Dogma da Comunhão dos Santos

Postado dia 10/08/2015

Conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica o dogma da comunhão dos santos é o fundamento da doutrina sobre as indulgências e significa: “ A união dos que estão na terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo, de maneira alguma se interrompe, pelo contrário, segundo a fé perene da Igreja, vê-se fortalecida pela comunicação de bens espirituais[1]”. (955)
Neste mesmo sentido o Papa Paulo VI nos ensina que : “ Por insondável e gratuito mistério da divina disposição, acham-se os homens unidos entre si por uma relação sobrenatural. Esta faz com que o pecado de um prejudique também os outros, assim como a santidade de um traga benefícios aos outros. Assim se prestam os fiéis socorros mútuos para atingirem seu fim eterno. O testemunho desta união é evidente no próprio Adão, pois seu pecado passa a todos os homens por propagação hereditária. Mas o mais alto e mais perfeito princípio, o fundamento e modelo desta relação sobrenatural é o próprio Cristo, no qual Deus nos chamou a ser inseridos”.[2]
Neste sentido, ao estudar a vida de Santa Margarida Maria Alacoque, Jean Ladame, nos ensina que : “Todas as almas unidas a Cristo estão unidas entre si; todas nele comungam e se comunicam. Realiza-se um maravilhoso câmbio no amor de Deus. É a verdadeira fraternidade, em que cada qual está atento ao outro, partilha a pena dele e se rejubila com sua felicidade. Os estados, certamente são diferentes. Ao céu a beatitude. Ao purgatório, o sofrimento e a esperança. Aqui embaixo, a jornada na fé.”
Esta união inserida no dogma da comunhão dos santos é confirmada pelo Evangelho quando Jesus Cristo nos fala: “Eu sou a videira, vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto.”(Jo 15,5), bem como São Paulo nos diz : “Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um de sua parte é um de seus membros.”( 1 Cor 12, 27), o que nos confirma a unidade sobrenatural do corpo místico de Cristo.
Neste mesmo sentido o Papa Paulo VI continua: “existe certamente entre os fiéis já admitidos na pátria celeste, os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na terra, um laço de caridade e um amplo intercâmbio de todos os bens.”[3]
Desta forma, a Igreja nos ensina que podemos auxiliar nossos irmãos falecidos: ‘ Uma vez que os fiéis defuntos em vias de purificação também são membros da mesma comunhão dos santos, podemos ajuda-los obtendo para eles indulgências, para libertação das penas temporais devidas por seus pecados.” ( Catecismo, 1479)
No mesmo sentido, o Concilio Vaticano II nos ensina que: “A união dos viajadores com os irmãos adormecidos na paz de Cristo, longe de se romper, pelo contrário, se acha reforçada pela comunicação dos bens espirituais, conforme imutável crença recebida na Igreja.”[4]
Assim como inúmeros santos, Santa Margarida Maria Alacoque viveu intensamente a comunhão dos santos, pois conversava continuamente com os santos do céu, como Nossa Senhora, São Francisco de Sales, o Padre la Colombiere, São Francisco de Assis e outros, bem como recebia as súplicas das almas do purgatório, almas estas sofredoras, que estavam expiando suas faltas no Purgatório e que pela misericórdia de Deus vão pedir a Margarida Maria que sofra e reze por elas[5].
Isto acontecia com frequência, como exemplo um beneditino todo em fogo, que ardia de tal forma que a Margarida parecia estar se queimando e o qual pediu que ela sofresse por três meses tudo quanto pudesse fazer e oferecer, a causa de seus sofrimentos era ter preferido o interesse próprio à glória de Deus por demasiado apego à reputação e também por excessiva afeição natural às criaturas e inumeráveis testemunhos que deu disso nos entretenimentos espirituais [6].
Podemos salientar também o caso de uma religiosa em tormentos, que aparece em sonhos a Margarida Maria, pedindo para que ela reze por ela, oferecendo seus sofrimentos aos de Cristo e não a deixando mais sossegada clama à Santa : “ Estás aí bem à vontade. Olha para mim deitada nesse leito de chamas onde sofro males intoleráveis.[7]” , sendo a causa de seus sofrimentos sua preguiça e infidelidade à regra e a Deus.
A frequência das almas era tão grande que em 1683 Santa Margarida Maria escreve à madre Saumaise: “Nossa madre me deu para as almas do Purgatório a noite de quinta-feira santa, permitindo que a passasse diante do Santíssimo Sacramento, onde estive, parte do tempo rodeada dessas pobres almas sofredoras, com as quais contraí estreita amizade. Disse-me Nosso Senhor que me punha à disposição delas, neste ano, para lhes fazer todo bem que pudesse. Estão frequentemente comigo e as chamo de minhas amigas sofredoras. Existe uma que me faz sofrer muito e não posso aliviá-la quanto desejava.[8]”
Neste mesmo sentido, Nossa Senhora de Fátima em suas aparições aos três pastorinhos em 1917[9], pediu a Francisco, Jacinta e Lúcia que rezassem o terço todos os dias para obter a paz no mundo e o fim da guerra, afirmando o desejo de Deus de estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria.
Para tanto, Nossa Senhora de Fátima em uma de suas aparições levou os pastorinhos ao inferno e disse com bondade: “ Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para os salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI, começará outra pior……”.Enfim, Nossa Senhora profetiza que: “Por Fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará”[10].
Assim, continua Nossa Mãe do Céu: “Quando rezardes o Terço, dizei, depois de cada mistério: “Ó Meu Jesus, perdoai-nos , livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas todas para o Céu, e socorrei principalmente as que mais precisarem.[11]” Após esta visão, Jacinta, embora ainda criança, compreendeu no fundo da alma o espírito de mortificação e de penitência, exclamando sempre: “ O Inferno, o Inferno, que pena que eu tenho das almas que vão para o inferno! E as pessoas lá vivas, a arder como a lenha no fogo!”[12]. E assim, trêmula, ajoelhava-se e punha-se a rezar a oração então ensinada por Nossa Senhora.

[1] AQUINO, Prof. Felipe. O Purgatório. O que a Igreja ensina. Incluindo o Tratado do Purgatório de Santa Catarina de Genova. Editora Cleofas. P 56
[2] AQUINO, Prof. Felipe. O Purgatório. O que a Igreja ensina. Incluindo o Tratado do Purgatório de Santa Catarina de Genova. Editora Cleofas. P 57
[3] AQUINO, Prof. Felipe. O Purgatório. O que a Igreja ensina. Incluindo o Tratado do Purgatório de Santa Catarina de Genova. Editora Cleofas. P 58

[4]AQUINO, Prof. Felipe. O Purgatório. O que a Igreja ensina. Incluindo o Tratado do Purgatório de Santa Catarina de Genova. Editora Cleofas. P 59

[5] LADAME, Jean. Doutrina e Espiritualidade de Santa Margarida Maria. Edições Loyola – São Paulo, 1985. P 100.
[6] LADAME, Jean. Doutrina e Espiritualidade de Santa Margarida Maria. Edições Loyola – São Paulo, 1985. P104/105
[7] LADAME, Jean. Doutrina e Espiritualidade de Santa Margarida Maria. Edições Loyola – São Paulo, 1985. P 105
[8] LADAME, Jean. Doutrina e Espiritualidade de Santa Margarida Maria. Edições Loyola – São Paulo, 1985. P106
[9] Irmã Lúcia. O Segredo de Fátima. Edições Loyola – São Paulo, 1974. P 143/144
[10] Irmã Lúcia. O Segredo de Fátima. Edições Loyola – São Paulo, 1974. P 143/144
[11] Irmã Lúcia. O Segredo de Fátima. Edições Loyola – São Paulo, 1974. P 143/144
[12] Irmã Lúcia. O Segredo de Fátima. Edições Loyola – São Paulo, 1974. P 90