu coração desfalecera, e sede vós mesmo a minha vida. Acenda-se em minha alma a brasa ardente de vosso amor e se converta num incêndio todo divino, a arde para sempre no altar de meu coração; que inflame o íntimo do meu ser, e abrase o âmago de minha alma; para que no dia da minha morte eu apareça diante de vós inteiramente consumido em vosso amor. Amém.

Antes do batismo o demônio nos possuía como escravos, e o batismo nos transformou em escravos de Jesus Cristo e só devemos viver, trabalhar e morrer para produzir frutos para o homem-Deus. (Rom 7,4)

Criados em Jesus Cristo para boas ações.

Pela servidão, um homem se põe a serviço de outro por certo tempo, pela escravidão, um homem depende inteiramente de outro durante toda a vida.

Há três espécies de escravidão: por natureza, por constrangimento e por livre vontade. Por natureza, todas as criaturas são escravas de Deus: “Domini est terra et plenitudo eius” (Sl 23,1). Os demônios e os réprobos são escravos por constrangimento; e os justos e os santos o são por livre e espontânea vontade.

Mas um escravo dá integralmente a seu senhor, com tudo o que possui ou possa adquirir sem nenhuma exceção.

O exemplo do próprio Jesus Cristo, que, por nosso amor, tomou a forma de escravo: “Formam servi accipiens” (Filip 2,7), e da Santíssima Virgem, que se declarou a escrava do Senhor. (Lc. 1,38)

Digo que devemos pertencer a Jesus Cristo e servi-lo, não só como servos mercenários, mas como escravos amorosos, que, por efeito de um grande amor, se dedicam a servi-lo como escravos, pela honra exclusiva de lhe pertencer.

A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós e é o meio de que nos devemos servir para ir a ele.

Nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade que há em nós. Quando se despeja água limpa e clara em uma vasilha suja, que cheira mal, ou quando se põe vinho em uma pipa cujo interior está azedado por outro vinho que aí antes se depositara, a água límpida e o vinho bom adquirem facilmente e mau cheiro e o azedume dos recipientes.

Para despojar-nos de nós mesmos, é preciso que todos os dias morramos para nós, i. é, importa renunciarmos às operações das faculdades da alma e dos sentidos do corpo, precisamos ver como se não víssemos, ouvir como se não ouvíssemos, servir-nos coisas deste mundo como se não o fizéssemos.

“Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só, e não produz fruto apreciável.”

Será a nossa pureza suficiente para que nos perita unir-nos diretamente a ele, por nós mesmos?

Ela não é o sol, que, pela força de seus raios, nos poderia deslumbrar em nossa fraqueza, mas é bela e suave como a lua (Cant. 6,9), que recebe a luz do sol e a tempera para que possamos suportá-la.

Terceiro, a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é santa: leva uma alma a evitar o pecado e a imitar as virtudes da Santíssima Virgem, principalmente sua humildade profunda, sua contínua oração, sua obediência cega, sua fé viva, sua mortificação universal, sua pureza divina, sua caridade ardente, sua paciência heroica, sua doçura angélica e sua sabedoria divina.

É constante, firma uma alma no bem, e ajuda-a perseverar em suas práticas de devoção.

Porque ela merece ser servida, e Deus exclusivamente nela.

A verdadeira e sólida devoção à Santíssima Virgem.

Querida Mãe e soberana Senhora.

Atacarão até, e perseguirão aqueles e aquelas que o lerem e o puserem em prática.

Consagrar-se a ela de uma maneira especial e solene.

Aquele somente a quem o Espírito de Jesus Cristo revelar este segredo. Ele mesmo conduzirá a esse estado a alam fiel, fazendo-a progredi de virtude em virtude, de graça em graça e de luz em luz, para que ela chegue a transformar-se em Jesus Cristo, e atinja a plenitude de sua idade sobre a terra e de sua glória no céu.

Quanto mais uma alma se consagrar a Maria, mais consagrada estará a Jesus.

É preciso entregar-se ao espírito de Maria para ser por ele movido e conduzido como ela quiser. Cumpre colocar-se e permanecer entre suas mãos virginais como um instrumento nas mãos dum operário, como uma cítara nas mãos dum artista. Cumpre abandonar-se e perder-se nela, como uma pedra que se atira ao mar.