A Coroa de espinhos

Postado dia 16/03/2016

Coroa-ensanguentada

Uma coisa evidente é que Jesus reclama, para a Sua augusta cabeça, coroada de espinhos, um culto especial de veneração, de reparação e de amor.

A Coroa de espinhos para Ele causa de sofrimentos muito cruéis: «A minha coroa de espinhos faz-Me sofrer mais que todas as minhas outras Chagas, confidenciou Ele à Sua esposa, ela foi o meu mais cruel sofrimento depois do Jardim das Oliveiras. Para a aliviar, deveis observar bem a vossa Regra.»

Para a alma que é fiel até a imitação, ela é uma fonte de méritos: «Eis, diz-lhe, esta Cabeça que foi trespassada por teu amor, e pelos méritos da qual serás um dia coroada. Feliz da alma que a tiver contemplando bem, e que melhor ainda tenha praticado!… Eis onde está a vossa vida; caminhai por ai, simplesmente, e caminhareis em segurança.

Se contemplardes a minha coroa de espinhos na terra, sereis um dia a minha coroa de glória no Céu.

Por um instante que contemplardes esta coroa aqui na terra, dar-vos-ei uma na Eternidade… É ela, é a coroa de espinhos que vos obterá a glória.»

Ela é o presente especial que Jesus dá aos Seus privilegiados: «Dou a minha coroa de espinhos aos meus privilegiados. Ela é o bem específico das minhas esposas e das almas favorecidas. Ela é a alegria dos bem-aventurados, mas para os meus bem-amados da terra ela é um sofrimento. (Do lugar de cada espinho, a nossa Irmã via sair um raio de glória impossível de descrever). Os meus verdadeiros servidores procuram sofrer como Eu, mas nenhum pode alcançar o grau de sofrimento que Eu tive.»

Jesus solicita dessas almas a mais terna compaixão pela Sua Cabeça adorável. Ouçamos este grito do coração que dirige à Irmã Maria Marta, revelando-lhe a Sua Cabeça ensangüentada, toda trespassada, exprimindo um tal sofrimento que a pobrezinha não foi capaz de a transmitir em termos humanos: «Eis Aquele que tu procuras… vê em que estado está!.. Olha… arranca os espinhos da minha Cabeça, oferecendo ao meu Pai o mérito das minhas Chagas pelos pecadores… Vai à procura das almas.»

Vê-se bem, nestes apelos do Salvador – eco do eterno Sítio» – a preocupação das almas a salvar: «Vai à procura das almas!»

«Eis a tua palavra-de-ordem: O sofrimento para ti; as graças, que tens que ir buscar, para os outros. Uma só alma que faz as suas ações em união com os méritos da minha Santa Coroa ganha mais que a Comunidade inteira.»

A estes duros apelos o Mestre sabe juntar os encorajamentos que inflamam os corações e fazem aceitar todos os sacrifícios. Assim, em Outubro de 1867, apresenta-se diante dos olhos extasiados da nossa jovem Irmã, com esta coroa irradiando uma glória resplandecente: «A minha Coroa de espinhos iluminará o Céu e todos os Bem-aventurados! Na terra, há algumas almas privilegiadas a quem Eu a mostrarei, mas a terra é demasiado tenebrosa para a ver.»

O bom Mestre vai mais longe. Associa-a aos Seus triunfos, como aos, Seus sofrimentos… Faz-lhe entrever a glorificação futura. Aplicando-lhe, com vivas dores, esta Santa Coroa na cabeça; «Toma a minha Coroa, e nesse estado te contemplarão os meus Bem-aventurados».

Felicidade dos justos, a Santa Coroa é, pelo contrário, um objeto de terror para os maus. Foi o que a Irmã Maria Marta viu um dia, num quadro oferecido à sua contemplação por Aquele que gostava de a instruir, revelando-lhe os mistérios do Além.

Inteiramente iluminado pelos esplendores desta divina Coroa, surgiu diante dos seus olhos o Tribunal onde as almas são julgadas. Elas passavam continuamente diante do Soberano Juiz. As almas que tinham sido fiéis durante a vida, lançavam-se com confiança nos braços do Salvador. As outras, à vista da Santa Coroa, e recordando o amor de Nosso Senhor que tinham desprezado, precipitavam-se, aterradas, nos abismos eternos…

Tão impressionante foi esta visão que a pobre jovem, ao contá-la, tremia ainda de medo e de terror.